Cuidar de si mesmo neste sentido é coisa séria
Imagem: https://www.youtube.com/watch?v=m4TknDcsbPE
Assista complementarmente
a este produtivo vídeo focado na ‘síndrome do toque fantasma’
Tom Simões, jornalista, Santos (Brasil), outubro 2024
O autocuidado é a prática de cuidar de si mesmo, buscando suprir as necessidades do corpo e da mente. Trata-se de um conceito amplo e contínuo que envolve a atenção à saúde física e mental, e a preocupação com os diferentes aspectos da vida. Pois bem, o uso abusivo do celular fere diretamente esse princípio.
Na categoria das ‘parafernálias tecnológicas’, o celular é, sem sombra de dúvida, uma das mais celebradas invenções da humanidade. Tendo se tornado para muitas pessoas, além de objeto de consumo, objeto de desejo e de uso permanente, o smartphone pode gerar até mesmo certa ‘dependência emocional’.
Para os viciados, o celular é entendido como uma extensão do
seu corpo. Muitos deles sequer conseguem imaginar a própria vida sem a
conectividade que têm à mão. Pois saibam: é cada vez mais comum a chamada
‘nomofobia’, transtorno psicológico relativamente novo associado ao medo irracional
ou ansiedade de ficar sem o celular ou outros aparelhos eletrônicos.
Esse transtorno de dependência digital é reconhecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) no Código Internacional de Doenças (CID), desde
18 de junho de 2018. Trata-se de uma doença cada vez mais comum, que pouca
gente conhece. Quando alguém não consegue deixar o celular ou o computador,
cuidado, pode estar sofrendo de dependência do seu dispositivo eletrônico.
O transtorno surge quando a pessoa se sente impossibilitada de
se comunicar ou se vê incontactável, estando em algum lugar sem um celular ou qualquer
outro aparelho portátil com internet ou, quando presente, esses falham por
algum motivo.
A nomofobia tem cura? Não existe uma cura específica para
essa condição. Porém, existem algumas abordagens e estratégias para gerenciar e
superar a angustiada situação.
O uso excessivo do celular pode causar diversos sintomas,
tanto físicos quanto psicológicos, como: dor de cabeça, no pescoço, nos
ombros ou nas costas; fadiga ocular, problemas de postura e coluna e síndrome
do túnel do carpo - uma neuropatia compressiva que ocorre quando o nervo
mediano, responsável pela sensibilidade e movimento da mão, é comprimido ou
irritado, cujos principais sintomas são: formigamento nas mãos (principalmente
à noite), dor que se irradia dos dedos até o ombro, sensação de peso ou cansaço
no antebraço e sensação de sudorese nas mãos.
Para evitar dores nas mãos, pode-se alternar as duas mãos para
manusear o aparelho e usar os indicadores para digitar. Também é
importante dar um descanso para os tendões e as articulações.
Em termos psicológicos, o uso excessivo do celular pode causar dependência no mundo virtual, ficando-se refém de curtidas e comentários. Esse escape pode causar também estresse, depressão, tristeza, falta de sono, dificuldade de se relacionar com os outros e problemas de concentração.
O medo de ficar sem o celular pode causar sensações como suores,
tremores, tontura, dificuldade em respirar, náuseas, dor no peito e aceleração da
frequência cardíaca. São sintomas de dependência. Quando a pessoa está longe do
celular, pode sentir-se ansiosa, com a sensação de estar perdendo informações
importantes, ou entediada. Segundo estudo da Universidade do Missouri
(localizada em Columbia, nos Estados Unidos), essa ansiedade ou angústia podem
ser notadas pelo aumento considerável dos batimentos cardíacos e da pressão
sanguínea.
Prejuízo à qualidade do sono
Comprovada cientificamente várias vezes, a exposição à luz
azul das telas, especialmente à noite antes de dormir, pode interferir na
produção de melatonina, hormônio responsável pela regulação e qualidade do sono. Esse hábito não benéfico pode
resultar em distúrbios do sono e agitação noturna, afetando a qualidade e
quantidade de horas dormidas.
