quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

INCONSCIENTE E SUBCONSCIENTE: ENTENDA AMBOS OS MECANISMOS, DE FORMA DIDÁTICA


Diferentemente do inconsciente, o subconsciente está logo abaixo da consciência e é acessível se a gente se esforçar para tanto. 


Tom Simões, jornalista (Santos, SP, Brasil), tomsimoes@hotmail.com, fevereiro 2019




AINDA não existe uma fórmula capaz de controlar o que dizemos de forma inconsciente. Emitimos sinais inconscientes o tempo todo. É por isso que é tão difícil fingir.

O inconsciente não é apenas um depósito de traumas reprimidos e habilidades incríveis. Ele também é especialista em fazer o contrário: colocar tudo pra fora. O psicólogo Paul Ekman, da Universidade da Califórnia, ficou famoso por ter catalogado mais de 10 mil conjuntos de ‘microexpressões’ – expressões faciais que fazemos inconscientemente enquanto conversamos, e que podem revelar nossas verdadeiras emoções. Ekman é considerado pela Associação Americana de Psicologia (APA) um dos psicólogos mais prestigiados e influentes do século XXI. E uma das maiores referências no âmbito da detecção de mentiras e da relação entre emoções e expressões faciais. 

Mensagem subliminar é qualquer tipo de estímulo captado pelo cérebro humano de modo não consciente. Em outras palavras, são mensagens que entram na mente sem percebermos. Os exemplos mais evidentes de mensagens subliminares são frases e imagens inseridas no meio de filmes tão rapidamente que não se consegue captá-las conscientemente. Muitas vezes fica a dúvida se a gente viu alguma coisa ou não, mas o cérebro certamente capta a mensagem.
O subconsciente é uma parte da mente que não temos capacidade de controlar, porém é essa a parte que nos controla. É ali onde ficam armazenadas todas as nossas memórias.

Nós sabemos que existem emoções boas e ruins, mas o subconsciente não se manifesta dessa maneira. Para ele, emoção é emoção, não tem o lado bom ou ruim. Quem define o que é bom ou ruim é a mente consciente, depois que o padrão de pensamento, emoção ou comportamento foi criado pelo subconsciente.  

A mente subconsciente precisa apenas que a gente repita uma emoção algumas vezes para ela começar a automatizar e criar um padrão. Afinal, se a gente está repetindo uma determinada emoção frequentemente, o subconsciente entende que essa emoção é necessária para nossa sobrevivência. 

É então que o subconsciente passa a criar uma realidade colocando-nos em situações onde poderemos nos sentir: culpado, feliz, depressivo, ansioso, confiante, em paz, amado, inferior, traído, com autoestima baixa e por aí vai... Tudo depende então do padrão criado pelo subconsciente.

Sigmund Freud, médico e pesquisador austríaco que criou a psicanálise, descreveu a mente humana de uma forma que até hoje é utilizada por psicólogos e psiquiatras. Suas definições de consciente, subconsciente e inconsciente são o foco de diferentes áreas de estudo da ‘psique’ (que se refere a tudo o que é formado pelos fenômenos que ocorrem na mente; sentimentos, pensamentos e percepções são funções desenvolvidas pela ‘psique’ - que permite que o ser humano se relacione e se adapte ao meio através de processos). Ocorre que muitas pessoas utilizam os termos inconsciente e subconsciente como sinônimos, o que não é correto.


A memória inconsciente


Em poucas palavras, pode-se dizer que o inconsciente é onde estão armazenadas as informações que nos foram passadas, estão reprimidas e não são facilmente trazidas à mente consciente, podendo ser oriundas de um trauma ou até mesmo de memórias, simples pensamentos, desejos e impressões que temos, inacessíveis à mente consciente.

Algumas experiências estressantes, como abusos repetidos na infância, são tão fortes e traumáticas que suas memórias se escondem como sombras no cérebro. A princípio, isso pode parecer algo bom, já que as lembranças dolorosas não podem ser acessadas conscientemente, protegendo o indivíduo de ter que reviver constantemente a dor emocional de determinados eventos.

A mente inconsciente é composta por instintos reprimidos, sentimentos e impulsos que são negativos ou vergonhosos e exercem uma poderosa influência sobre a mente consciente, sem a consciência da pessoa. As memórias suprimidas podem causar problemas psicológicos graves, como ansiedade e depressão.

