O amor comum é egoísta, obscuramente enraizado em
desejos e satisfações. Como cita Fernando Pessoa, nunca amamos ninguém; é a nós
mesmos que amamos ...
ACHAMO-NOS normais. Acreditamos que nos relacionamentos com os
mais próximos (família, amigos, e outros menos próximos) somos até bem
camaradas. Mas quem é capaz de surpreender habitual e DESINTERESSADAMENTE o
outro? Em que sentido seria isso? Fazer algo que não ocorre rotineiramente, como
um elogio inesperado... Porque há ideias embutidas no subconsciente da
‘normalidade’, do tipo: ‘isso não é minha função, mas do outro’... Daí a gente
vai e faz, ainda que lidando com uma pessoa egoísta. Bom mesmo é a sensação de
quem age assim! Por se tratar de uma pessoa preenchida de amor, que precisa compartilhá-lo.
Quando alguém desperta neste sentido, age naturalmente! Por vezes, o outro pode
até se surpreender, mas ainda não está pronto para se desvencilhar de si mesmo
e descobrir o amor incondicional, esse desejo silencioso de compartilhar a
‘felicidade genuína’, ou seja, a paz permanente. Esse é um caminho que
transcende a normalidade. Ponto. Albert
Camus, filósofo francês, acredita que o homem tem duas faces: ‘não pode
amar ninguém, se não se amar a si próprio’. Por sua vez, Anthony Strano, escritor, conta que, através da história, pode-se
ver que as pessoas genuinamente espirituais, que despertaram a consciência
divina, normalmente expressaram-na através do desejo de servir: ‘se alguém ama,
doa’.
“O que significa
o Amor Incondicional, em
sua essência? “Ele é tão divino que o humano tem dificuldade
até de compreender a expressão. É o caminhar na vida levando compaixão,
compreensão, perdão, tolerância, desapego. É dar valor ao que realmente tem
valor, é não ficar preso a palavras, gestos, fatos, eventos, situações
emocionais; é relevar com compaixão as mágoas, as injustiças, as decepções vividas
no nosso cotidiano. É compreender que tudo isso é muito pequeno comparado à
grandeza da alma, à grandeza da vida...
“Amar
incondicionalmente é amar além, apesar das ilusões; é amar sem esperar retorno,
pois o retorno real é Divino, o retorno real é a simples alegria de
expressarmos o amor. A verdadeira felicidade é termos a capacidade de expressar
o amor. O amor desinteressado.
· https://www.dicionarioinformal.com.br/amor+incondicional/
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... porque na intimidade
as nossas vulnerabilidades são expostas
Li recentemente
um texto, ‘Ego Espiritual X
Relacionamentos’, de autoria desconhecida. Tentei descobrir a origem, mas
em vão. Trata-se de interessante reflexão sobre relacionamentos. ‘A gente pode
ter força espiritual, meditar diariamente, ser muito generoso, vegetariano, mas
se não sabe se relacionar, nada de se achar evoluído!
É claro que
tudo isso nos conduz a um lugar melhor de nós mesmos. É maravilhoso fazer tudo
isso. Mas não basta! Todas essas coisas são parte do caminho, parte do
caminhar. Todas essas formas de nos acessarmos fazem parte da teoria, mas a
prática mesmo são os relacionamentos.
O
difícil é trazer tudo isso para o dia a dia nas relações pessoais. Porque é
nelas que experimentamos intimidade e na intimidade as nossas vulnerabilidades
são expostas. É aí que mostramos mesmo quem somos. É aí que as nossas sombras
aparecem. E é aí, no dia a dia das relações, que podemos trabalhar para
melhorar, cita o texto.
“É preciso reconhecer que se nos julgamos melhores ou mais evoluídos porque não
comemos carne, porque produzimos menos lixo, porque andamos de bicicleta ou por
qualquer outra coisa, não necessariamente somos mais evoluídos. Porque seres
evoluídos não se comparam e não competem; são o que são, sabem disso e não
precisam provar para ninguém. Então, se alguém descobre que o seu lado
espiritual está gritando em seu interior, é para ficar feliz por estar se
tornando consciente de sua essência, porque só assim é possível o
amadurecimento humano.”
Para
encontrar a Divindade interior, eu preciso desamarrar-me de todos os conceitos
que me foram dados do lado de fora, porque Deus habita ali, o meu interior. “A
imagem de Deus não existe, nenhuma estátua é possível. Deus é uma experiência!
Se você tiver a ideia de um Deus que seus pais e sua sociedade têm dado a você,
você vai absorver essa ideia, que será um obstáculo, impedindo-lhe que seja o
que é, verdadeiramente”, lembra Osho,
filósofo indiano.
“Quando a gente desperta nesse sentido, começa então a observar que não
é o outro que muda. A melhor maneira de mudar o modo como o outro interage com
você é mudando a si mesmo. Ninguém tem controle sobre o que o outro faz ou diz.
Em contrapartida, todo mundo pode se transformar. A condição indispensável para
o processo de autotransformação é vontade. É preciso fazer o trabalho
necessário para mudar hábitos e comportamentos. Ao mudar a forma de atuar no
mundo, a gente está mudando a configuração que determina o modo como a gente
estabelece e mantém vínculos com os outros. Esse
é o verdadeiro poder de transformação que alguém pode ter. Pensar e agir de
forma diferente, para adquirir uma nova percepção do que acontece em sua volta.
Como consequência, as outras pessoas passam a responder positivamente a essa
nova percepção.”
