quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

AMOR INCONDICIONAL: COMPÊNDIO


O amor comum é egoísta, obscuramente enraizado em desejos e satisfações. Como cita Fernando Pessoa, nunca amamos ninguém; é a nós mesmos que amamos ...

Tom Simões, jornalista, www.tomsimoes.com, dezembro 2019




ACHAMO-NOS normais. Acreditamos que nos relacionamentos com os mais próximos (família, amigos, e outros menos próximos) somos até bem camaradas. Mas quem é capaz de surpreender habitual e DESINTERESSADAMENTE o outro? Em que sentido seria isso? Fazer algo que não ocorre rotineiramente, como um elogio inesperado... Porque há ideias embutidas no subconsciente da ‘normalidade’, do tipo: ‘isso não é minha função, mas do outro’... Daí a gente vai e faz, ainda que lidando com uma pessoa egoísta. Bom mesmo é a sensação de quem age assim! Por se tratar de uma pessoa preenchida de amor, que precisa compartilhá-lo. Quando alguém desperta neste sentido, age naturalmente! Por vezes, o outro pode até se surpreender, mas ainda não está pronto para se desvencilhar de si mesmo e descobrir o amor incondicional, esse desejo silencioso de compartilhar a ‘felicidade genuína’, ou seja, a paz permanente. Esse é um caminho que transcende a normalidade. Ponto. Albert Camus, filósofo francês, acredita que o homem tem duas faces: ‘não pode amar ninguém, se não se amar a si próprio’. Por sua vez, Anthony Strano, escritor, conta que, através da história, pode-se ver que as pessoas genuinamente espirituais, que despertaram a consciência divina, normalmente expressaram-na através do desejo de servir: ‘se alguém ama, doa’.


“O que significa o Amor Incondicional, em sua essência? “Ele é tão divino que o humano tem dificuldade até de compreender a expressão. É o caminhar na vida levando compaixão, compreensão, perdão, tolerância, desapego. É dar valor ao que realmente tem valor, é não ficar preso a palavras, gestos, fatos, eventos, situações emocionais; é relevar com compaixão as mágoas, as injustiças, as decepções vividas no nosso cotidiano. É compreender que tudo isso é muito pequeno comparado à grandeza da alma, à grandeza da vida...

“Amar incondicionalmente é amar além, apesar das ilusões; é amar sem esperar retorno, pois o retorno real é Divino, o retorno real é a simples alegria de expressarmos o amor. A verdadeira felicidade é termos a capacidade de expressar o amor. O amor desinteressado.

·        https://www.dicionarioinformal.com.br/amor+incondicional/


... porque na intimidade as nossas vulnerabilidades são expostas


Li recentemente um texto, ‘Ego Espiritual X Relacionamentos’, de autoria desconhecida. Tentei descobrir a origem, mas em vão. Trata-se de interessante reflexão sobre relacionamentos. ‘A gente pode ter força espiritual, meditar diariamente, ser muito generoso, vegetariano, mas se não sabe se relacionar, nada de se achar evoluído!

É claro que tudo isso nos conduz a um lugar melhor de nós mesmos. É maravilhoso fazer tudo isso. Mas não basta! Todas essas coisas são parte do caminho, parte do caminhar. Todas essas formas de nos acessarmos fazem parte da teoria, mas a prática mesmo são os relacionamentos.

O difícil é trazer tudo isso para o dia a dia nas relações pessoais. Porque é nelas que experimentamos intimidade e na intimidade as nossas vulnerabilidades são expostas. É aí que mostramos mesmo quem somos. É aí que as nossas sombras aparecem. E é aí, no dia a dia das relações, que podemos trabalhar para melhorar, cita o texto.

“É preciso reconhecer que se nos julgamos melhores ou mais evoluídos porque não comemos carne, porque produzimos menos lixo, porque andamos de bicicleta ou por qualquer outra coisa, não necessariamente somos mais evoluídos. Porque seres evoluídos não se comparam e não competem; são o que são, sabem disso e não precisam provar para ninguém. Então, se alguém descobre que o seu lado espiritual está gritando em seu interior, é para ficar feliz por estar se tornando consciente de sua essência, porque só assim é possível o amadurecimento humano.”        

Para encontrar a Divindade interior, eu preciso desamarrar-me de todos os conceitos que me foram dados do lado de fora, porque Deus habita ali, o meu interior. “A imagem de Deus não existe, nenhuma estátua é possível. Deus é uma experiência! Se você tiver a ideia de um Deus que seus pais e sua sociedade têm dado a você, você vai absorver essa ideia, que será um obstáculo, impedindo-lhe que seja o que é, verdadeiramente”, lembra Osho, filósofo indiano.


“Quando a gente desperta nesse sentido, começa então a observar que não é o outro que muda. A melhor maneira de mudar o modo como o outro interage com você é mudando a si mesmo. Ninguém tem controle sobre o que o outro faz ou diz. Em contrapartida, todo mundo pode se transformar. A condição indispensável para o processo de autotransformação é vontade. É preciso fazer o trabalho necessário para mudar hábitos e comportamentos. Ao mudar a forma de atuar no mundo, a gente está mudando a configuração que determina o modo como a gente estabelece e mantém vínculos com os outros. Esse é o verdadeiro poder de transformação que alguém pode ter. Pensar e agir de forma diferente, para adquirir uma nova percepção do que acontece em sua volta. Como consequência, as outras pessoas passam a responder positivamente a essa nova percepção.”  



