Muito se fala e discute sobre o tema, há até quem admita não existir felicidade permanente
Tom Simões, jornalista, 6 de fevereiro de 2021
Existe sim felicidade genuína. Os sábios a experimentam. Nesta síntese, há citações de grandes pensadores explorando o cerne do tema. O sinônimo de essência é substância, aquilo que fundamenta algo, a estrutura...
Eu
escrevo para um universo reduzido de pessoas interessadas pelo que é essencial
à existência. Tenho como lema o pensamento do filósofo Sócrates, do período
clássico da Grécia Antiga, que se resume em: “Só é útil o conhecimento que nos
torna melhores”. Há algo que diz: “A chave da virada está no conteúdo que as
pessoas mandam para a cabeça”...
A cada sofrimento, cada um pode dar a ele o peso que quiser. Como mostra o psicanalista Francisco Daudt, “O autoconhecimento propõe um caminho melhor para todos nós; ele é a favor da construção e autonomia do indivíduo, pois sabe que é sobre esses fundamentos que a saúde mental prospera”. Cabe-nos então despertar para o desperdício e o perigo de uma vida não examinada.
Ser
conhecedor de algo é diferente de ser informado. O conhecimento gera reflexão,
cria uma nova visão e, por consequência, novas atitudes e escolhas, e isso sim
pode mudar uma vida. Tudo vem naturalmente quando a consciência
se expande. Uma pessoa feliz não tem tudo de melhor, ela torna tudo melhor.
Para o ensaísta, poeta e pintor de origem libanesa, Khalil Gibran, também considerado um filósofo, embora rejeitasse esse título, “Tudo que se vê é miragem. Procura a essência que não se vê”.
É
muito comum confundir felicidade com prazer. Dilgo Khyentse Rinpoche, o guardião de fato da grande
maioria dos ensinamentos budistas tibetanos, define sabiamente a diferença
entre os dois termos, no artigo Prazer e
felicidade: por que confundimos tanto os dois? https://www.budavirtual.com.br/felicidade-e-prazer-confusao/
Para esse mestre budista, o prazer se
exaure com a rotina, como uma vela que consome a si mesma. Trata-se de uma
experiência individual centrada no ‘eu’, que pode deteriorar-se com facilidade em
egoísmo e entrar em conflito com o bem-estar dos outros.
A felicidade genuína não depende de fatores
externos para existir. A maioria dos seres humanos só conhece felicidades
relativas, que existem somente por comparação. Por exemplo: "Eu sou feliz
porque tenho mais dinheiro que fulano, ou porque tenho mais dinheiro agora do
que antes". A felicidade genuína é de fato o verdadeiro objetivo da vida; quaisquer
outros supostos objetivos (sucesso, dinheiro, diversão) são na verdade metas, que
não exprimem a essência da felicidade.
É possível sentir o prazer à custa de
outra pessoa, mas isso não traz felicidade. Mesmo porque o prazer pode estar
associado à crueldade, à violência, ao orgulho, à ganância e a outras condições
mentais incompatíveis com o substrato da felicidade. “O prazer é a felicidade
dos loucos, enquanto a felicidade, o prazer dos sábios”, escreve o romancista e
crítico francês Jules Barbey d’Aurevilly.
Como ensina o mestre Dilgo Rinpoche, a felicidade autêntica não está ligada a uma
ação, a uma atividade, mas a um estado de ser, um profundo equilíbrio emocional
decorrente de uma sutil compreensão do funcionamento da mente. “Enquanto os prazeres
ordinários se produzem no contato com objetos agradáveis e terminam quando esse
contato se interrompe, sukha – o bem-estar duradouro – é sentido ao longo de todo o tempo em
que permanecemos em harmonia com nossa natureza interior. Um aspecto intrínseco
desse bem-estar é o seu altruísmo, que irradia do interior do ser, em vez de
focalizar-se no ‘eu’. Quem está em paz consigo mesmo contribui espontaneamente
para estabelecer a paz em sua família, em sua vizinhança e, se as
circunstâncias permitirem, na sociedade como um todo”.
Para o psiquiatra Roberto
Shinyashiki, felicidade é um jeito de viver, uma postura de vida, uma
maneira de estar agradecido a tudo. Para ele, felicidade não é uma meta, mas um
estado de espírito.