Amor incondicional: o melhor conceito
Eu já encontrei variadas definições sobre o amor. Não o amor movido pela troca de
interesses pessoais; o amor alimentado com expectativas de felicidade em função
do retorno de outras pessoas pode ser frustrante. Mas, o amor verdadeiro, o
sentimento compartilhado serena e desinteressadamente, a todos indistintamente.
A
autoestima é a capacidade de gostar de si mesmo, de se sentir bem e confiante,
mesmo quando as circunstâncias são desfavoráveis, adotando-se a tolerância e o
entendimento. Porque prazer não é sinônimo de felicidade. ‘Serenidade’, sim, é
o estado permanente de felicidade. Tudo o que uma pessoa atinge com a
maturidade, a cada resto do primitivo sentimento de onipotência superado com a
sua experiência, contribui para solidificar o sentimento puro dentro de si, ou
seja, para fazer desabrochar a presença divina dentro do seu interior. Alguém
citou: ‘Eu não devo buscar deuses exteriores, mas o ‘Deus interior’, o eterno
dentro de mim’.
O amor puro é tanto,
que precisa ser compartilhado
“Solitude é o estado de privacidade de uma pessoa, não
significando, propriamente, estado de solidão. Solitude é o isolamento ou reclusão voluntário,
quando o indivíduo busca estar em paz consigo mesmo. Diferente da solidão que,
em sua essência, é o estado emocional do indivíduo que deseja ardentemente uma
companhia e não a tem. Um indivíduo pode estar cercado de amigos, em meio a um
salão de festas muito animado, e ainda assim estar corroído pela solidão. Em
alguns casos, o indivíduo escolhe isso pelas experiências que lhe foram
desagradáveis em algum tempo atrás. Sendo então a solitude uma maneira de
evitar que o mesmo incidente ocorra novamente”, descreve a Wikipédia, a enciclopédia livre.
Para o
filósofo Osho, Deus é um
acontecimento! “Se você estiver em silêncio, aberto, amoroso para o seu próprio
ser, com a consciência desperta, Deus vai acontecer. A qualquer momento, quando
estiver na sintonia certa com a Existência, isso vai acontecer. Deus está lá,
você está lá. Apenas a sintonia certa. Abandonar todas as ideologias ajuda-o a
ficar devidamente atento. E uma vez que esteja em sintonia com a Existência,
isso é ‘felicidade’. Você chegou em casa, em seu interior, transformando-o num
templo divino.”
E quando isso
acontece, não há como ser diferente. Ao vivenciar o Divino dentro de si, o
homem iluminado simplesmente dá. Não porque ele queira receber algo de você –
você não tem nada para lhe dar, ensina Osho.
“O que você tem para lhe dar? Ele dá porque tem muito a dar, está
sobrecarregado. Ele dá porque é como uma nuvem de chuva, tão cheia de chuva que
tem de chover. Não importa onde, sobre o quê – sobre rochas, sobre o solo bom,
sobre jardins, sobre o oceano... Isso não tem a menor importância. A nuvem
simplesmente quer se descarregar. O homem iluminado é simplesmente uma nuvem de
chuva. Ele lhe dá amor; não para receber de volta. Ele o compartilha e fica
agradecido porque você lhe deu essa oportunidade; porque você estava
suficientemente aberto, disponível, vulnerável; porque não o rejeitou quando
ele estava pronto para despejar todas as suas bênçãos sobre você; porque você
abriu seu coração e recebeu tanto quanto estava dentro da sua capacidade."
Osho conduz essa ideia com grande
sabedoria: “Vocês não precisam sequer ser gratos pelo meu amor, porque o meu
amor é a própria recompensa. Em vez de vocês se sentirem gratos, eu é que sou
grato por vocês aceitarem o meu amor. Vocês poderiam tê-lo rejeitado, têm esse
direito. Quando conheci a mim mesmo, conheci um significado totalmente
diferente da responsabilidade. Ela não é uma questão de dever; é uma questão de
compartilhamento. Você tem tanto amor e tanto êxtase que gostaria de
compartilhá-los. E quem quer que esteja pronto para recebê-lo terá a sua gratidão.
Ele é um presente, e não tem causa na pessoa a quem você o está dando. Você o
está dando porque se sente pleno, porque está transbordando. No momento em que
você conhecer a si mesmo em toda a sua totalidade, pela primeira vez será capaz
de ser altruísta, compassivo, amoroso, bondoso, generoso...” Essa é a chave do amor incondicional.
Nessa linha de pensamento,
encaixa-se sabiamente o filósofo Mário
Sérgio Cortella: “Eu preciso transbordar, ir além da minha borda, preciso
me comunicar, preciso me juntar, preciso me repartir. Nesta hora, minha vida
que, sem dúvida, ela é curta, eu desejo que ela não seja pequena”.
O filósofo Sócrates considerava o amor como condição necessária
para a autorrealização, processo pelo qual nos tornamos seres mais humanos. “O
amor não é o conjunto de
emoções (sensações corporais) que a pessoa sente por outra ou por algo, mas o
ato de decidir pelo bem ou a favor de outrem ou de algo, independente das
circunstâncias. As sensações físicas surgem como consequência da decisão de amar. Muitos estudiosos
entendem que as sensações da atração física que uma pessoa sente por outra não podem ser chamadas de
amor, ou de algum tipo de sentimento, mas apenas emoções (sensações corporais)
consequentes do instinto que leva uma pessoa a sentir atração por outra.”
O
ato de compartilhar
Para Osho, o amor é a única religião, o único
Deus, o único mistério que tem de ser vivido, compreendido. Quando o amor for
compreendido, você terá compreendido todos os sábios e todos os místicos do
mundo. Isso é maravilhoso!