Amor incondicional: o melhor conceito
Eu já encontrei variadas definições sobre o amor. Não o amor movido pela troca de interesses pessoais; o amor alimentado com expectativas de felicidade em função do retorno de outras pessoas pode ser frustrante. Mas, o amor verdadeiro, o sentimento compartilhado serena e desinteressadamente, a todos indistintamente.
A autoestima é a capacidade de gostar de si mesmo, de se sentir bem e confiante, mesmo quando as circunstâncias são desfavoráveis, adotando-se a tolerância e o entendimento. Porque prazer não é sinônimo de felicidade. ‘Serenidade’, sim, é o estado permanente de felicidade. Tudo o que uma pessoa atinge com a maturidade, a cada resto do primitivo sentimento de onipotência superado com a sua experiência, contribui para solidificar o sentimento puro dentro de si, ou seja, para fazer desabrochar a presença divina dentro do seu interior. Alguém citou: ‘Eu não devo buscar deuses exteriores, mas o ‘Deus interior’, o eterno dentro de mim’.

O amor puro é tanto, que precisa ser compartilhado

“Solitude é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão. Solitude é o isolamento ou reclusão voluntário, quando o indivíduo busca estar em paz consigo mesmo. Diferente da solidão que, em sua essência, é o estado emocional do indivíduo que deseja ardentemente uma companhia e não a tem. Um indivíduo pode estar cercado de amigos, em meio a um salão de festas muito animado, e ainda assim estar corroído pela solidão. Em alguns casos, o indivíduo escolhe isso pelas experiências que lhe foram desagradáveis em algum tempo atrás. Sendo então a solitude uma maneira de evitar que o mesmo incidente ocorra novamente”, descreve a Wikipédia, a enciclopédia livre. 

Para o filósofo Osho, Deus é um acontecimento! “Se você estiver em silêncio, aberto, amoroso para o seu próprio ser, com a consciência desperta, Deus vai acontecer. A qualquer momento, quando estiver na sintonia certa com a Existência, isso vai acontecer. Deus está lá, você está lá. Apenas a sintonia certa. Abandonar todas as ideologias ajuda-o a ficar devidamente atento. E uma vez que esteja em sintonia com a Existência, isso é ‘felicidade’. Você chegou em casa, em seu interior, transformando-o num templo divino.”

E quando isso acontece, não há como ser diferente. Ao vivenciar o Divino dentro de si, o homem iluminado simplesmente dá. Não porque ele queira receber algo de você – você não tem nada para lhe dar, ensina Osho. “O que você tem para lhe dar? Ele dá porque tem muito a dar, está sobrecarregado. Ele dá porque é como uma nuvem de chuva, tão cheia de chuva que tem de chover. Não importa onde, sobre o quê – sobre rochas, sobre o solo bom, sobre jardins, sobre o oceano... Isso não tem a menor importância. A nuvem simplesmente quer se descarregar. O homem iluminado é simplesmente uma nuvem de chuva. Ele lhe dá amor; não para receber de volta. Ele o compartilha e fica agradecido porque você lhe deu essa oportunidade; porque você estava suficientemente aberto, disponível, vulnerável; porque não o rejeitou quando ele estava pronto para despejar todas as suas bênçãos sobre você; porque você abriu seu coração e recebeu tanto quanto estava dentro da sua capacidade."
Osho conduz essa ideia com grande sabedoria: “Vocês não precisam sequer ser gratos pelo meu amor, porque o meu amor é a própria recompensa. Em vez de vocês se sentirem gratos, eu é que sou grato por vocês aceitarem o meu amor. Vocês poderiam tê-lo rejeitado, têm esse direito. Quando conheci a mim mesmo, conheci um significado totalmente diferente da responsabilidade. Ela não é uma questão de dever; é uma questão de compartilhamento. Você tem tanto amor e tanto êxtase que gostaria de compartilhá-los. E quem quer que esteja pronto para recebê-lo terá a sua gratidão. Ele é um presente, e não tem causa na pessoa a quem você o está dando. Você o está dando porque se sente pleno, porque está transbordando. No momento em que você conhecer a si mesmo em toda a sua totalidade, pela primeira vez será capaz de ser altruísta, compassivo, amoroso, bondoso, generoso...” Essa é a chave do amor incondicional.
Nessa linha de pensamento, encaixa-se sabiamente o filósofo Mário Sérgio Cortella: “Eu preciso transbordar, ir além da minha borda, preciso me comunicar, preciso me juntar, preciso me repartir. Nesta hora, minha vida que, sem dúvida, ela é curta, eu desejo que ela não seja pequena”.

O filósofo Sócrates considerava o amor como condição necessária para a autorrealização, processo pelo qual nos tornamos seres mais humanos. “O amor não é o conjunto de emoções (sensações corporais) que a pessoa sente por outra ou por algo, mas o ato de decidir pelo bem ou a favor de outrem ou de algo, independente das circunstâncias. As sensações físicas surgem como consequência da decisão de amar. Muitos estudiosos entendem que as sensações da atração física que uma pessoa sente por outra não podem ser chamadas de amor, ou de algum tipo de sentimento, mas apenas emoções (sensações corporais) consequentes do instinto que leva uma pessoa a sentir atração por outra.”



