terça-feira, 29 de setembro de 2020

CONVERSAS ENFADONHAS...

Toda espécie de conversa há de ser objetiva e produtiva

 

Imagem: https://www.youtube.com/watch?v=iwML-twN7LU, Como não ser chato


 Tom Simões, jornalista, Santos (SP), 29 de setembro de 2020

 

SABE aquela pessoa que fala com você desmedidamente, consumindo o seu tempo sem nada acrescentar um ao outro? Li algo assim: “Quando muitas pessoas cansativas aparecem e seguem aparecendo, você tem que ser cruel com elas, pois elas estão sendo cruéis com você”. Risos... Como escreve o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia”.

Pessoas enfadonhas adoram falar sem parar, focadas em seus interesses particulares. O problema não é só falar demais, mas não deixar o outro também se manifestar. Todos querem falar um pouco, daí também ouvir ser essencial numa conversa a dois.

Normalmente pessoas que são ou estão chatas não atinam o próprio  comportamento. O principal problema do chato é não saber que é chato. Ele está tão absorvido em si mesmo que é incapaz de perceber como os outros reagem à sua presença.

Eu acho natural tornar-se ‘chato’ com os chatos da vida. Você deixa de aceitar qualquer tipo de situação que viole sua paz e respeito. Evita certas pessoas, ambientes e comportamentos que não lhe agradam mais. Tudo que a gente deve desejar é estar em paz, ter diálogos saudáveis e ser útil ao mundo. “Tudo o que você faz com felicidade é uma prece”, ensina o filósofo Osho.

Conversas têm de ser objetivas e produtivas, sempre. Ainda que sirvam apenas para divertir, para relaxar... Nada de falar sozinho, sem perceber o não envolvimento do interlocutor na conversa. Ninguém é obrigado a preencher a solidão de alguém, a não ser que essa pessoa esteja aberta ao diálogo construtivo. Quando a solidão está presente, há quem comece a buscar externamente o que deveria ser preenchido internamente.

Ocorre que, não raramente, a pessoa enfadonha não tem interesse em ouvir o que o outro tem a acrescentar, orientar, ela tem opinião própria e ignora a necessidade de mudanças em sua vida. Mas é inútil querer apressar o seu passo, a não ser que assim deseje. Por outro lado, o falador não tem noção da sua monotonia e do incômodo que pode causar a outros.  

Com pessoas que conheço com essa característica, eu procuro ser honesto. Tento orientá-las imaginando que outros possam zombar delas, sem que percebam. Sempre alguém pode chegar e dizer: “Como aquela pessoa é cansativa!”

Na longa conversa, há outro componente: o detalhe das histórias. Haja detalhes dispensáveis! E chega a ser engraçado, quando ao longo da conversa o falador interroga o paciente interlocutor: “Tá me ouvindo?”. Por mais interessante que seja uma história, é preciso objetivá-la para evitar um relato cansativo. Toda  pessoa inteligente e sensata estimula o diálogo e não monopoliza a conversa.

Quem tem necessidade de falar em demasia não percebe se há ou não envolvimento do ouvinte. Dependendo do relacionamento interpessoal, o interlocutor pode até mesmo se sentir constrangido por não dar a devida atenção a uma pessoa muito estimada. Mas ficar ouvindo uma conversa enfadonha e interminável, sem delicadamente chamar a atenção do falador, não ajuda essa pessoa. O falador precisa de orientação para não ser evitado e zombado por outros, que é o que acontece. E isso é triste.

Sabe, eu tenho prazer em ser útil às pessoas, quando oportuno. Ao me sentir realizado com um diálogo muito produtivo, toco o céu. Vem a sensação de conexão com algo divino. Ajudar o outro libera neurotransmissores que produzem bem-estar e motivação. O meu trabalho é direcionado para o alargamento da consciência humana em direção ao seu aperfeiçoamento.

Há algo no budismo que diz: “Se te propões a falar, pergunta sempre a ti mesmo: É verdade? É necessário? É gentil?” É preciso decidir o que deve ser deixado de lado e o que deve ser falado. Eu complementaria esse pensamento budista: “Se te propões a falar, a enviar uma mensagem, pergunta ainda se será produtivo para ambos”.

Que coisa maluca a quantidade de mensagens impessoais que recebemos diariamente no Facebook e WhatsApp, desejando isso ou aquilo, replicando memes... É apertar o botão e enviar para todos os seus seguidores! Eu não dou conta de deletar diariamente! Se você faz isso todos os dias, saiba que poderá ser considerado inconveniente por muitas pessoas. Além de se expor demais, você ainda garante fama de chato na rede social. Cadê a originalidade nisso tudo, minha gente? O que acham? Perdão para quem tem tal hábito impensado.  

Acho curioso a maioria dos internautas que me enviam bobagens serem  incapazes de ler uma ou outra das muitas reflexões filosóficas que compartilho  frequentemente. Há tanta informação produtiva no Google para enviar aos amigos, é só pesquisar um pouco... É preciso mais leitura, minha gente!

Penso em ajudar as pessoas a serem mais reflexivas e levarem a si mesmas e seus futuros mais a sério. Elas podem até se sentir inspiradas a melhorar algo em suas vidas também. Quando nos aceitamos mais, nos relacionamos de forma mais plena.

No Facebook Messenger, alguns amigos virtuais chegam a buscar orientação comigo. Algumas vezes acabo tendo até acesso ao foro íntimo de alguns deles. Tenho prazer de utilizar o meu tempo produtivamente. É uma experiência que me edifica. Como revela o padre Fábio de Melo, “O único poder que eu tenho é o que me coloca a serviço do outro”. Isso me traz felicidade permanente!

Para ter as leis universais a nosso favor, é necessário praticar a auto-observação, de momento a momento, a fim de verificar se nosso estado interno e nossas atitudes externas estão ou não a favor da vida, do amor, do respeito, da generosidade, da consciência e do progresso pessoal. Assim, é possível traçar o destino de forma mais positiva e viver com paz e sabedoria, tendo a filosofia como estilo de vida.

É preciso não desperdiçar o tempo com coisas pequenas. Há algo que diz: “Quando você está pronto, os mestres aparecem. Quem desperta para o sentido transcendental da existência experimenta essa verdade universal.

“Novos órgãos da percepção passam a existir em consequência da necessidade. Portanto, ó homem, aumenta tuas necessidades e poderás expandir tua percepção”, orienta Rumi, poeta e teólogo persa. 

Enfim, buscar o conhecimento útil, aquele que, como ensina o filósofo Sócrates, nos torna pessoas melhores, e compartilhá-lo com o leitor, representa para mim uma missão extraordinária. Podeis ficar certo, indivíduo consciente, que, quando chegar o tempo em que puderdes dar o primeiro passo, o caminho se abrirá diante de vós.

 

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