As pessoas comuns acham que estão
compartilhando, mas elas não têm nada para compartilhar – nenhuma poesia no
coração, nenhum amor. Na verdade, quando elas dizem que querem compartilhar,
não querem dar nada, porque não têm nada para dar. Elas estão em busca de
alguém que lhes dê algo, e o outro está no mesmo barco. Ele está procurando
tirar algo de você, e você está tentando tirar algo dele. Ambos estão, de certo
modo, tentando roubar algo do outro, ensinava o filósofo. Na obra ‘A Essência do Amor’, Osho narra o assunto com muita
propriedade. Foi em sua obra que eu encontrei a melhor definição sobre o amor.
Diz
que desconhecia o amor até chegar ao sétimo casamento. Alguma sugestão?
“QUANDO se compreende o significado da unidade deixa de ser preciso esperar algo em troca. Amar é isto: ‘Quero para ti o que queres para ti, sem te barrar o caminho ou dizer-te o que não podes fazer’. O amor genuíno proporciona a liberdade plena, sem nada esperar de volta. Se vivêssemos assim os nossos casamentos, não haveria divórcios.”
·
Neale Donald Walsch, escritor
Quando a pessoa se
liberta, essa liberdade torna possível o compartilhamento. Ela dá muito de si,
mas sem que isso seja uma necessidade; dá muito de si, mas não faz disso um
comércio. Ela dá muito de si porque tem muito para dar. Ela dá muito de si
porque gosta de se dar.
Osho distingue dois tipos de amor. Um é o amor que acontece
quando você está se sentindo solitário: por necessidade você busca o outro. O
outro amor surge quando você não está se sentindo solitário, apenas só. No
primeiro caso, você sai em busca de alguma coisa; no segundo, você sai em busca
de dar alguma coisa.
Como escreve Paul Tillich, teólogo e filósofo da religião: “A linguagem criou a palavra solidão
para expressar a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para
expressar a glória de estar sozinho”.
“A capacidade de estar sozinho é a
capacidade de amar. Pode parecer paradoxal para você, mas não é. Trata-se de
uma verdade existencial: só as pessoas capazes de ficar sozinhas são capazes de
amar, de compartilhar, de mergulhar no âmago mais profundo da outra pessoa –
sem possuir o outro, sem se tornar dependente dele, sem reduzir o outro a um
objeto, e sem ficar viciada no outro. Elas dão ao outro liberdade absoluta,
pois sabem que, se o outro as deixar, elas serão felizes como são agora. A
felicidade delas não pode ser levada pelo outro, pois não é concedida pelo
outro. Elas adoram compartilhar; elas têm tanta alegria, que gostariam que essa
alegria se derramasse sobre todas as pessoas. E sabem como tocar a vida como se
ela fosse um instrumento solo”, pregava Osho.
O amor genuíno alia a inteligência do
coração, a razão e a espiritualidade, trazendo um novo significado para a vida
através de conceitos que transcendem o imaginável. O amor genuíno traz algo
maior que si próprio.
“Os corações
estão envenenados pela mitologia romântica. A mitologia construída em torno do
amor nos afasta do real significado e da genuína experiência desse sentimento.
O arcabouço de imagens e conceitos propagados pelo cinema, pela literatura e
pela mídia mantém acesa a crença de que tudo vai ficar bem quando formos
arrebatados pelo par perfeito. Entretanto, ao depositarmos o amor fora de nós e
ao confundi-lo com o apego, sofremos. E muito. O verdadeiro amor não depende de
nada nem de ninguém”, dita a filosofia Brahma Kumaris. A Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris,
conhecida no Brasil como Organização Brahma Kumaris, é uma entidade não
governamental criada na Índia em 1937, com o objetivo de promover valores
humanos, morais e espirituais universais.
No
entender dessa filosofia, o amor não pode ser requerido, possuído, ele não pode
ser retirado de outra pessoa. O amor não é algo que repousa fora de nós.
Contudo, existe a ilusão de que devemos procurá-lo, conquistá-lo. E, na
verdade, ele é o que todos nós somos. Sofremos porque não sabemos onde está a
verdadeira fonte do amor. Tal compreensão tem de ser combinada com a jornada
interior de cada um, jornada que conduz ao coração do ser, ao autêntico ‘self’
– consciência que anima o corpo físico. Apenas ali o amor existe. Meditação,
contemplação e autorreflexão são caminhos que levam à realização do ‘self’. O
que vemos no espelho não é nosso ‘eu’ verdadeiro, apenas nossa forma física. O
‘eu’ verdadeiro aloja-se na consciência. Essa é a fonte da energia chamada
amor, um estado de consciência, uma elevada vibração, em última análise, quem
nós somos.
Transcendentalidade
Para
a Brahma Kumaris, a travessia se torna mais fácil quando temos ao lado alguém
que já tenha percorrido a mesma trilha, que nos ajude a entender nossa própria
experiência e a enxergar os erros que estamos cometendo. Essas guias só podem
prestar auxílio. A mudança depende de cada um.
Apesar da intensa interação entre as pessoas nas
redes sociais, muitos se sentem solitários e não conseguem encontrar um grande
amor
“Esse
é um grande paradoxo. As pessoas pensam que têm amigos como nunca antes, mas a
maioria dos chamados amigos se encontra apenas no meio virtual. Há, portanto,
um mundo de aparente comunicação, mas de uma incrível separação. Daí a sensação
de isolamento. As redes sociais vendem a ilusão de aproximar as pessoas, mas,
na prática, as afastam. Tais ferramentas estão matando nossa capacidade de nos
relacionarmos verdadeiramente. Essa é uma falsa fome de amor, pois sinaliza a
busca por segurança, aprovação e apreciação vinda das outras pessoas. Essa fome
se abastece da ilusão de que precisamos receber afeto dos outros para nos
sentirmos bem. É por isso que hoje existe tanto alarde em torno da autoestima.