O ato de compartilhar

Para Osho, o amor é a única religião, o único Deus, o único mistério que tem de ser vivido, compreendido. Quando o amor for compreendido, você terá compreendido todos os sábios e todos os místicos do mundo. Isso é maravilhoso!

As pessoas comuns acham que estão compartilhando, mas elas não têm nada para compartilhar – nenhuma poesia no coração, nenhum amor. Na verdade, quando elas dizem que querem compartilhar, não querem dar nada, porque não têm nada para dar. Elas estão em busca de alguém que lhes dê algo, e o outro está no mesmo barco. Ele está procurando tirar algo de você, e você está tentando tirar algo dele. Ambos estão, de certo modo, tentando roubar algo do outro, ensinava o filósofo. Na obra ‘A Essência do Amor’, Osho narra o assunto com muita propriedade. Foi em sua obra que eu encontrei a melhor definição sobre o amor.

Diz que desconhecia o amor até chegar ao sétimo casamento. Alguma sugestão?


“QUANDO se compreende o significado da unidade deixa de ser preciso esperar algo em troca. Amar é isto: ‘Quero para ti o que queres para ti, sem te barrar o caminho ou dizer-te o que não podes fazer’. O amor genuíno proporciona a liberdade plena, sem nada esperar de volta. Se vivêssemos assim os nossos casamentos, não haveria divórcios.”    

·        Neale Donald Walsch, escritor


Quando a pessoa se liberta, essa liberdade torna possível o compartilhamento. Ela dá muito de si, mas sem que isso seja uma necessidade; dá muito de si, mas não faz disso um comércio. Ela dá muito de si porque tem muito para dar. Ela dá muito de si porque gosta de se dar.

Osho distingue dois tipos de amor. Um é o amor que acontece quando você está se sentindo solitário: por necessidade você busca o outro. O outro amor surge quando você não está se sentindo solitário, apenas só. No primeiro caso, você sai em busca de alguma coisa; no segundo, você sai em busca de dar alguma coisa.

Como escreve Paul Tillich, teólogo e filósofo da religião: “A linguagem criou a palavra solidão para expressar a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho”.

“A capacidade de estar sozinho é a capacidade de amar. Pode parecer paradoxal para você, mas não é. Trata-se de uma verdade existencial: só as pessoas capazes de ficar sozinhas são capazes de amar, de compartilhar, de mergulhar no âmago mais profundo da outra pessoa – sem possuir o outro, sem se tornar dependente dele, sem reduzir o outro a um objeto, e sem ficar viciada no outro. Elas dão ao outro liberdade absoluta, pois sabem que, se o outro as deixar, elas serão felizes como são agora. A felicidade delas não pode ser levada pelo outro, pois não é concedida pelo outro. Elas adoram compartilhar; elas têm tanta alegria, que gostariam que essa alegria se derramasse sobre todas as pessoas. E sabem como tocar a vida como se ela fosse um instrumento solo”, pregava Osho.     






O amor genuíno alia a inteligência do coração, a razão e a espiritualidade, trazendo um novo significado para a vida através de conceitos que transcendem o imaginável. O amor genuíno traz algo maior que si próprio.





“Os corações estão envenenados pela mitologia romântica. A mitologia construída em torno do amor nos afasta do real significado e da genuína experiência desse sentimento. O arcabouço de imagens e conceitos propagados pelo cinema, pela literatura e pela mídia mantém acesa a crença de que tudo vai ficar bem quando formos arrebatados pelo par perfeito. Entretanto, ao depositarmos o amor fora de nós e ao confundi-lo com o apego, sofremos. E muito. O verdadeiro amor não depende de nada nem de ninguém”, dita a filosofia Brahma Kumaris. A Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris, conhecida no Brasil como Organização Brahma Kumaris, é uma entidade não governamental criada na Índia em 1937, com o objetivo de promover valores humanos, morais e espirituais universais.

No entender dessa filosofia, o amor não pode ser requerido, possuído, ele não pode ser retirado de outra pessoa. O amor não é algo que repousa fora de nós. Contudo, existe a ilusão de que devemos procurá-lo, conquistá-lo. E, na verdade, ele é o que todos nós somos. Sofremos porque não sabemos onde está a verdadeira fonte do amor. Tal compreensão tem de ser combinada com a jornada interior de cada um, jornada que conduz ao coração do ser, ao autêntico ‘self’ – consciência que anima o corpo físico. Apenas ali o amor existe. Meditação, contemplação e autorreflexão são caminhos que levam à realização do ‘self’. O que vemos no espelho não é nosso ‘eu’ verdadeiro, apenas nossa forma física. O ‘eu’ verdadeiro aloja-se na consciência. Essa é a fonte da energia chamada amor, um estado de consciência, uma elevada vibração, em última análise, quem nós somos.



Transcendentalidade


Para a Brahma Kumaris, a travessia se torna mais fácil quando temos ao lado alguém que já tenha percorrido a mesma trilha, que nos ajude a entender nossa própria experiência e a enxergar os erros que estamos cometendo. Essas guias só podem prestar auxílio. A mudança depende de cada um.