O economista alemão Johannes
Hirata (segundo
a crônica ‘Doutor felicidade’, Folha
de S.Paulo, 8/9/2005), com a ajuda da psicologia, da filosofia e da
matemática fez seu doutorado na Universidade de St. Gallen, Suíça, sobre o tema
‘felicidade’. Para ele, não dá para medir a felicidade, que é um conceito
filosófico complexo, mas dá para medir um conceito psicológico vinculado: o
bem-estar subjetivo. Em sua opinião, felicidade é o sentimento de aprovação pessoal sobre a vida
que se leva. Johannes
acredita que pessoas mais felizes têm mais facilidade para se relacionar.
Alguém cita que “Só estaremos prontos para o melhor
quando vencermos o pior que há dentro de nós”.
Pesquisas mostram que cérebro
está ligado ao sistema imunológico e sentimentos negativos podem tornar o corpo
mais vulnerável, revela Paula Minozzo
em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2016/01/como-o-seu-estado-de-espirito-influencia-a-sua-saude-4957923.html
“Quando a mente não consegue mais suportar, o corpo reage. E isso não é apenas sabedoria popular. Antes, um conceito estigmatizado pela comunidade médica, o bem-estar emocional é cada vez mais compreendido como um fator crucial para a prevenção e o tratamento de doenças”, escreve Minozzo.
Para a autora, nas últimas décadas, avanços em pesquisas nas áreas da neuroanatomia e da bioquímica permitiram que médicos compreendessem melhor como o nosso cérebro está ligado ao sistema imunológico e como o estresse e o acúmulo de sentimentos negativos podem tornar a saúde mais vulnerável. Essas descobertas reforçam a ideia de que, para tratar doenças que apresentam sintomas físicos, não se pode ignorar as emoções.
‘Gratidão, felicidade e neurociência’
Como o seu estado de espírito influencia a sua saúde
Todd Kashdan é professor de psicologia na
George Mason University, universidade pública localizada na Virginia (EUA). Diretor
do Laboratório de Bem-estar, sua pesquisa explora por que as pessoas sofrem,
com ênfase na transição da ansiedade normal para a patológica.
“Se
tivéssemos que nomear três elementos essenciais para criar felicidade e dar
sentido à vida, estes seriam: relacionamentos significativos, gratidão e viver
no momento presente com atitude de abertura e curiosidade”, cita Kashdan, https://opiniaorh.com/2015/08/20/gratidao-felicidade-e-neurociencia/
O
que é gratidão para você? Afinal, por que será que tanto se fala em gratidão,
quando o assunto é felicidade? “A neurociência nos ajuda a entender. Quando
temos pensamentos de gratidão, ativamos o ‘sistema de recompensa’ do nosso
cérebro. Esse sistema é a base neurológica da nossa satisfação e autoestima, e
é responsável pela sensação de bem-estar e prazer do nosso corpo. Quando
exercitamos a gratidão, estimulamos a ação desse sistema”.
Como
isso acontece? Quando o cérebro entende que algo bom aconteceu, que algo deu
certo, que fomos bem-sucedidos ou que estamos nos sentindo gratos por algo, ele
libera uma substância chamada dopamina, um neurotransmissor responsável – entre
outras coisas – pela sensação de prazer e de recompensa, descreve a citada
fonte. Ao mesmo tempo em que promove a sensação de conquista, a dopamina nos
motiva a agir novamente em direção a outras metas, desejos e necessidades.
Quanto mais esse ciclo de busca e realização se repete, mais nosso organismo
busca por novas ondas de prazer, de recompensa.
Na busca pela felicidade, muitas pessoas – ainda infelizes – buscam ter mais, ser mais, fazer mais, mas acabam demonstrando que ainda não são verdadeiramente gratas pelo que já têm. Para essa pessoa deve-se perguntar: “Se você ainda não é grata pelo que já conquistou, o que lhe faz acreditar que vai se sentir feliz conquistando mais”?
A sabedoria e experiência de pessoas que dedicaram uma vida inteira à introspecção
Lê-se em https://www.sbcoaching.com.br/blog/frases-de-reflexao/, que, através da
história, muitos pensadores deixaram registradas as suas ideias, perspectivas e
percepções. Por centenas de anos, as obras filosóficas vêm inspirando,
ensinando e trazendo sabedoria para as gerações seguintes. As frases de
reflexão nada mais são do que fragmentos com o melhor dessas obras. Podemos
entender as frases de reflexão como ferramentas. Ao ler e pensar sobre elas, é
possível conhecer a si mesmo e ter novos insights.