Muitas relações estão calcadas em laços de
dependência emocional extrema, o que resulta em desrespeito à individualidade
do outro. Como estar junto sem ferir a liberdade do parceiro?
“O segredo é não desejar nada do outro. O
amor verdadeiro pressupõe não exigir retribuição, pois tudo de que preciso já
tenho em mim – basta descobrir como acessar a fonte e, depois, aprender a me
doar, sem esperar que nada venha de fora. Do contrário, surgem a dependência, o
vício e a infelicidade e daí nascem as expectativas que, quando frustradas, nos
fazem sofrer.
É tão difícil não criar expectativas num
relacionamento...
“ISSO
é o que aprendemos desde pequenos, o que ensinamos para nossas crianças, o que
as pessoas fazem: procurar o amor, desejá-lo, possuí-lo. Porque nos fizeram
acreditar que precisamos de alguém para nos fazer felizes. Isso é uma crença,
não a verdade. Para exercitar o desapego, é preciso aprender mais sobre si
mesmo. Quando você sabe quem é, consegue quebrar a dependência, romper o
desapego. Para me conectar com o outro, preciso antes me conectar comigo mesmo
e elevar minha consciência, trabalhar pelo meu despertar interior, pela
qualidade da minha existência. É por isso que exercícios de interiorização são
tão importantes. Infelizmente, a maioria das pessoas vive ocupada, exigindo ou
tentando receber coisas dos outros. Isso nos rouba a chance de nos conhecer,
quando esta é a única maneira de construir uma relação sobre bases sólidas, livre
da dependência e do apego.
Um relacionamento equilibrado apresenta quais
características?
“HÁ
um mútuo doar e receber. O encontro é considerado saudável quando aceitamos o
outro como ele é, não demandamos nada dele, quando não dependemos do outro para
nos sentir felizes e amados. E se surgirem expectativas e não forem atendidas
pelo outro, nós não perdemos a felicidade. É como um pai que espera que os
filhos façam isso ou aquilo. Mas, se eles não se comportarem da forma esperada,
ele não vai ficar infeliz. Quando os filhos percebem essa atitude, não se
sentem responsáveis pelos sentimentos paternos. Com os casais é igual: se o par
não tem expectativas, um ilumina o outro.
Casamento dá trabalho?
“NÃO
é o relacionamento que precisa ser trabalhado e sim o indivíduo. Se estamos
sofrendo no casamento não é por causa do outro, é por nossa causa. As pessoas
enfrentam muitos problemas na vida conjugal porque não se conhecem e
desconhecem o verdadeiro sentido do amor. Porque quando nos autoavaliamos
compreendemos que o outro não é responsável pelos nossos sentimentos. Só
tomando consciência disso seremos capazes de gerenciar nossos sentimentos,
emoções, pensamentos e tensões. Daí, conseguimos direcionar a energia certa
para o relacionamento, sem esperar nada em troca. Devido à memória do
sofrimento, a vibração do amor diminui, o que acaba bloqueando o coração. Temos
de perceber que ninguém nos magoou. Nós nos magoamos. É melhor responder
conscientemente sem a interferência do emocional. Nesse sentido, o perdão não é
destinado ao outro, mas a nós mesmos. Eis a chave para a cura. O verdadeiro
perdão significa desapegar-nos da memória da dor, deixá-la ir embora. Mas
fazemos o contrário. Repetimos a mesma história milhares de vezes, nos
identificamos com ela e nos deixamos abater pela dor. O desafio é nos desapegar
e começar todos os dias com o coração fresco.”
“PRECISAMOS nos doar
para que as coisas aconteçam. Zelar pelo crescimento da nossa companhia.”
·
autor desconhecido
O amor sob a sua forma mais elevada revela
valores que sem ele ficariam ignorados
“O AMOR é sábio, o ódio é tolo. Nesse mundo que
está cada vez mais interconectado, nós temos que aprender a tolerar uns aos
outros, nós temos que aprender a aceitar o fato de que algumas pessoas dizem
coisas que não gostamos. Nós precisamos aprender a bondade da caridade e da
tolêrancia. Que é absolutamente vital para a continuação da vida humana neste
planeta.”
·
Bertrand Russell, filósofo
“AMOR para mim é ser capaz de
permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo. Isso é o mais
pleno amor. Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é.”
“O AMOR é paciente, é bondoso; o amor não
é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os
seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal
sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
·
Paulo
de Tarso, apóstolo dos gentios
“SER incansável capacita-me a levar meus esforços até o final.
Incansabilidade permite-me estar sempre doando e ainda assim permanecer preenchido.”
·
Kiran Coyote, ‘As Virtudes Divinas’, editora
Brahma Kumaris
“A VIDA só se dá pra quem
se deu.”
·
Vinicius de Moraes
“O HOMEM tem duas
faces: não pode amar ninguém, se não se amar a si próprio.
·
Albert Camus
“EXISTE tanto amor em nós, mas
frequentemente somos tímidos ao expressá-lo e acabamos mantendo-o encerrado
dentro de nós.
Amor intenso não se avalia, apenas se dá.”