Apesar da intensa interação entre as pessoas nas redes sociais, muitos se sentem solitários e não conseguem encontrar um grande amor


“Esse é um grande paradoxo. As pessoas pensam que têm amigos como nunca antes, mas a maioria dos chamados amigos se encontra apenas no meio virtual. Há, portanto, um mundo de aparente comunicação, mas de uma incrível separação. Daí a sensação de isolamento. As redes sociais vendem a ilusão de aproximar as pessoas, mas, na prática, as afastam. Tais ferramentas estão matando nossa capacidade de nos relacionarmos verdadeiramente. Essa é uma falsa fome de amor, pois sinaliza a busca por segurança, aprovação e apreciação vinda das outras pessoas. Essa fome se abastece da ilusão de que precisamos receber afeto dos outros para nos sentirmos bem. É por isso que hoje existe tanto alarde em torno da autoestima.


Muitas relações estão calcadas em laços de dependência emocional extrema, o que resulta em desrespeito à individualidade do outro. Como estar junto sem ferir a liberdade do parceiro?


“O segredo é não desejar nada do outro. O amor verdadeiro pressupõe não exigir retribuição, pois tudo de que preciso já tenho em mim – basta descobrir como acessar a fonte e, depois, aprender a me doar, sem esperar que nada venha de fora. Do contrário, surgem a dependência, o vício e a infelicidade e daí nascem as expectativas que, quando frustradas, nos fazem sofrer.


É tão difícil não criar expectativas num relacionamento...


“ISSO é o que aprendemos desde pequenos, o que ensinamos para nossas crianças, o que as pessoas fazem: procurar o amor, desejá-lo, possuí-lo. Porque nos fizeram acreditar que precisamos de alguém para nos fazer felizes. Isso é uma crença, não a verdade. Para exercitar o desapego, é preciso aprender mais sobre si mesmo. Quando você sabe quem é, consegue quebrar a dependência, romper o desapego. Para me conectar com o outro, preciso antes me conectar comigo mesmo e elevar minha consciência, trabalhar pelo meu despertar interior, pela qualidade da minha existência. É por isso que exercícios de interiorização são tão importantes. Infelizmente, a maioria das pessoas vive ocupada, exigindo ou tentando receber coisas dos outros. Isso nos rouba a chance de nos conhecer, quando esta é a única maneira de construir uma relação sobre bases sólidas, livre da dependência e do apego.


Um relacionamento equilibrado apresenta quais características?


“HÁ um mútuo doar e receber. O encontro é considerado saudável quando aceitamos o outro como ele é, não demandamos nada dele, quando não dependemos do outro para nos sentir felizes e amados. E se surgirem expectativas e não forem atendidas pelo outro, nós não perdemos a felicidade. É como um pai que espera que os filhos façam isso ou aquilo. Mas, se eles não se comportarem da forma esperada, ele não vai ficar infeliz. Quando os filhos percebem essa atitude, não se sentem responsáveis pelos sentimentos paternos. Com os casais é igual: se o par não tem expectativas, um ilumina o outro.


Casamento dá trabalho?


“NÃO é o relacionamento que precisa ser trabalhado e sim o indivíduo. Se estamos sofrendo no casamento não é por causa do outro, é por nossa causa. As pessoas enfrentam muitos problemas na vida conjugal porque não se conhecem e desconhecem o verdadeiro sentido do amor. Porque quando nos autoavaliamos compreendemos que o outro não é responsável pelos nossos sentimentos. Só tomando consciência disso seremos capazes de gerenciar nossos sentimentos, emoções, pensamentos e tensões. Daí, conseguimos direcionar a energia certa para o relacionamento, sem esperar nada em troca. Devido à memória do sofrimento, a vibração do amor diminui, o que acaba bloqueando o coração. Temos de perceber que ninguém nos magoou. Nós nos magoamos. É melhor responder conscientemente sem a interferência do emocional. Nesse sentido, o perdão não é destinado ao outro, mas a nós mesmos. Eis a chave para a cura. O verdadeiro perdão significa desapegar-nos da memória da dor, deixá-la ir embora. Mas fazemos o contrário. Repetimos a mesma história milhares de vezes, nos identificamos com ela e nos deixamos abater pela dor. O desafio é nos desapegar e começar todos os dias com o coração fresco.”


“PRECISAMOS nos doar para que as coisas aconteçam. Zelar pelo crescimento da nossa companhia.”

·        autor desconhecido  



 O amor sob a sua forma mais elevada revela valores que sem ele ficariam ignorados



“O AMOR é sábio, o ódio é tolo. Nesse mundo que está cada vez mais interconectado, nós temos que aprender a tolerar uns aos outros, nós temos que aprender a aceitar o fato de que algumas pessoas dizem coisas que não gostamos. Nós precisamos aprender a bondade da caridade e da tolêrancia. Que é absolutamente vital para a continuação da vida humana neste planeta.”

·        Bertrand Russell, filósofo



 “AMOR para mim é ser capaz de permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo. Isso é o mais pleno amor. Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é.”

·        Adélia Prado, escritora



“O AMOR é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

·        Paulo de Tarso, apóstolo dos gentios



“SER incansável capacita-me a levar meus esforços até o final. Incansabilidade permite-me estar sempre doando e ainda assim permanecer preenchido.”

·        Kiran Coyote, ‘As Virtudes Divinas’, editora Brahma Kumaris



“A VIDA só se dá pra quem se deu.”

·        Vinicius de Moraes



“O HOMEM tem duas faces: não pode amar ninguém, se não se amar a si próprio.

·        Albert Camus



“EXISTE tanto amor em nós, mas frequentemente somos tímidos ao expressá-lo e acabamos mantendo-o encerrado dentro de nós.

Amor intenso não se avalia, apenas se dá.”   