A memória subconsciente


Há diferença entre o inconsciente e o subconsciente. Diferentemente do inconsciente, o subconsciente está logo abaixo da consciência e é acessível se houver esforço para tanto. Um exemplo é a memorização de um número telefônico. Essa informação não está na memória consciente, mas no subconsciente. Se a gente se esforçar um pouco, consegue lembrar do número, mas não tem acesso direto, como no caso da memória consciente. Para descobrir o número de telefone é preciso um pouco de atenção até se lembrar. Todas as lembranças que não requerem foco ou atenção concentram-se na memória consciente. Já quando alguém pergunta o que a gente deseja para o futuro, é preciso acessar o subconsciente para responder.


Diferença entre inconsciente e subconsciente


Imagine alguém lhe pedindo para descrever qual foi o pior dia da sua vida. Você certamente não irá descrever o pior, mas irá buscar no subconsciente um dia que de fato tenha sido muito ruim. Isso porque a gente consegue encontrar na memória fatos ruins que aconteceram, mas, certamente, o pior dia da sua vida permanece no inconsciente, o dia realmente traumático que a mente bloqueou ou reprimiu. De acordo com Freud, uma das diferenças entre o inconsciente e o subconsciente é que o inconsciente trabalha como um mecanismo de proteção sobre a mente. A gente poderá até identificar o pior dia da nossa vida, mas precisará de terapia para ter acesso a camadas profundas e escondidas da mente, bem distantes do consciente e subconsciente.

O mundo inconsciente


Muito do que a gente faz, o tempo inteiro, é inconsciente. Falar, por exemplo. A gente simplesmente pensa no que quer dizer (as ideias) e não precisa selecionar conscientemente as palavras – elas simplesmente aparecem. Isso acontece porque o inconsciente trabalha nos bastidores durante a conversa, vasculhando o nosso vocabulário e abastecendo o consciente para ajudar a expressar nossos sentimentos.  

Enquanto ouvimos outra pessoa falar, acontece algo parecido. A gente não precisa analisar e decodificar conscientemente cada palavra do que a outra pessoa está dizendo – porque o nosso inconsciente se encarrega de transformar em ideias os sons que estão saindo da boca dessa pessoa. Quando a gente lê um texto é a mesma coisa: o inconsciente transforma automaticamente os símbolos gráficos (as letras e palavras) da página em ideias, que só então são transmitidas para a consciência. 

O inconsciente é um conceito que mencionamos uma vez ou outra, mas geralmente desconhecendo seu verdadeiro significado. Normalmente denominamos ‘inconsciente’ a tudo aquilo que fazemos sem dar conta ou de forma instintiva. Entretanto, na psicanálise, esse conceito vai mais além. Ele é também definido como uma estrutura psíquica que guarda conteúdos reprimidos da consciência e determina alguns comportamentos. O inconsciente é então esse estranho mundo escondido que se revela através de sonhos e lapsos, por exemplo. 

No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado. Esse material não é esquecido nem perdido, mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.

Esta é uma das frases que descrevem o inconsciente: “Tudo o que ocorre em nossa vida está ligado ao inconsciente, porque ele é, antes de tudo, a matriz de nossas repetições, sejam elas saudáveis ou não”. A afirmação é do psicanalista argentino Gabriel Rolón, que descreve a natureza dessa mecânica.   




Outras ideias sobre o tema:



“ATÉ você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você irá chamá-lo de destino.” 
 
·         Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço




“NÃO se deve esquecer a seguinte regra: o inconsciente de uma pessoa se projeta sobre outra pessoa, isto é, aquilo que alguém não vê em si mesmo, passa a censurar no outro. Este princípio tem uma validade geral tão impressionante que seria bom se todos, antes de criticar os outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem enfiar na cabeça do outro não é aquela que se ajusta perfeitamente a si mesmo.”             

·         Carl Gustav Jung




“O AFETO e a inteligência curam as feridas da alma, reescrevem as páginas do inconsciente.”   

·         Augusto Cury, psiquiatra e escritor brasileiro




“ESCREVO sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois, não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.”          

·         Mário de Andrade, poeta e escritor brasileiro     






Fontes consultadas:     

 (1)    “Cientistas descobrem como memórias traumáticas se escondem no cérebro”, https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/cientistas-descobrem-como-memorias-traumaticas-se-escondem-no-cerebro-17215383

  (2)   “Diferença entre o inconsciente e o subconsciente”, https://saladepsicologia.wordpress.com/2013/02/28/diferenca-entre-o-inconsciente-e-o-subconsciente/
      (3)   “O mundo secreto do inconsciente”, https://super.abril.com.br/ciencia/o-mundo-secreto-do-inconsciente/

Leia também:  
“Sabedoria oriental: inconsciente e subconsciente”, https://amenteemaravilhosa.com.br/inconsciente-e-subconsciente/  

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