·
Madre Teresa de Calcutá
A
ideia do padre Fábio de Melo
“A proposta de Jesus não é simples:
pelo contrário, é muito sofisticada. O estatuto ético que se desdobre de Seus
ensinamentos é exigente. O apóstolo faz uma metáfora significativa. É a busca
pelas ‘coisas do alto’, isto é, o empenho diário em vencer o adâmico que está
em nós, assumindo a proposta de Jesus como regra de vida. Buscar o que de mais
sublime podemos conhecer. Essa busca esbarra no nosso jeito de ser. Recruta o
amadurecimento humano, a travessia, o êxodo que nos liberta das escravidões
impostas pelo ‘indivíduo’, até chegarmos à liberdade do ‘ser pessoa’.
Na cultura judaica, ‘ser pessoa’
consiste em se possuir para se dispor. Não é possível ‘ser pessoa’ apenas em um
dos pontos do processo. Quem se tem, mas
não se dispõe, nunca ultrapassa a condição de indivíduo. O ‘ser pessoa’ se
firma no ter-se para doar-se. Tenho posse do que sou e me dou. Pode parecer
utópico, mas quem vive sem uma utopia? Eu acredito realmente na possibilidade
de que essa reflexão possa nos esclarecer sobre as incoerências que nos
visitam. Ser cristão e ‘ser pessoa’ são conceitos complementares. O Evangelho é
meu ponto de partida. É a partir dele que compreendo minhas incoerências e
insuficiências. E assim eu pratico um cristianismo que funciona como terapia. Eu me curo de mim, supero minha
individualidade, tomo posse de minhas possibilidades. O Evangelho possui
uma força capaz de me levar a um Fábio melhor do que eu já fui até hoje.
Acredito nesse movimento. Como você mesmo disse, Karnal, os ‘fabistas’, aqueles
que de alguma forma se identificam comigo, também querem viver o mesmo empenho.
Recebo com muita frequência o testemunho de pessoas de outras denominações religiosas
que de alguma forma se identificam com o meu ministério.”
https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2018/12/28/amos-oz-escritor-israelense-morre-aos-79-anos.ghtml
“EU, meu caro, não acredito no amor de todos por todos. A quantidade de
amor é muito reduzida. Um homem pode amar cinco homens e mulheres, talvez dez,
às vezes até quinze. E mesmo assim, só raramente. Mas se vem um homem e me
declara que ele ama todo o Terceiro Mundo, ou que a América Latina, ou que ama
o sexo feminino, isso não é amor, mas pura fraseologia. Ditos da boca para
fora. Palavra de ordem. Não nascemos para amar mais do que um pequeno punhado
de pessoas. O amor é um evento íntimo, estranho e cheio de contradições, pois
mais de uma vez nós amamos alguém por amor a nós mesmos, por egoísmo, por
cupidez, por desejo físico, por vontade de dominar o amado e subjulgá-lo, ou,
ao contrário, devido a uma espécie de desejo de ser dominado pelo objeto de
nosso amor, e geralmente o amor se parece muito com o ódio e é mais próximo
dele do que imagina a maioria das pessoas.”
·
Amos Oz, escritor e ativista político israelense
“TOMEM cuidado com o
forte apego exclusivo a uma outra pessoa; ele não é, como algumas pessoas
pensam, prova da pureza do amor. Esse amor encapsulado, exclusivo – que se
alimenta de si próprio, não se dedicando nem dando importância aos outros –
está destinado a desmoronar sobre si mesmo. O amor não é apenas uma centelha de
paixão entre duas pessoas; há uma distância infinita entre se apaixonar e
permanecer apaixonado. Mais propriamente, o amor é um modo de ser, um ‘dar a’,
não um ‘enamorar-se de’; de um modo de se relacionar com um todo, não um ato
limitado a uma única pessoa.”
·
Irvin D. Yalom, escritor
americano
Desejar a felicidade do companheiro pode significar, às
vezes, abrir mão da própria felicidade
“ELA se interessou por
outra pessoa. ‘Nesse último mês nós dois estávamos infelizes. Agora pelo menos
ela está feliz’, pensou o marido.
Não há uma definição do
amor romântico que agrade a todos. Para os pragmáticos, o amor é algo que
inventamos para satisfazer uma necessidade. Para os céticos, é uma surpresa!
Para quem sempre escolhe a pessoa errada, amar é sofrer. Para os obcecados,
significa estreitar seu foco sobre um único objeto de desejo. Para as pessoas
de pensamento estratégico, amar significa priorizar o bem-estar do (da) amado
(a), porque a felicidade dele (a) aumenta a sua própria.
E então ele optou por
arriscar perder sua mulher em favor da felicidade dela, não da dele.
·
Michael Kepp, jornalista
americano radicado no Brasil
“O AMOR não pode ser
comprado, negociado ou transferido. O amor não cresce no terreno da coação, da
força e do controle. Ele exige os terrenos férteis da liberdade e
espontaneidade para florescer. Só se ama quando se é livre!
· Augusto Cury, médico,
psiquiatra e psicoterapeuta
“O POETA Vinicius de Moraes ensinava a amar porque não há nada melhor
para a saúde que um amor correspondido.”
·
Luiz Felipe Pondé, filósofo
"O AMOR não age com interesses; o egoísmo é falta de amor. O
amor vive de dar e perdoar e o egoísmo vive de tomar e esquecer."
“O AMOR é o sentimento dos seres imperfeitos, posto
que a função do amor é levar o ser humano à perfeição.”
Platão explica: o desejo é falta
“O exemplo do amor, do
casal. Lembrem-se de Marcel Proust em
‘Em Busca do Tempo Perdido’:
"Albertine presente, Albertine desaparecida..." Quando ela não está
presente, ele sofre atrozmente: está disposto a tudo para que ela volte. Quando
ela está presente, ele se entedia: está disposto a tudo para que ela vá embora.