O crescimento está
firmemente ligado à introspecção. Apenas a partir da introspecção é possível
conhecer suas metas, potencialidades e os pontos que devem ser trabalhados. A
boa leitura ajuda o indivíduo nessa jornada. A introspecção é o ato pelo qual o
sujeito observa os conteúdos dos seus próprios estados mentais, tomando
consciência deles. Dentre os possíveis conteúdos mentais passíveis de
introspecção, incluem-se as crenças, imagens mentais, memórias, intenções,
emoções e o conteúdo do pensamento em geral. Portanto, basicamente, a
introspecção é a capacidade de observar e se conectar com o mundo interior.
Esse processo é realizado para aumentar nosso nível de consciência sobre quem
somos e o que desejamos.
Frases de reflexão podem ser aliadas
poderosas, oferecendo novos pontos de vista. Em especial, elas oferecem a
sabedoria e experiência de pessoas que dedicaram uma vida inteira à
introspecção. Ajudam o indivíduo a aprender como se conhecer, pensar sobre seus
valores e chegar às próprias conclusões sobre a vida.
“A
felicidade se alcança não por domínio, mas por harmonias”.
Mia Couto, escritor e biólogo moçambicano. Para ele, precisamos desarmar as armadilhas do mundo, ‘para que ele seja mais nosso e mais solidário’.
Eu já redigi 29 artigos sobre
“felicidade permanente’. O que ora me leva a completar os 30 artigos foi o
inspirado texto “Sobre os Felizes”,
escrito sabiamente pela escritora cearense Socorro
Acioli, doutora em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense,
mestre em Literatura e bacharel em Comunicação Social com habilitação em
Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará. Seu primeiro experimento na
literatura foi o livro “O Pipoqueiro João”. Eis o texto:
“Sobre os felizes”
“Existem
pessoas admiráveis andando em passos firmes sobre a face da Terra. Grandes
homens, grandes mulheres, sujeitos exemplares que superam toda desesperança.
Tenho a sorte de conhecer vários deles, de ter muitos como amigos e costumo
observar suas ações com dedicada atenção. Tento compreender como conseguem
levar a vida de maneira tão superior à maioria, busco onde está o mistério,
tento ler seus gestos e aprendo muito com eles.
De tanto observar,
consegui descobrir alguns pontos em comum entre todos, e o que mais me
impressiona é que são felizes. A felicidade, essa meta por vezes impossível, é
parte deles, está intrínseco. Vivem um dia após o outro desfrutando de uma
alegria genuína, leve, discreta, plantada na alma como uma árvore de raízes que
força nenhuma consegue arrancar.
Dos felizes que
conheço, nenhum leva uma vida perfeita. Não são famosos. Nenhum é milionário,
alguns vivem com muito pouco, inclusive. Nenhum tem saúde impecável, ou uma
família sem problemas. Todos enfrentam e enfrentaram dissabores de várias
ordens. Mas continuam discretamente felizes.
O primeiro hábito
que eles têm em comum é a generosidade. Mais que isso: eles têm prazer em
ajudar, dividir, doar. Ajudam com um sorriso imenso no rosto, com desejo
verdadeiro e sentem-se bem o suficiente para nunca relembrar ou cobrar o que
foi feito e jamais pedir algo em troca.
Os felizes costumam
oferecer ajuda antes que se peça. Ficam inquietos com a dor do outro, querem
colaborar de alguma maneira. São sensíveis e identificam as necessidades
alheias mesmo antes de receber qualquer pedido. Os felizes, sobretudo, doam o
próprio tempo, suas horas de vida, às vezes dividem o que têm, mesmo quando é
muito pouco.
Eu também observo
os infelizes e já fiz a contraprova: eles costumam ser egoístas. Negam qualquer
pequeno favor. Reagem com irritação ao mínimo pedido. Quando fazem, não perdem
a oportunidade de relembrar, quase cobram medalhas e passam o recibo. Não
gostam de ter a rotina perturbada por solicitações dos outros. Se fazem uma
bondade qualquer, calculam o benefício próprio e seguem assim, infelizes. Cada
vez mais.