·        Madre Teresa de Calcutá






A ideia do padre Fábio de Melo

“A proposta de Jesus não é simples: pelo contrário, é muito sofisticada. O estatuto ético que se desdobre de Seus ensinamentos é exigente. O apóstolo faz uma metáfora significativa. É a busca pelas ‘coisas do alto’, isto é, o empenho diário em vencer o adâmico que está em nós, assumindo a proposta de Jesus como regra de vida. Buscar o que de mais sublime podemos conhecer. Essa busca esbarra no nosso jeito de ser. Recruta o amadurecimento humano, a travessia, o êxodo que nos liberta das escravidões impostas pelo ‘indivíduo’, até chegarmos à liberdade do ‘ser pessoa’.

Na cultura judaica, ‘ser pessoa’ consiste em se possuir para se dispor. Não é possível ‘ser pessoa’ apenas em um dos pontos do processo. Quem se tem, mas não se dispõe, nunca ultrapassa a condição de indivíduo. O ‘ser pessoa’ se firma no ter-se para doar-se. Tenho posse do que sou e me dou. Pode parecer utópico, mas quem vive sem uma utopia? Eu acredito realmente na possibilidade de que essa reflexão possa nos esclarecer sobre as incoerências que nos visitam. Ser cristão e ‘ser pessoa’ são conceitos complementares. O Evangelho é meu ponto de partida. É a partir dele que compreendo minhas incoerências e insuficiências. E assim eu pratico um cristianismo que funciona como terapia. Eu me curo de mim, supero minha individualidade, tomo posse de minhas possibilidades. O Evangelho possui uma força capaz de me levar a um Fábio melhor do que eu já fui até hoje. Acredito nesse movimento. Como você mesmo disse, Karnal, os ‘fabistas’, aqueles que de alguma forma se identificam comigo, também querem viver o mesmo empenho. Recebo com muita frequência o testemunho de pessoas de outras denominações religiosas que de alguma forma se identificam com o meu ministério.” 
       





“EU, meu caro, não acredito no amor de todos por todos. A quantidade de amor é muito reduzida. Um homem pode amar cinco homens e mulheres, talvez dez, às vezes até quinze. E mesmo assim, só raramente. Mas se vem um homem e me declara que ele ama todo o Terceiro Mundo, ou que a América Latina, ou que ama o sexo feminino, isso não é amor, mas pura fraseologia. Ditos da boca para fora. Palavra de ordem. Não nascemos para amar mais do que um pequeno punhado de pessoas. O amor é um evento íntimo, estranho e cheio de contradições, pois mais de uma vez nós amamos alguém por amor a nós mesmos, por egoísmo, por cupidez, por desejo físico, por vontade de dominar o amado e subjulgá-lo, ou, ao contrário, devido a uma espécie de desejo de ser dominado pelo objeto de nosso amor, e geralmente o amor se parece muito com o ódio e é mais próximo dele do que imagina a maioria das pessoas.”

·        Amos Oz, escritor e ativista político israelense



“TOMEM cuidado com o forte apego exclusivo a uma outra pessoa; ele não é, como algumas pessoas pensam, prova da pureza do amor. Esse amor encapsulado, exclusivo – que se alimenta de si próprio, não se dedicando nem dando importância aos outros – está destinado a desmoronar sobre si mesmo. O amor não é apenas uma centelha de paixão entre duas pessoas; há uma distância infinita entre se apaixonar e permanecer apaixonado. Mais propriamente, o amor é um modo de ser, um ‘dar a’, não um ‘enamorar-se de’; de um modo de se relacionar com um todo, não um ato limitado a uma única pessoa.”  

·        Irvin D. Yalom, escritor americano



Desejar a felicidade do companheiro pode significar, às vezes, abrir mão da própria felicidade


“ELA se interessou por outra pessoa. ‘Nesse último mês nós dois estávamos infelizes. Agora pelo menos ela está feliz’, pensou o marido.
Não há uma definição do amor romântico que agrade a todos. Para os pragmáticos, o amor é algo que inventamos para satisfazer uma necessidade. Para os céticos, é uma surpresa! Para quem sempre escolhe a pessoa errada, amar é sofrer. Para os obcecados, significa estreitar seu foco sobre um único objeto de desejo. Para as pessoas de pensamento estratégico, amar significa priorizar o bem-estar do (da) amado (a), porque a felicidade dele (a) aumenta a sua própria.
E então ele optou por arriscar perder sua mulher em favor da felicidade dela, não da dele.

·        Michael Kepp, jornalista americano radicado no Brasil



“O AMOR não pode ser comprado, negociado ou transferido. O amor não cresce no terreno da coação, da força e do controle. Ele exige os terrenos férteis da liberdade e espontaneidade para florescer. Só se ama quando se é livre!
·     Augusto Cury, médico, psiquiatra e psicoterapeuta


“O POETA Vinicius de Moraes ensinava a amar porque não há nada melhor para a saúde que um amor correspondido.”

·        Luiz Felipe Pondé, filósofo



"O AMOR não age com interesses; o egoísmo é falta de amor. O amor vive de dar e perdoar e o egoísmo vive de tomar e esquecer."

·        Sathya Sai Baba: líder espiritual, filantropo e educador



“O AMOR é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição.”