Não há nada mais fácil do que amar quem não temos, quem nos falta: isso se
chama estar apaixonado, e está ao
alcance de qualquer um. Mas amar quem temos, aquele ou aquela com quem vivemos,
é outra coisa! Quem não viveu essas oscilações, essas intermitências do
coração? Ora amamos quem não temos, e sofremos com essa falta: é o que se chama
de um tormento amoroso; ora temos quem já não nos faz falta e nos entediamos: é
o que chamamos um casal.”
·
André Comte-Sponville:
filósofo materialista, racionalista e humanista francês
“AMOR é um deus exilado nos corações humanos.”
·
Leonardo Boff: teólogo, escritor,
filósofo e professor universitário, expoente da teologia da libertação no país
e conhecido internacionalmente por sua defesa dos direitos dos pobres e
excluídos.
“O AMOR genuíno é uma
expressão de produtividade e implica cuidado, respeito, responsabilidade - e
conhecimento. Não é um ‘afeto’, no sentido de ser afetado por alguém, mas um
esforço ativo pelo crescimento e felicidade da pessoa amada, enraizado na
própria capacidade de amar que alguém tem.”
·
Erich Fromm: psicanalista, filósofo e sociólogo alemão
(clique na foto para ampliar o texto)
“NUNCA amamos ninguém.
Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em
suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor.”
·
Fernando Pessoa: poeta, filósofo,
dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário,
correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português.
É o mais universal poeta português.
“O AMOR não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre, porque vive no
íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece.”
íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece.”
“O AMOR dilui as sombras
dos sentimentos negativos, imprimindo o selo da mansidão em todos os atos.”
“AMA, sem aguardar
resposta.”
·
Joanna de Ângelis: guia espiritual do médium Divaldo Franco. A obra atribuída a ela é composta por dezenas de livros, muitos
deles traduzidos para diversos idiomas, versando sobre temas existenciais,
filosóficos, religiosos, psicológicos e transcendentais.
“O AMOR é uma
intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o
outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”
·
Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro
“O AMOR comum
é egoísta, obscuramente enraizado em desejos e satisfações. O amor divino é
incondicional, ilimitado, imutável.”
·
Paramahansa Yogananda, iogue
e guru indiano
Henry Wadsworth Longfellow, poeta estadunidense
O
amor verdadeiro guarda em si um caráter construtivo e, por ser assim, tem a
capacidade de despertar o que há de melhor em nós e expandi-lo aos demais.
“Em outro extremo,
existe o ‘falso amor ou amor possessivo’, que priva a liberdade pessoal e
provoca estresse, ansiedade e angústia, pois age por meio da manipulação, do
controle, da humilhação e da violência verbal ou física. Trata-se de um
sentimento disfuncional, que, a meu ver, não deveria receber a denominação de
amor. No entanto, em nossa cultura, muitos denominam esse tipo de relação
afetiva de amor, mesmo que esse título venha acompanhado de adjetivos
pejorativos, amor venenoso, amor sofrido, amor atormentado, amor viciado, entre
outros. Em nossa cultura musical, observamos esse tipo de amor expressado em
letras de cunho dramático romântico, que alimentam esses sentimentos
destrutivos e disfuncionais.
Não tenho nada contra
músicas românticas ou de ‘fossa’. Devemos, sim, ouvi-las e cantá-las, mas como
recreação ou forma de catarse, sem considerá-las uma forma normal de vivenciar
ou alimentar sentimentos que desencadeiam tanta dor, estresse e sofrimento,
causando ansiedade e angústia.”
·
Ana
Beatriz Barbosa Silva, psiquiatra
O avesso do amor
“É curioso ver que muitos não aprendem com suas desilusões e seus fracassos nos relacionamentos e seguem acreditando que obterão felicidade através do outro. Essa fantasia se mantém por algum tempo, enquanto cada um vive sua vida e o casal se encontra de vez em quando. Mas quando resolvem morar juntos, a verdade aparece. Logo, a relação vira um campo de batalha. Isso ocorre porque as pessoas não querem alguém para amar, elas querem alguém para satisfazer às suas necessidades e aos seus caprichos. Elas querem se tornar donas do outro. E o pior é que a grande maioria acredita que essa obsessão em possuir é amor.”
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Sri Prem Baba,
mestre espiritual brasileiro
“Sócrates
considerava o amor como condição necessária para a autorrealização, processo
pelo qual nos tornamos seres mais humanos. O amor não é o conjunto de emoções
(sensações corporais) que a pessoa sente por outra ou por algo, mas o ato de
decidir pelo bem ou a favor de outrem ou de algo, independente das
circunstâncias. As sensações físicas surgem como
consequência da decisão de amar. Muitos estudiosos entendem que as sensações da
atração física
que uma pessoa sente por outra não podem ser chamadas de amor, ou de algum tipo
de sentimento, mas apenas emoções (sensações corporais) consequentes do
instinto que leva uma pessoa a sentir atração por outra.”
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Lígia Florio, médica psiquiatra
“O AMOR não se manifesta
pelo desejo de fazer amor, mas pelo desejo do sono compartilhado.”
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Milan Kundera, escritor checo-francês
“EU sou uma banheira transbordando sentimentos. E não
tem ninguém para fechar a torneira.”
“JAMAIS alguém fez algo totalmente para os outros.
Todo amor é amor próprio. Pense naqueles que você ama: cave profundamente e
verá que não ama a eles; ama as sensações agradáveis que esse amor produz em
você! Você ama o desejo, não o desejado.”
“SE houver amor em sua vida, isso pode compensar
muitas coisas que lhe fazem falta. Caso contrário, não importa o quanto tiver,
nunca será o suficiente.”