O segundo hábito
notável dos felizes é a capacidade de explodir de alegria com o êxito dos
outros. Os felizes vibram tanto com o sorriso alheio que parece um contágio.
Eles costumam dizer: estou tão contente como se fosse comigo. Talvez seja um
segredo de felicidade, até porque os infelizes fazem o contrário. Tratam
rapidamente de encontrar um defeito no júbilo do outro, ou de ignorar a boa
nova que acabaram de ouvir. E seguem infelizes.
O terceiro hábito
dos felizes é saber aceitar. Principalmente aceitar o outro, com todas as suas
imperfeições. Sabem ouvir sem julgar. Sabem opinar sem diminuir e sabem a hora
de calar. Sobretudo, sabem rir do jeito de ser de seus amigos. Sorrir é uma
forma sublime de dizer: amo você e todas as suas pequenas loucuras.
Escrevo essa
crônica, grata e emocionada, relembrando o rosto dos homens e mulheres sublimes
que passaram e que estão na minha vida, entoando seus nomes com a devoção de
quem reza. Ainda não sou um dos felizes, mas sigo tentando. Sigo buscando
aprender com eles a acender a luz genuína e perene de alegria na alma. Sigamos
os felizes, pois eles sabem o caminho”.
Aprenda a ser feliz como
as crianças
As
crianças têm uma forma pura e genuína de olhar o mundo. Como cita o médico neurologista e psiquiatra criador da psicanálise, Sigmund Freud, “A felicidade é a realização de um desejo pré-histórico da
infância. É por isso que a riqueza contribui em tão pequena medida para ela. O
dinheiro não é objeto de um desejo infantil”.
Como lembra um autor desconhecido, as crianças são como pequenas porções
de alegria, levando bons sentimentos para todas as pessoas que passam por elas.
Como bem cita outro autor cujo nome não descobri, “Poder acordar tarde
para assistir desenho na sala, almoçar seu prato de comida favorito ou poder
jogar mais 10 minutos de bola na rua... Tudo é motivo de felicidade. São esses
pequenos detalhes que tornam as crianças puras e genuínas. Elas aproveitam cada
momento como se ele fosse a melhor coisa que poderia ter acontecido. Ser
criança é sempre enxergar motivos para sorrir onde adultos só encontram mais um
dia chato de rotina”.
“O amor de uma criança é o único sentimento incapaz de machucar. É o
amor na sua maneira mais pura e genuína, o amor de quem quer ver o outro bem,
independente do que for preciso fazer. É o amor de quem enxerga na felicidade
do outro a própria felicidade. É o amor que cuida, que compreende e que cura
qualquer mal. Os pequenos que mal sabem ao certo o que é amar nos ensinam mais
que qualquer adulto é capaz. Para todas as dores da vida, um amor sincero de
criança”, eis o pensamento de outro autor não identificado.
Sob o título “Raio de Sol”, alguém escreveu: “As crianças
são como raios de sol em dias nublados. Elas nos fazem acreditar que o mundo é
bom, mesmo depois de tantas decepções. Elas nos fazem lembrar a importância de
ser sincero e de sorrir de forma genuína até mesmo por causa dos menores
motivos. As crianças nos fazem lembrar que a vida não precisa ser pesada e que
tudo depende da maneira como olhamos o mundo. Nos dias nublados, as crianças
aparecem como raios de sol para nos lembrar que o dia sempre nasce de novo e que,
após a tempestade, o arco-íris aparece”.
De todas as coisas bonitas que pesquisei sobre a inocência
das crianças, encontrei mais esta, também de autor desconhecido, que sinto não
poder citar: “Não existe nada mais bonito que a curiosidade de uma criança. A
vontade de aprender sobre o mundo ao seu redor, o jeito como presta atenção ao
seu redor, o jeito como presta atenção em cada pequeno detalhe. A curiosidade
de uma criança que desbrava o mundo amolece até mesmo os corações mais rígidos.
O sorriso a cada nova descoberta e o orgulho de conhecer cada vez mais o lugar
ao qual ela pertence. Não existe nada capaz de encantar mais alguém do que uma
criança explorando o mundo ao seu redor”!
Portanto:
O sentido da vida
Que memória você
deseja deixar ao mundo?
Não é raro nos depararmos com pessoas
desinteressadas da vida, que vivem o individualismo e se desanimam, sem
esperança, desenvolvendo problemas psicológicos. Raramente alguém reflete sobre
o sentido da vida.