·        Aristóteles, filósofo grego




Platão explica: o desejo é falta


“O exemplo do amor, do casal. Lembrem-se de Marcel Proust em ‘Em Busca do Tempo Perdido’: "Albertine presente, Albertine desaparecida..." Quando ela não está presente, ele sofre atrozmente: está disposto a tudo para que ela volte. Quando ela está presente, ele se entedia: está disposto a tudo para que ela vá embora. Não há nada mais fácil do que amar quem não temos, quem nos falta: isso se chama estar apaixonado, e está ao alcance de qualquer um. Mas amar quem temos, aquele ou aquela com quem vivemos, é outra coisa! Quem não viveu essas oscilações, essas intermitências do coração? Ora amamos quem não temos, e sofremos com essa falta: é o que se chama de um tormento amoroso; ora temos quem já não nos faz falta e nos entediamos: é o que chamamos um casal.”

          ·        André Comte-Sponville: filósofo materialista, racionalista e humanista francês




“AMOR é um deus exilado nos corações humanos.”

·        Leonardo Boff: teólogo, escritor, filósofo e professor universitário, expoente da teologia da libertação no país e conhecido internacionalmente por sua defesa dos direitos dos pobres e excluídos.



“O AMOR genuíno é uma expressão de produtividade e implica cuidado, respeito, responsabilidade - e conhecimento. Não é um ‘afeto’, no sentido de ser afetado por alguém, mas um esforço ativo pelo crescimento e felicidade da pessoa amada, enraizado na própria capacidade de amar que alguém tem.”

·        Erich Fromm: psicanalista, filósofo e sociólogo alemão




(clique na foto para ampliar o texto)


“NUNCA amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor.” 

         ·        Fernando Pessoa: poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. É o mais universal poeta português.






“O AMOR não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre, porque vive no
íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece.”

“O AMOR dilui as sombras dos sentimentos negativos, imprimindo o selo da mansidão em todos os atos.”

“AMA, sem aguardar resposta.”

·        Joanna de Ângelis: guia espiritual do médium Divaldo Franco. A obra atribuída a ela é composta por dezenas de livros, muitos deles traduzidos para diversos idiomas, versando sobre temas existenciais, filosóficos, religiosos, psicológicos e transcendentais.


“O AMOR é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”

·        Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro


“O AMOR comum é egoísta, obscuramente enraizado em desejos e satisfações. O amor divino é incondicional, ilimitado, imutável.” 
·        Paramahansa Yogananda, iogue e guru indiano




Henry Wadsworth Longfellow, poeta estadunidense


O amor verdadeiro guarda em si um caráter construtivo e, por ser assim, tem a capacidade de despertar o que há de melhor em nós e expandi-lo aos demais.


“Em outro extremo, existe o ‘falso amor ou amor possessivo’, que priva a liberdade pessoal e provoca estresse, ansiedade e angústia, pois age por meio da manipulação, do controle, da humilhação e da violência verbal ou física. Trata-se de um sentimento disfuncional, que, a meu ver, não deveria receber a denominação de amor. No entanto, em nossa cultura, muitos denominam esse tipo de relação afetiva de amor, mesmo que esse título venha acompanhado de adjetivos pejorativos, amor venenoso, amor sofrido, amor atormentado, amor viciado, entre outros. Em nossa cultura musical, observamos esse tipo de amor expressado em letras de cunho dramático romântico, que alimentam esses sentimentos destrutivos e disfuncionais.
Não tenho nada contra músicas românticas ou de ‘fossa’. Devemos, sim, ouvi-las e cantá-las, mas como recreação ou forma de catarse, sem considerá-las uma forma normal de vivenciar ou alimentar sentimentos que desencadeiam tanta dor, estresse e sofrimento, causando ansiedade e angústia.”

·        Ana Beatriz Barbosa Silva, psiquiatra



O avesso do amor


“É curioso ver que muitos não aprendem com suas desilusões e seus fracassos nos relacionamentos e seguem acreditando que obterão felicidade através do outro. Essa fantasia se mantém por algum tempo, enquanto cada um vive sua vida e o casal se encontra de vez em quando. Mas quando resolvem morar juntos, a verdade aparece. Logo, a relação vira um campo de batalha. Isso ocorre porque as pessoas não querem alguém para amar, elas querem alguém para satisfazer às suas necessidades e aos seus caprichos. Elas querem se tornar donas do outro. E o pior é que a grande maioria acredita que essa obsessão em possuir é amor.” 


·        Sri Prem Baba, mestre espiritual brasileiro



“Sócrates considerava o amor como condição necessária para a autorrealização, processo pelo qual nos tornamos seres mais humanos. O amor não é o conjunto de emoções (sensações corporais) que a pessoa sente por outra ou por algo, mas o ato de decidir pelo bem ou a favor de outrem ou de algo, independente das circunstâncias. As sensações físicas surgem como consequência da decisão de amar. Muitos estudiosos entendem que as sensações da atração física que uma pessoa sente por outra não podem ser chamadas de amor, ou de algum tipo de sentimento, mas apenas emoções (sensações corporais) consequentes do instinto que leva uma pessoa a sentir atração por outra.”

·        Lígia Florio, médica psiquiatra




“O AMOR não se manifesta pelo desejo de fazer amor, mas pelo desejo do sono compartilhado.”

·        Milan Kundera, escritor checo-francês






“EU sou uma banheira transbordando sentimentos. E não tem ninguém para fechar a torneira.”


“JAMAIS alguém fez algo totalmente para os outros. Todo amor é amor próprio. Pense naqueles que você ama: cave profundamente e verá que não ama a eles; ama as sensações agradáveis que esse amor produz em você! Você ama o desejo, não o desejado.” 