Ter boa noite de sono é crucial para manter o
organismo e a mente funcionando adequadamente. Dormir mal pode predispor o
corpo a doenças cardiometabólicas, bem como influenciar no controle glicêmico,
na liberação de hormônios importantes para o organismo, diminuir a concentração
e impactar negativamente na execução de tarefas que exigem desempenho
cognitivo. Atualmente, as chamadas doenças cardiometabólicas, que englobam,
entre outras, doenças como obesidade, hipertensão arterial e diabetes tipo 2,
são consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das
principais causas de morte no mundo.
Ao verificar e-mails, mensagens ou redes sociais ‘uma última
vez’ antes de dormir, abastecemos nosso cérebro com informações instigantes,
que dificultarão o processo de descanso do corpo, aumentando muito as chances
de mantê-lo em alerta por um tempo maior que o desejado.
Dessa forma, quem apresenta problemas de insônia, ou mesmo em
relação à qualidade ou ritmo do sono, precisa ficar atento se não está bombardeando
a si mesmo de informações em momentos que deveria estar relaxando para dormir.
Se a resposta for positiva, provavelmente será suficiente afastar-se do
telefone por cerca de uma hora antes de se deitar, e configurá-lo para filtrar
a luz azul ou ativar o modo avião durante a noite, a fim de evitar que a
claridade de cada notificação seja um obstáculo a mais para um sono tranquilo.
O constante foco nas telas pode levar ainda a desconfortos
oculares, fadiga visual e, em casos extremos, à síndrome do olho seco. De
acordo com estudos, o uso prolongado de telas pode estar ligado, inclusive, à
progressão de quadros de miopia.
A memória é outro fator que pode ser prejudicado pela
falta de sono. É comprovado cientificamente que ter um sono regular e adequado,
em termos de horas dormidas, é imprescindível para a consolidação de novas memórias
e aprendizado. Assim, a criação de hábitos saudáveis, antes de dormir, é uma
dica importante para preservar a qualidade do sono e conseguir descansar para o
dia seguinte.
Usar smartphones por menos de duas horas por dia
parece até benéfico para a saúde mental em comparação com o não uso, mas há
efeitos adversos após quatro horas de uso, orientam pesquisadores.
Já parou para pensar em quanto tempo se gasta diariamente na
rede social? É possível medir o tempo de uso dos aplicativos no Android,
responsável por gerenciar as atividades do aparelho, e descobrir, por exemplo, quantas
horas foram gastas com o celular durante um dia.
O tempo excessivo despendido diante das telas pode ser direcionado para atividades mais benéficas, como a prática de exercícios físicos, medida fundamental na luta contra o sedentarismo e prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas, realçando, portanto, a importância de se repensar os inconsequentes maus hábitos digitais.
Como numa academia de ginástica, por exemplo, cujo uso de aparelho celular pode ser bastante contraproducente. Usar celular durante o exercício prejudica o desempenho e rendimento do praticante. Um estudo publicado na revista Performance Enhancement & Health (Melhoria de Desempenho e Saúde) atestou que digitar mensagens durante o treino atrapalha o equilíbrio e a estabilidade em até 45%. É preciso ter foco. A distração com o celular pode ainda acarretar lesões, quedas e outros tipos de acidente. O fato é que os músculos necessitam de atenção total durante essa prática corporal.
A concentração na respiração ajuda a melhorar o foco e reduzir
o estresse. A respiração é um mecanismo vital para o corpo humano, mas na
maioria do tempo é processada automaticamente, de forma inconsciente. Portanto,
é preciso atenção no ato de inspirar e expirar, entendendo o ciclo da
respiração. É como meditar, livrando-se de outras distrações.
Fontes consultadas:
https://blog.sabin.com.br/autocuidado/tempo-de-tela-em-excesso-afeta-a-saude-fisica-e-mental/
https://greenlifeacademias.com.br/entenda-por-que-voce-deve-deixar-o-celular-de-lado-na-academia/
Excelente matéria Toninho,facil compreensão....é sério,preocupante as consequências do uso intenso dos aparelhos celulares e outros com tela.Parabéns!!!
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