Eu estudo bastante para ampliar o meu
entendimento. Busco o conhecimento útil e compartilho como uma espécie de
missão. O meu propósito é alicerçar-me no bem ao mundo e não fazer mal a
ninguém, visando a servir como instrumento do progresso das minhas
circunstâncias.
O mundo progride em função de personagens
extraordinárias que deixam seus legados para a cultura, filosofia, religião, ciência,
medicina, tecnologia, paz e outras áreas do conhecimento, inspirando a
civilização.
Eu entendo o sentido da vida como todo e qualquer
esforço capaz de gerar condições favoráveis ao bem-estar, ao aprimoramento e ao
progresso de alguém ou de uma comunidade. O sentido da vida tem a ver com o que
gera aperfeiçoamento espiritual ao ser humano, aproximando-o da Divindade, o
que origina a verdadeira felicidade.
Muitas pessoas
transformam o mundo no decorrer de suas vidas, seja por atitudes que mudam o pensamento
da época, seja por invenções ou descobertas que contribuem para o progresso da
civilização. Os responsáveis pelas grandes mudanças figuram em livros da
história, mas há também uma infinidade de pessoas comuns singulares que também
beneficiam o mundo, nem sempre reconhecidas. Pouco importa, porém. Os ‘não
visíveis’ que também mudam o mundo têm um só compromisso: consigo mesmo e com a
Esfera Superior.
O mundo seria um lugar melhor se a maioria das
pessoas praticasse o altruísmo. Essa é a fonte primária da felicidade. Ser
altruísta significa ajudar o próximo, sendo solidário com os sentimentos alheios,
sem esperar nada em troca. A recompensa que o indivíduo altruísta recebe por
suas ações é ver a alegria no rosto daquela pessoa que ele consegue se doar de
alguma forma.
Quem pratica o ato de ser solidário não
ajuda apenas o próximo, mas ajuda a si mesmo, passando a compreender melhor as
próprias dificuldades e a enfrentá-las de forma natural. Isso diz respeito ao
amor incondicional. Sabe aquela alegria de dar um presente e se sentir como o
próprio presenteado?
Ubuntu representa
uma filosofia e uma ética antiga africana, significando: “Sou quem sou, porque somos todos nós”. Uma pessoa com ubuntu tem
consciência que ela é afetada quando um semelhante seu é afetado. ... O prêmio
Nobel da Paz de 1984, Desmond Tutu,
arcebispo da Igreja Anglicana, afirmou certa vez: “Ubuntu é a essência do ser humano”. Ele recebeu o prêmio por
sua luta contra o Apartheid em seu país natal, a África do Sul.
Ao
acordar de manhã, antes de preparar o café, recito orações, cheio de fervor,
contemplando o horizonte. Parte de uma delas, de Saint Germain:
“[...]
O meu
amor eu envio para o mundo
Para
apagar todos os erros
E
todas as barreiras derrubar
Eu Sou
o poder do amor infinito
Que se
expande
Até
alcançar a vitória
No
mundo que não tem fim”...
A oração
é a voz do amor, da generosidade, da tolerância, da contemplação, dos
relacionamentos genuínos... Não é para ser recitada distraidamente, focada em
solicitações a Deus. Na sua essência, a oração é uma expressão do nosso ser
silencioso. Deus está no interior de cada um, desabrochando... Eu recito-a direcionada
ao bem comum.
Nesse ínterim, ouço as vozes dos coletores de lixo e o ruído do caminhão. Eu sempre me surpreendo com a alegria efusiva desses trabalhadores. Também me surpreendo com o respeito dos motoristas dos veículos que seguem pacientemente o veículo. Porque os coletores, ainda que num calor de 38 a 40º, têm capacidade de esbanjar alegria! Ubuntu!
O que a minha oração tem a ver com os coletores de lixo? Naquele momento meditativo eu reverencio esses trabalhadores que servem indiretamente a mim e a coletividade. A eles ofereço também diariamente o meu momento sagrado. Como ofereço aos trabalhadores que erguem um edifício próximo do meu. Tem gente que reclama da barulheira. Mas no período da construção do prédio onde residimos, certamente o barulho também incomodou outras pessoas... Ubuntu!