“SE houver amor em sua vida, isso pode compensar muitas coisas que lhe fazem falta. Caso contrário, não importa o quanto tiver, nunca será o suficiente.”


“A MENOR das felicidades, se, simplesmente, é ininterrupta e faz feliz ininterruptamente, é, sem comparação, mais felicidade do que a maior delas, que venha somente com um episódio.”

  ·        Friedrich Nietzsche: filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão




O amor não acaba, nós é que mudamos 


“Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?


O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são substituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantêm os mesmos.


Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito. [...]”


              ·        Martha Medeiros, 1961, de Porto Alegre (RS): jornalista, escritora, aforista e poetisa



A antropóloga Mirian Goldenberg perguntou para mulheres de 18 a 50 anos: Que homem você gostaria de ter como parceiro?


·        Folha de S.Paulo, 3/10/2017, ‘Você quer um parceiro mais ou menos?’   


A grande maioria respondeu: "O meu". No entanto, muitas fizeram algum adendo: "O meu, mais romântico", "o meu, mais carinhoso" e ainda: "o meu, mais fiel". Elas ainda adicionaram que gostariam que o parceiro fosse mais alto, mais forte, mais bonito, mais poderoso, mais rico, mais bem-sucedido, mais inteligente, mais divertido, mais companheiro, mais amigo, mais atencioso, mais sensível, mais gentil, mais responsável, mais sincero, mais corajoso, mais maduro, mais calmo, mais gostoso, mais cheiroso etc.


Perguntou para homens da mesma faixa etária: Que mulher você gostaria de ter como parceira?


A maior parte deles respondeu: "A minha". Muitos disseram: "A minha, menos exigente", "a minha, menos ciumenta" e "a minha, menos chata".

Também disseram "a minha" menos briguenta, menos reclamona, menos mal-humorada, menos complicada, menos insegura, menos ansiosa, menos tensa, menos nervosa, menos estressada, menos crítica, menos dura, menos perfeccionista, menos dependente, menos carente, menos pegajosa, menos peluda etc.

O sociólogo Pierre Bourdieu escreveu que, na lógica da dominação masculina, as mulheres procuram homens que sejam superiores a elas: mais altos, mais fortes, mais velhos, mais ricos, mais poderosos etc. Nessa mesma lógica, os homens precisam ser fortes, potentes, viris, bem-sucedidos e as mulheres deveriam ser delicadas, submissas, discretas, apagadas, invisíveis.

Portanto, os homens se mostrariam insatisfeitos com as partes de seu corpo que consideram pequenas demais enquanto as mulheres dirigiriam suas críticas às regiões de seu corpo que percebem como grandes demais.

A lógica da dominação masculina ajuda a compreender homens que, mesmo sendo altos e fortes, querem "crescer" cada vez mais. Também ajuda a entender mulheres jovens e magras que se enxergam como gordas e velhas. Elas gostariam de "diminuir" o peso e a idade.

Será que as mulheres, ao desejarem homens que sejam "mais", maiores ou superiores (e acreditando que elas deveriam ser "menos", menores ou inferiores), percebem que estão, mesmo que de forma inconsciente, fortalecendo a lógica da dominação masculina?




  

O psicólogo Eli Finkel cria 'kit de reparo' para descontentamento no casamento
·        John Tierney (do New York Times), Folha de S.Paulo, 3/10/2017

“Após estudar milhares de casais, o psicólogo Eli Finkel tem uma explicação para o declínio na satisfação das pessoas com seus casamentos: é uma questão de oferta e procura emocional.

Muitas pessoas buscam nos cônjuges o companheirismo e o apoio emocional que antes era fornecido por famílias grandes e instituições locais, como igrejas e clubes.

Ao mesmo tempo, porém, muitos casais estão tão ocupados com os seus empregos e a criação dos filhos que acabam passando menos tempo juntos.


O que fazer?

A menos que se queira reduzir a procura, a única solução é aumentar a oferta.

É possível se dedicar mais à satisfação do cônjuge, e Finkel explica como fazer isso em seu novo livro ‘The All-or-Nothing Marriage’ (em tradução livre, ‘O Tudo ou Nada do Casamento’, ainda sem lançamento previsto no Brasil.

Se isso parecer muito trabalhoso para você, ele também oferece alguns atalhos, aos quais dá o nome de "ferramentas do amor".

Caso sua agenda não permita uma noite romântica semanal ou férias conjuntas, é possível usar opções testadas com sucesso no laboratório de relacionamentos de Finkel, na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.

Na definição do pesquisador, uma ferramenta do amor é uma técnica comprovada que requer pouco ou nenhum esforço e nem sequer exige cooperação do cônjuge.

"É uma opção curta e grossa que pode custar alguns minutinhos por mês. Não vai resultar em um casamento excelente, mas pode certamente melhorar as coisas. Afinal, o simples fato de o relacionamento sair da lista de prioridades provavelmente irá gerar estagnação ou coisa pior", diz.


Toque o cônjuge

Segurar a mão pode render pontos mesmo quando não se há essa intenção, como demonstrou um experimento com casais que assistiam a um vídeo juntos.

Algumas pessoas foram instruídas a não tocar no companheiro durante o vídeo, enquanto as outras deveriam tocá-lo de "forma positiva, quente e confortável".

