Tom Simões, jornalista, 9 de março de 2022
Tanto
desenvolvimento tecnológico. Tantas conquistas! Mas, do ponto de vista
humanista, o ser humano (especialmente os ditadores, os candidatos a ditadores,
e seus seguidores) continua ainda numa espécie de pré-existência, nos primeiros
degraus da longa escada da ascensão racional e espiritual.
“Isso
é muito pré-histórico”, revela um amigo. “Inacreditável: cenas de guerra em
pleno século XXI. Vergonha de ser humano!”, outro amigo.
Tenho profunda sensibilidade em relação a tal realidade. Não me conformo! Essa incompreensível irracionalidade incomoda-me bastante...
Eu
não posso compreender como alguém ainda tem tanto poder para declarar uma guerra.
Criaturas amarguradas, infelizes... Argumento algum justifica uma guerra! Em
qualquer parte do mundo, pequena ou grande, em nome de seja lá o que for! Os lados
em antagonismo precisam saber negociar. Bom senso, solidariedade e boa diplomacia
deveriam ser armas capitais. “A ONU (Organização das Nações Unidas) como
concerto das nações deveria ser o espaço e a garantia para os acordos. Mas o
tal ‘Conselho de Segurança’, que garante a primazia das grandes potências
bélicas (e econômicas), sempre contrárias umas às outras, sem o qual o
organismo nem existiria, faz com que tenha apenas um papel de retórica
decorativa”, observa um grande amigo e mestre.
Eu
não posso compreender os falsos argumentos de alguém guiado pelo fanatismo. É o
mesmo de ditadores mundo afora (declarados ou enrustidos). Isso por crer ser
preciso distinguir “com racionalidade e bom senso” o bem do mal (por mais que
se busque relativizar esta dicotomia)! Mas política, quando é o caso, eu
prefiro evitar abordar com correligionários movidos pelo fanatismo. Nele, a pessoa se encerra em convicções ‘absolutistas
e inquestionáveis’ para não ter que lidar com a sua própria fragilidade.
Ninguém
pode ser feliz odiando quem quer que seja, sobretudo deixando-se influenciar
por determinado domínio político, desprezando a lógica dos acontecimentos. É a
imoralidade política, o poder econômico e a indústria armamentista que dominam
o mundo. Algumas características observadas nos
fanáticos são agressividade, preconceito, dificuldade em escutar, ódio, estreiteza
mental...
O grave é que fanáticos podem viver em
prol de uma causa questionável. Eles tentam impor suas crenças a outras
pessoas, podendo inclusive ter comportamentos agressivos. Com isso vão querer
sempre ficar perto de quem têm opiniões semelhantes e isso, de um modo geral, causa
o empobrecimento da vida.
Não
há lógica nos argumentos movidos pelo fanatismo. Porque verdade significa
aquilo que está intimamente ligado a tudo que é sincero, que é verdadeiro
universalmente, é a ausência da mentira, de subterfúgios...
O “despertar
da consciência transcendental”, que está além dos limites convencionais, sendo capaz
de trazer solidariedade para o convívio humano, é ainda circunstância rara no
nosso maltratado Planeta. Uma das consequências? Quem acompanha pelo noticiário
o atual precário estado do meio ambiente no Brasil e no mundo, como eu
acompanho como objeto do meu trabalho profissional, sabe disto! Problemas como
a utilização insustentável dos recursos naturais, a poluição do ar, da terra e
da água, a progressiva deterioração dos mecanismos legais de preservação
ambiental e por aí vai. É só ler um pouco sobre o desmatamento e o garimpo
trazendo um acelerado comprometimento da Floresta Amazônica, que abriga a maior
biodiversidade em plantas, animais e microrganismos, e é peça importante no
mecanismo de equilíbrio climático. Em relação ao meio ambiente há ainda uma
guerra em andamento. Guerra que também pede um cessar-fogo.
“Despertar
da consciência”: o que é? É um processo que permite entender o que está além
deste plano de existência. E ter a percepção que esse além não se encontra em
algum lugar no céu, mas sim, dentro de cada indivíduo e só pode ser acessado
por um processo interno. Quais são as manifestações dessa consciência?
Percepção e empatia aumentadas, melhor bem-estar emocional e físico, medo menor
da morte e paz interior, essencialmente. Quem já conquistou, sabe!
Sem
espiritualidade consistente, o egoísmo, a ganância e a arrogância tomam conta e
se vê algo tão absurdo quanto a guerra que a Rússia ora impõe à Ucrânia. Bombas
que explodem vidas e bens. Isso e também multidões de refugiados vagando pelo
mundo, desvio de dinheiro da saúde em plena pandemia, pessoas desrespeitadas e
perseguidas por preconceitos de cor, raça, gênero. Bombas que implodem a
sanidade social.
É
preciso refletir muito sobre tudo isto. As eleições em 2022 estão às portas e
exigem responsabilidade. Mas convenhamos: as pessoas são muito preguiçosas,
preferem não utilizar produtivamente o tempo disponível para se informar
construtivamente, distraindo-se então com os ‘WhatsApp’ e ‘Big Brother’ da vida,
e o que é pior, sujeitando-se às ‘fake news’, cujo foco é a
desinformação ou boatos para favorecer inclusive a imoralidade que está no
cerne da atividade política de todos os partidos, sem exceção!
A construção da consciência ainda é um tema muito estranho para a civilização! “Nossa consciência faz parte da nossa alma”, alguém citou. E ela é tão importante porque nos traz, por assim dizer, a noção do que é certo ou errado. Traz-nos fundamentalmente a necessidade de nos tornar melhores.
Então, guerras até quando? Acredito que por muito tempo ainda. Para muitos, a política, que governa o mundo, “é coisa do diabo”!
"Acessar a sabedoria interior do Universo. À medida que cada um de nós começa esta revolução tranquila de viver do coração, começa a sentir os reflexos em sua própria vida e em suas circunstâncias", alguém escreve. Esta é a forma como cada um de nós vai criar mudança no mundo, criar paz, criar harmonia, criar equilíbrio. Este é o sentido da vida!
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