Eu tenho como hábito oferecer uma refeição a um ou outro funcionário do prédio onde resido. Já ouvi alguns comentários que me surpreenderam: “Que bom, Senhor, eu vou dividir esta refeição com o funcionário da limpeza; hoje ele só trouxe pão”. Em um domingo, ao perguntar a um funcionário se ele havia trazido algo para comer, ele respondeu: “Tá cheio de banana aí, Senhor Tom”! Ubuntu!
Não há essa consciência. Ainda que muitas residências joguem diariamente no lixo sobras de alimentos em perfeito estado, ainda próprios para consumo, que poderiam ser destinados a alguém próximo! Segundo uma pesquisa feita pela Edelman, empresa americana de consultoria em relações públicas e marketing, a pedido da Unilever, 49% dos brasileiros jogam fora diariamente comida saudável.
O que esses exemplos têm a ver com ‘felicidade genuína’? O prazer natural de levar o alimento ao funcionário.
A doação é um ato impulsionador de uma corrente de energia positiva, movida pelo amor incondicional. De acordo com https://osegredo.com.br/o-ato-de-doar-um-multiplicador-de-abundancia-e-prosperidade/, ela retorna potencializada à sua origem, porque o amor incondicional é uma energia de soma e multiplicação, energia que equilibra e ajuda a curar também os males do corpo e da alma.
Todos os atos positivos e solidários praticados em favor dos outros nos fortalece, é como um reservatório interior de ‘energias positivas’ que, ao ser abastecido, se mantém à disposição para nos servir quando precisamos.
Como
lê-se em https://lojong.com.br/blog/artigo/felicidade-genuina-o-que-e-onde-encontra-la/,
sabemos se estamos verdadeiramente felizes quando estamos a sós, sem nada a nos
agarrar, sem nenhum objeto de suporte que ative sensações agradáveis.
Simplesmente estando consigo, inspirando e expirando, desfrutando da presença
natural do nosso ser além de qualquer artifício do ego. Nosso ser pede por
harmonia, sua busca é por paz e contentamento. Porém, os humanos alimentam as
causas contrárias.
A felicidade pura tem a ver com ‘solitude’ ou quietude, ou seja, o ato de estar quieto consigo mesmo. Ao contrário de solidão, que tem o sentido de ‘vazio’, da falta de algo na vida. Solitude é a sensação de paz na alma. Ela é fruto da autoconsciência e do amor incondicional.
Não são só os livros que se leem
"Falamos em ler e pensamos apenas nos livros, nos
textos escritos. O senso comum diz que lemos apenas palavras. Mas a ideia de
leitura aplica-se a um vasto universo. Nós lemos emoções nos rostos, lemos os
sinais climáticos nas nuvens, lemos o chão, lemos o Mundo, lemos a Vida. Tudo pode
ser página. Depende apenas da intenção de descoberta do nosso olhar.
Queixamo-nos de que as pessoas não leem livros. Mas o déficit de leitura é
muito mais geral."
* Mia Couto, escritor e biólogo moçambicano
Fonte: https://papodehomem.com.br/quanto-menos-entendemos-mais.../
De
acordo com http://www.mundoubuntu.com.br/sobre/curiosidades-do-ubuntu/63-origem-da-palavra-ubuntu, a palavra ‘Ubuntu’
possui diversos significados, mas dois deles são os mais citados nos mecanismos
de pesquisa: ‘Humanidade para os outros’ ou ‘Sou o que sou
pelo que nós somos’. Ou seja, ‘uma pessoa é uma pessoa através (por meio) de
outras pessoas’.
A palavra ‘Ubuntu’ apresenta significados humanísticos como a solidariedade, a cooperação, o respeito, o acolhimento, a generosidade, entre muitas outras ações que realizamos em sintonia com a nossa alma (com o nosso ser interno), buscando o nosso bem-estar e o de todos a nossa volta.
Lembremos parte da fala do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela (advogado, líder rebelde e Prêmio Nobel da Paz de 1993), em uma entrevista:
“O UBUNTU não significa que uma pessoa não se preocupe com o seu progresso pessoal. A questão é: o meu progresso pessoal está a serviço do progresso da minha comunidade? Isso é o mais importante na vida. E se uma pessoa conseguir viver assim, terá atingido algo muito importante e admirável”.
“Conecte-se
com os outros e vamos todos juntos construir uma nova Humanidade”.