“A MENOR das felicidades, se, simplesmente, é
ininterrupta e faz feliz ininterruptamente, é, sem comparação, mais felicidade
do que a maior delas, que venha somente com um episódio.”
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Friedrich Nietzsche: filósofo, crítico
cultural, poeta e compositor alemão
O amor
não acaba, nós é que mudamos
“Um homem e uma
mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam,
cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que
fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?
O que acaba são
algumas de nossas expectativas e desejos, que são substituídos por outros no
decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de
sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades.
O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém
essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas
experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com
nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantêm
os mesmos.
Se nada muda dentro
de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores
eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por
aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem
investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram
como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos.
O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído
com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu
com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem
renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não
gerou conflito. [...]”
·
Martha
Medeiros, 1961, de Porto Alegre (RS): jornalista, escritora, aforista e poetisa
A antropóloga Mirian Goldenberg perguntou para mulheres de 18 a 50 anos: Que
homem você gostaria de ter como parceiro?
·
Folha de S.Paulo, 3/10/2017, ‘Você quer um parceiro mais
ou menos?’
A grande maioria respondeu: "O meu". No entanto,
muitas fizeram algum adendo: "O meu, mais romântico", "o meu,
mais carinhoso" e ainda: "o meu, mais fiel". Elas ainda
adicionaram que gostariam que o parceiro fosse mais alto, mais forte, mais
bonito, mais poderoso, mais rico, mais bem-sucedido, mais inteligente, mais
divertido, mais companheiro, mais amigo, mais atencioso, mais sensível, mais
gentil, mais responsável, mais sincero, mais corajoso, mais maduro, mais calmo,
mais gostoso, mais cheiroso etc.
Perguntou para homens da mesma faixa etária: Que mulher
você gostaria de ter como parceira?
A maior parte deles respondeu: "A minha". Muitos
disseram: "A minha, menos exigente", "a minha, menos
ciumenta" e "a minha, menos chata".
Também disseram "a minha" menos briguenta, menos
reclamona, menos mal-humorada, menos complicada, menos insegura, menos ansiosa,
menos tensa, menos nervosa, menos estressada, menos crítica, menos dura, menos
perfeccionista, menos dependente, menos carente, menos pegajosa, menos peluda
etc.
O sociólogo Pierre Bourdieu escreveu que, na lógica da
dominação masculina, as mulheres procuram homens que sejam superiores a elas:
mais altos, mais fortes, mais velhos, mais ricos, mais poderosos etc. Nessa
mesma lógica, os homens precisam ser fortes, potentes, viris, bem-sucedidos e
as mulheres deveriam ser delicadas, submissas, discretas, apagadas, invisíveis.
Portanto, os homens se mostrariam insatisfeitos com as partes
de seu corpo que consideram pequenas demais enquanto as mulheres dirigiriam
suas críticas às regiões de seu corpo que percebem como grandes demais.
A lógica da dominação masculina ajuda a compreender homens
que, mesmo sendo altos e fortes, querem "crescer" cada vez mais.
Também ajuda a entender mulheres jovens e magras que se enxergam como gordas e
velhas. Elas gostariam de "diminuir" o peso e a idade.
Será que as mulheres, ao desejarem homens que sejam
"mais", maiores ou superiores (e acreditando que elas deveriam ser
"menos", menores ou inferiores), percebem que estão, mesmo que de
forma inconsciente, fortalecendo a lógica da dominação masculina?
O psicólogo Eli Finkel cria 'kit de reparo' para descontentamento no
casamento
·
John Tierney (do New York Times), Folha de
S.Paulo, 3/10/2017
“Após
estudar milhares de casais, o psicólogo Eli
Finkel tem uma explicação para o declínio na satisfação das pessoas com
seus casamentos: é uma questão de oferta e procura emocional.
Muitas pessoas buscam nos cônjuges o companheirismo e o
apoio emocional que antes era fornecido por famílias grandes e instituições
locais, como igrejas e clubes.
Ao mesmo tempo, porém, muitos casais estão tão ocupados
com os seus empregos e a criação dos filhos que acabam passando menos tempo
juntos.
O que fazer?
A menos que se queira reduzir a procura, a única solução é
aumentar a oferta.
É possível se dedicar mais à satisfação do cônjuge, e Finkel explica como fazer isso em seu
novo livro ‘The All-or-Nothing Marriage’ (em tradução livre, ‘O Tudo ou Nada do
Casamento’, ainda sem lançamento previsto no Brasil.
Se isso parecer muito trabalhoso para você, ele também
oferece alguns atalhos, aos quais dá o nome de "ferramentas do amor".
Caso sua agenda não permita uma noite
romântica semanal ou férias conjuntas,
é possível usar opções testadas com sucesso no laboratório de relacionamentos
de Finkel, na Universidade
Northwestern, nos Estados Unidos.
Na definição do pesquisador, uma ferramenta do amor é uma
técnica comprovada que requer pouco ou nenhum esforço e nem sequer exige
cooperação do cônjuge.
"É uma opção curta e grossa que pode custar alguns
minutinhos por mês. Não vai resultar em um casamento excelente, mas pode
certamente melhorar as coisas. Afinal, o simples fato de o relacionamento sair
da lista de prioridades provavelmente irá gerar estagnação ou coisa pior",
diz.
Toque o cônjuge
Segurar a mão pode render pontos mesmo quando não se há
essa intenção, como demonstrou um experimento com casais que assistiam a um
vídeo juntos.
Algumas pessoas foram instruídas a não tocar no
companheiro durante o vídeo, enquanto as outras deveriam tocá-lo de "forma
positiva, quente e confortável".
