terça-feira, 18 de outubro de 2022

O “HOMEM-MASSA” TRANSPARECE SUA MALEDICÊNCIA EM ÉPOCA DE ELEIÇÃO

Tom Simões, 18 de outubro de 2022

 

Em geral, ele não tem o hábito da leitura nem se interessa por análises jornalísticas com profundidade. O WhatsApp cai como uma luva para o homem-massa, sobretudo em época de eleição, pouco importando se o que lê tem veracidade, com a devida fonte. E quer saber mais? Tal pessoa acredita estar sempre muito atualizada com o noticiário e também deseja impor suas frágeis opiniões.

“O homem-massa odeia a tranquilidade, a meditação, o silêncio ou qualquer coisa que lhe dê possibilidade de penetrar nos recônditos da alma. Ele tem necessidade de ruídos, ajuntamentos, de ter o rádio ligado, mesmo que não esteja prestando atenção. Precisa de evasão. Necessita fugir de si mesmo”, admite Fulton Sheen, 1895-1979, bispo americano da Igreja Católica que se tornou um teólogo renomado.

A expressão ‘homem-massa’ é atribuída a José Ortega y Gasset, 1883-1955 (jornalista e ativista político, considerado o maior filósofo espanhol do século XX):

"[...] O homem-massa se considera no direito de ser vulgar. Não dá razão aos outros, mas se mostra decidido a dar sua opinião a todo instante e em qualquer lugar que se encontre. Impossibilitado de formar ideias concretas e razoáveis, apela para a violência como forma de solução.

O homem-massa se considera no direito de ser vulgar. Não dá razão aos outros, mas se mostra decidido a dar sua opinião a todo instante e em qualquer lugar que se encontre. Impossibilitado de formar ideias concretas e razoáveis, apela para a violência como forma de solução. É comum ouvir-se pronunciamentos como: ‘Se matássemos todos os gays, o problema da AIDS estaria resolvido’. Sobre o controle da natalidade, propõe esterilizar coercitivamente todas as mulheres pobres.

A massa é confusa em seus propósitos e não sabe agir criticamente, dependendo sempre de autoridades externas que lhe deem diretrizes, movidas pelo sentimento de ódio, maledicência, calúnias e falsidades. Para silenciar as vozes que contestam as asneiras do homem-massa, este reivindica a volta da ditadura.

O homem-massa não conhece a civilização em que nasceu e que nela vive. Com a ignorância, falta de conhecimento histórico e o baixo nível cultural do cidadão contemporâneo, ele não está à altura de resolver os problemas atuais. [...]", registra https://www.brasildefato.com.br/2017/02/09/a-mediocridade-do-homem-massa?fbclid=IwAR1PvR_STwpkBzSU9qcIef6CeEbGp-SszH5rz2KylXnBPiMY8l0sURo05I0

Porque a vida é um verdadeiro caos onde o homem-massa está perdido, escreve Ortega y Gasset, o homem suspeita disso, mas tem pavor de se encontrar cara a cara com essa realidade terrível, e procura ocultá-la com uma cortina fantasmagórica, onde tudo está muito claro. Não se importa que suas ‘ideias’ não sejam verdadeiras; usa-as como trincheiras para se defender da sua vida, como rompantes para afugentar a realidade”.


Rompante: que denota orgulho, altivez ou irreflexão, arrogante, presunçoso; que tem ímpeto – se move com rapidez e violência.

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