Deepak Chopra:
médico indiano radicado nos Estados Unidos. É também escritor e professor de
ayurveda, espiritualidade e medicina corpo–mente
É este o sentido. Aperfeiçoar-se para promover
o bem comum. O bem comum é o conjunto de condições de uma sociedade que traz a
oportunidade de cada cidadão alcançar a sua plenitude. Os principais bens que
merecem ser compartilhados entre todos os membros de um grupo são imateriais,
como o bem-estar, a fé e a paz. E, para os mais corajosos, a pura felicidade.
O princípio do bem comum tem uma dimensão
ética. Assim, em vez de pensar no ser humano individual e concreto, trata-se de
pensar no interesse da sociedade em seu conjunto. Consequentemente, o fim ético
desta ideia é estabelecer aquilo que é bom para a maioria e não para poucos.
Neste sentido, o ‘amor incondicional’ tem a ver
com o sentido da vida. Significa o amor pleno, que não impõe condições ou
limites para amar o mundo. Quem ama de forma incondicional nada espera em
troca. O amor está em primeiro lugar. Ele é generoso, altruísta e infinito. O
amor incondicional é uma tendência ou inclinação instintiva que incita o ser
humano à preocupação com o outro e o bem comum, livre da ação antagônica dos
instintos naturais do egoísmo.
Christopher McCandless, 1968-1992:
viajante norte-americano que morreu dentro de um ônibus abandonado no Parque
Nacional e Reserva de Denali, no Alasca, depois de caminhar por dois anos
sozinho na selva da região, com pouca comida e quase nenhum equipamento.
Hoje só fica o que me
traz paz
Já
não tenho tempo para conversas frívolas e intermináveis. As pessoas não debatem
conteúdos, apenas rótulos. Meu tempo tornou-se escasso demais para debater
rótulos. Desejo estar com pessoas de verdade. Há poucas delas que percebem o
que é viver uma existência sem sentido e então despertam para o essencial da
natureza humana. O essencial é viver em harmonia com a vida.
Nirvana: o estado de libertação
O Universo é lógico. Há algo que diz: “O plantio é livre, mas a colheita, obrigatória”. Cada qual traça o seu destino, consciente ou inconscientemente. E é maravilhoso quando na velhice as pessoas desejam estar ao seu lado, sobretudo os jovens...
Nas
religiões indianas, ‘nirvana’ é o estado permanente e definitivo de beatitude,
felicidade e conhecimento, meta suprema do homem religioso, obtida através de
disciplina ascética e meditação. O ascetismo é uma filosofia de vida na qual se realizam certas
práticas visando ao desenvolvimento espiritual. Muitas vezes, essas práticas
consistem no refreamento dos prazeres mundanos e na austeridade.
Em sentido amplo, nirvana, um dos temas fundamentais da doutrina budista, indica um estado eterno de graça. É uma renúncia ao apego material, que não eleva o espírito e apenas traz sofrimento. É a extinção definitiva do sofrimento humano alcançada por meio da supressão do desejo e da consciência individual, ou seja, o indivíduo atinge o estado de libertação ao percorrer sua busca espiritual.
Nirvana é utilizado num sentido mais geral para
designar alguém que está num estado de plenitude, sem se deixar afetar por
influências externas. Também se emprega com o sentido de aniquilamento de
certos traços negativos da própria personalidade, porque a pessoa consegue se
livrar de tormentos como orgulho, ódio, inveja ou egoísmo, sentimentos que
afligem o ser humano impedindo-o de viver em paz.
Celebração
Em ‘Governe seu mundo’, Sakyong
Mipham escreve: "Se não há celebração em nossa vida, podemos
considerar isso um sinal de que não estamos governando nosso mundo. Nosso amor
e nosso cuidado estão bloqueados. A negatividade se insinuou. Não vemos nada
para celebrar. Quando isso acontece, precisamos nos lembrar da bondade
fundamental. A celebração é uma atitude. É a suprema apreciação da vida
cotidiana. Estamos nisso não apenas por nós mesmos; estamos nisso porque
queremos oferecer sabedoria e compaixão a outras pessoas, que sentem o poder de
nosso amor e de nosso cuidado." Este é o sentido da vida.
Por último,
Salmos e provérbios
Vigie o que você pensa
Vigie o que você vê
Vigie o que você ouve
Vigie o que você fala
Vigie o que você faz ...
***
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