O resultado obtido revelou que quem foi tocado relatou ter mais confiança em ser amado pelo parceiro – mesmo sabendo que as ações do cônjuge eram ditadas pelos pesquisadores.

Seu lado racional sabia que o ato de segurar a mão não era um gesto espontâneo de afeto, mas eles se sentiram melhores mesmo assim.


Precipitados

Se seu parceiro fizer algo errado – como não ligar de volta – não exagere na interpretação. Pesquisadores concluíram que uma das maiores diferenças entre casais felizes e infelizes é o estilo mais ou menos compreensivo ao explicar a ofensa do outro.

Os casais infelizes costumam atribuir automaticamente algo como um telefonema não retornado a um defeito interno permanente do companheiro (‘ele é egoísta demais para se preocupar comigo’) em vez de a uma situação externa temporária, como um dia de trabalho muito puxado.

Quando algo dá errado, antes de tirar conclusões sobre culpa, reserve alguns instantes para pensar em outras explicações possíveis.

Em um experimento realizado em Chicago, nos EUA, ao longo de dois anos, Finkel fez entrevistas periódicas com 120 casais, com perguntas sobre o casamento. Durante o primeiro ano, a satisfação com o casamento caiu.

No começo do segundo ano, um subgrupo desses 120 casais foram instruídos a experimentar algo novo quando estivessem brigando.

Pense nessa discordância com o cônjuge a partir da perspectiva neutra de um terceiro, que deseja o melhor para todos os envolvidos. Uma pessoa que veja as coisas de um ponto de vista de fora. Como essa pessoa pode pensar no desentendimento? Como pode ver algo de positivo nessa discussão?

Novamente, esse pequeno exercício fez uma grande diferença. Ao longo do segundo ano, a satisfação marital se estabilizou nesses casais, enquanto continuava a cair no grupo de controle, que não foi instruído a usar a técnica da perspectiva de uma pessoa fora do relacionamento.


Gratidão

Uma vez por semana, anote algumas coisas que o cônjuge fez para "investir no relacionamento".

Em uma experiência, alguns participantes foram instruídos a fazer isso. Outros participantes deviam listar o que haviam feito para investir na relação.

Aqueles que se elogiaram, logo em seguida se sentiram um pouco mais comprometidos com o relacionamento. Mas os participantes que registraram as contribuições dos companheiros se sentiram muito mais comprometidos - além de, sem surpresas, muito mais gratos em relação aos cônjuges.



Aceite um elogio

Um dos fatores mais comuns em casamentos fracassados é a "sensibilidade à rejeição" de um dos parceiros.

Pessoas com autoestima baixa acham difícil acreditar que são amadas de verdade, então costumam deixar de lado o afeto do cônjuge para não serem magoadas pela rejeição que já esperam. Por fim, o pior temor se torna realidade quando o comportamento defensivo acaba afastando a outra pessoa.

Ao testar maneiras de controlar essa ansiedade, pesquisadores solicitaram a pessoas inseguras que relembrassem um elogio específico do parceiro.

Fazer um relato detalhado da situação e do cumprimento não teve qualquer efeito, aparentemente porque os inseguros poderiam considerá-lo uma aberração da sorte.

Entretanto, houve um efeito notável quando as pessoas foram convidadas a pensar no elogio de forma abstrata. "Explique por que seu parceiro o admirou. Descreva o que significou a você e seu significado no relacionamento." Esse exercício ajudou a entender por que o parceiro poderia gostar mesmo deles.



Pequenas vitórias

Quando o cônjuge contar algo que deu certo no seu dia, mostre-se empolgado. Faça perguntas para que ele conte mais a respeito. Injete entusiasmo na voz. Pesquisadores chamam isso de ‘tentativa de capitalização’.

Quando pesquisadores estudaram casais que aprenderam a usar essas técnicas nas conversas noturnas, revelou-se que os parceiros se deliciavam mais com suas vitórias e os dois terminavam se mais próximos. Ao compartilhar a alegria, todos saem ganhando – e, fazendo o papel de uma eficaz ferramenta do amor, não demora nada.”






O sentido da vida revelado no amor

           ·        Thomas Merton: escritor católico do século XX. Monge trapista da Abadia de Gethsemani, Kentucky, foi poeta, ativista social e estudioso de religiões comparadas. Escreveu mais de setenta livros, a maioria sobre espiritualidade, e também foi objeto de várias biografias.

“O amor é o nosso verdadeiro destino. Não encontramos o sentido da vida sozinhos, e sim com outro. Não descobrimos o segredo de nossas vidas apenas por meio de estudo e de cálculo em nossas meditações isoladas. O sentido de nossa vida é um segredo que nos tem de ser revelado no amor, por aquele que amamos. E, se esse amor for irreal, o segredo não será encontrado, o sentido jamais se revelará, a mensagem jamais será decodificada. No melhor dos casos, receberemos uma mensagem embaralhada e parcial, que nos enganará e confundirá. Só seremos plenamente reais quando nos permitir-nos amar — seja uma pessoa humana ou Deus.”

“Muitas vezes nossa necessidade dos outros não é absolutamente amor, mas apenas a necessidade de sermos sustentados em nossas ilusões, assim como sustentamos as dos outros. Mas, quando renunciamos a essas ilusões, então podemos ir ao encontro dos outros com verdadeira compaixão. É na solidão que as ilusões finalmente se dissolvem."


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Um comentário:

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