Atender aos meus propósitos me enche de orgulho e respeito próprio. Quando o esforço basta, não importa se os resultados são bons ou ruins. É melhor quando fazer um bom trabalho é suficiente. Esta é minha condição atual, escrevendo com paixão.
Tom Simões, Santos (São Paulo, Brasil), jornalista, 27 de novembro de 2023
Vou pegar carona na obra que leio atualmente: “O Ego é seu Inimigo”, de Ryan Holiday. É interessante como a gente se surpreende com determinados trechos de obras, como se fossem escritos para nós, tal a identificação. É o caso!
Escrevo sem esperar retorno,
apenas considero meu trabalho como um dever sagrado. Tenho confiança no que
faço. Sobretudo por fazer o que é certo, acredito. Isso é suficiente.
“Quando alguém trabalha em um
projeto, seja um livro, um negócio ou qualquer outra coisa, em determinado
ponto o projeto deixará suas mãos e passará para o domínio do mundo”, cita Holiday. Ele será julgado, recebido e
manipulado por outras pessoas. Assim, deixará de estar sob nosso controle e,
portanto, não depende de nós. Não é possível controlar se o trabalho será
apreciado ou não.
Essa realidade se aplica a todos.
Então é preciso aceitar a barganha. Fazer a coisa certa é o bastante. Tudo o
que importa é o desejo de servir e cumprir o dever com dedicação. “Qualquer
adversário pode ser suportado, e possíveis compensações são consideradas
bônus”, escreve Ryan Holiday.
Para o autor, todos nós enfrentamos o mesmo desafio ao buscar nossas metas: devemos investir tempo e energia mesmo que o resultado não seja garantido. Com um bom propósito, estaremos dispostos a seguir em frente. Temos um controle mínimo sobre as recompensas do nosso trabalho e esforço – aprovação dos outros, reconhecimento, retribuições.
É melhor quando um bom trabalho é
suficiente; quanto menos nos preocupamos com os resultados, melhor. Esta é minha
condição atual, compartilhando ideias. Atender aos meus propósitos me enche de
orgulho e respeito próprio. Quando o esforço basta, não importa se os
resultados são bons ou ruins. Com o ego, isso não chega nem perto do ser o
suficiente - precisamos ser reconhecidos, precisamos ser recompensados.
É possível até mesmo a própria
família não se impressionar com seu trabalho. Pode ser que amigos mais próximos
não deem a mínima. Muitas pessoas podem não ter interesse pelos temas
abordados. Outras não terem o hábito da leitura. Mas é preciso prosseguir. Não
se pode deixar que a invisibilidade nos desanime. Portanto, é possível que
nossas expectativas não sejam atendidas.
Como então prosseguir, pergunta Holiday: “Como se orgulhar de si mesmo e
de seu trabalho? Mudando a definição de sucesso. O sucesso é a paz de espírito,
que é resultado direto da satisfação consigo mesmo por saber que se esforçou para
dar o melhor. Faça seu trabalho. E o faça bem. Então, relaxe e deixe que o possível
retorno aconteça naturalmente. Isso é tudo que é preciso”. Para o autor,
reconhecimento e recompensas são bônus. A rejeição é problema de quem rejeita,
não nosso.
A funcionária lá de casa dá o seu
melhor. É excelência no trabalho. Muito exigente consigo mesma. É natural dela.
O que vale é seu apropriado método de trabalho e a satisfação com que o realiza.
É o que ela sabe fazer, e bem! Nada de se apressar para sair mais cedo,
comprometendo o trabalho. Ao completar primorosamente as tarefas, vai embora orgulhosa
de si mesma, com a sensação agradável de estar se doando, sem perceber
conscientemente, trabalhando para um objetivo que dá sentido à sua vida. Ela se
sente útil, preenchida e valorizada. Seu esforço é suficiente, por se sentir
tão bem. Esse fato remete a Fernando
Pessoa, poeta português: “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo
que fazes”.
É por isso que não se pode deixar
que coisas externas determinem se algo vale ou não a pena. Cabe a cada um
decidir. “Afinal de contas, o mundo é indiferente ao que nós, humanos,
queremos. Se persistimos em querer, em ‘precisar’, estaremos apenas nos
condenando ao ressentimento, ou a algo ainda pior. Acreditar no nosso trabalho
é o que basta”, finaliza Ryan Holiday
– que, no capítulo da obra citada, vai ao encontro do que
penso sobre meu atual trabalho descompromissado de escrever, agora aposentado,
com mais liberdade – importa eu considerá-lo como uma missão capaz de
beneficiar minhas circunstâncias. O proporcional e saudável retorno de leitoras
e leitores dão conta disso.
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Oi Tom, você tem um e-mail ativo? Quero te escrever no privado...Pode ser? Se sim, responda por favor no: ninasalles02@gmail.com Um abraço (Obs) só depois que deixei este mesmo comentário no texto sobre velhice é que vi que tinha este mais recente. Reforçando...
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