O resultado obtido revelou que quem foi tocado relatou ter mais confiança em ser amado pelo parceiro – mesmo sabendo que
as ações do cônjuge eram ditadas pelos pesquisadores.
Seu lado racional sabia que o ato de segurar a mão não era
um gesto espontâneo de afeto, mas eles se sentiram melhores mesmo assim.
Precipitados
Se seu parceiro fizer algo
errado – como não ligar de volta – não exagere na interpretação. Pesquisadores
concluíram que uma das maiores diferenças entre casais felizes e infelizes é o
estilo mais ou menos compreensivo ao explicar a ofensa do outro.
Os casais infelizes costumam
atribuir automaticamente algo como um telefonema não retornado a um defeito
interno permanente do companheiro (‘ele é egoísta demais para se preocupar
comigo’) em vez de a uma situação externa temporária, como um dia de trabalho
muito puxado.
Quando algo dá errado, antes de
tirar conclusões sobre culpa, reserve alguns instantes para pensar em outras
explicações possíveis.
Em um experimento realizado em Chicago, nos EUA, ao longo
de dois anos, Finkel fez entrevistas periódicas com 120 casais, com perguntas
sobre o casamento. Durante o primeiro ano, a satisfação com o casamento caiu.
No começo do segundo ano, um subgrupo desses 120 casais
foram instruídos a experimentar algo novo quando estivessem brigando.
Pense nessa discordância com o cônjuge a partir da
perspectiva neutra de um terceiro, que deseja o melhor para todos os
envolvidos. Uma pessoa que veja as coisas de um ponto de vista de fora. Como
essa pessoa pode pensar no desentendimento? Como pode ver algo de positivo
nessa discussão?
Novamente, esse pequeno exercício fez uma grande
diferença. Ao longo do segundo ano, a satisfação marital se estabilizou nesses
casais, enquanto continuava a cair no grupo de controle, que não foi instruído
a usar a técnica da perspectiva de uma pessoa fora do relacionamento.
Gratidão
Uma vez por semana, anote algumas coisas que o cônjuge fez
para "investir no relacionamento".
Em uma experiência, alguns participantes foram instruídos
a fazer isso. Outros participantes deviam listar o que haviam feito para investir
na relação.
Aqueles que se elogiaram, logo em seguida se sentiram um
pouco mais comprometidos com o relacionamento. Mas os participantes que
registraram as contribuições dos companheiros se sentiram muito mais
comprometidos - além de, sem surpresas, muito mais gratos em relação aos
cônjuges.
Aceite um elogio
Um dos fatores mais comuns em casamentos fracassados é a
"sensibilidade à rejeição" de um dos parceiros.
Pessoas com autoestima baixa acham difícil acreditar que
são amadas de verdade, então costumam deixar de lado o afeto do cônjuge para
não serem magoadas pela rejeição que já esperam. Por fim, o pior temor se torna
realidade quando o comportamento defensivo acaba afastando a outra pessoa.
Ao testar maneiras de controlar essa ansiedade, pesquisadores
solicitaram a pessoas inseguras que relembrassem um elogio específico do
parceiro.
Fazer um relato detalhado da situação e do cumprimento não
teve qualquer efeito, aparentemente porque os inseguros poderiam
considerá-lo uma aberração da sorte.
Entretanto, houve um efeito notável quando as pessoas
foram convidadas a pensar no elogio de forma abstrata. "Explique por que
seu parceiro o admirou. Descreva o que significou a você e seu significado no
relacionamento." Esse exercício ajudou a entender por que o parceiro
poderia gostar mesmo deles.
Pequenas vitórias
Quando o cônjuge contar algo que
deu certo no seu dia, mostre-se empolgado. Faça perguntas para que ele conte
mais a respeito. Injete entusiasmo na voz. Pesquisadores chamam isso de ‘tentativa
de capitalização’.
Quando pesquisadores estudaram casais que aprenderam a
usar essas técnicas nas conversas noturnas, revelou-se que os parceiros se
deliciavam mais com suas vitórias e os dois terminavam se mais próximos. Ao
compartilhar a alegria, todos saem ganhando – e, fazendo o papel de uma eficaz
ferramenta do amor, não demora nada.”
O sentido da vida revelado no amor
·
Thomas Merton: escritor católico do
século XX. Monge trapista da Abadia de Gethsemani, Kentucky, foi poeta, ativista
social e estudioso de religiões comparadas. Escreveu mais de setenta livros, a
maioria sobre espiritualidade, e também foi objeto de várias biografias.
“O amor é o nosso verdadeiro destino. Não encontramos o sentido da vida sozinhos, e sim com outro. Não descobrimos o segredo de nossas vidas apenas por meio de estudo e de cálculo em nossas meditações isoladas. O sentido de nossa vida é um segredo que nos tem de ser revelado no amor, por aquele que amamos. E, se esse amor for irreal, o segredo não será encontrado, o sentido jamais se revelará, a mensagem jamais será decodificada. No melhor dos casos, receberemos uma mensagem embaralhada e parcial, que nos enganará e confundirá. Só seremos plenamente reais quando nos permitir-nos amar — seja uma pessoa humana ou Deus.”
“Muitas vezes nossa
necessidade dos outros não é absolutamente amor, mas apenas a necessidade de
sermos sustentados em nossas ilusões, assim como sustentamos as dos outros.
Mas, quando renunciamos a essas ilusões, então podemos ir ao encontro dos
outros com verdadeira compaixão. É na solidão que as ilusões finalmente se
dissolvem."
***
Muito Obrigado prof. Claudio, pelo gentil e permanente acolhimento...
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