1911
(Romênia) - 1995 (França): escritor e filósofo romeno radicado na França. ‘Esse
autor trágico é o desvario da elegância em frases capazes de levar aos
extremos.’
Os grandes
pensadores estudaram, pensaram e escreveram sobre os temas essenciais com os
quais ainda lidamos no mundo contemporâneo. Conheça as ideias deste filósofo:
“O DESTINO do homem é esgotar a ideia de Deus.”
“QUE lástima que para chegar
a Deus tenha que se passar pela fé.”
“PARA mim, no fundo, o ato
de escrever
é uma espécie de diálogo - diria - com Deus. Eu não sou crente. Eu não sou crente, mas não posso dizer que seja incrédulo. Porém, para mim, o encontro com Deus se produz, talvez no ato de escrever... Uma solidão que encontra a outra, uma solidão diante de outra solidão; estando Deus mais solitário que qualquer um.”
é uma espécie de diálogo - diria - com Deus. Eu não sou crente. Eu não sou crente, mas não posso dizer que seja incrédulo. Porém, para mim, o encontro com Deus se produz, talvez no ato de escrever... Uma solidão que encontra a outra, uma solidão diante de outra solidão; estando Deus mais solitário que qualquer um.”
“A TIMIDEZ, inesgotável origem de tantas
infelicidades na vida prática, é a causa direta, mesmo única, de toda a riqueza
interior.”
“O COMBATE que travam em cada indivíduo o
fanático e o impostor faz com que não saibamos nunca a quem nos dirigir.”
“ENQUANTO preparavam a cicuta, aprendia Sócrates
uma canção na flauta. ‘Para que te servirás? Perguntaram-lhe.’ ‘Para sabê-la
antes de morrer.’ Ouso recordar esta resposta que os manuais banalizaram, pois
que ela me parece a única justificação séria da vontade de conhecer, que se dá
até mesmo às portas da morte ou em outro momento qualquer.”
“NÃO queria viver em um
mundo vazio de todo sentimento religioso. Não penso na fé, mas nessa vibração
interior, independente de qualquer crença que nos projeta para Deus e, às
vezes, mais acima.”
“SEM Bach, a teologia careceria de objeto,
a Criação seria fictícia, o nada decisivo.
Se alguém deve tudo a Bach, sem dúvida, é Deus.”
a Criação seria fictícia, o nada decisivo.
Se alguém deve tudo a Bach, sem dúvida, é Deus.”
“APENAS escrever possui
algum valor, a escrita nascida das tensões mesmas da vida, das obsessões
orgânicas e das intuições surgidas da solidão e da noite.”
“NÃO são, contudo, as minhas leituras
que me formaram, mas os acidentes e os encontros. Tudo o que descrevi é fruto
de circunstâncias, azares, conversas, ruminações noturnas, crises de abatimento
mais ou menos cotidianas, obsessões intoleráveis. Meu estado de saúde,
felizmente comprometido, é em grande medida responsável pela direção, da cor,
dos meus pensamentos.”
“SEM
nossas dúvidas sobre nós mesmos, nosso ceticismo seria letra morta, inquietude
convencional, doutrina filosófica.”
“UM
livro deve mexer nas feridas, aliás, deve alargá-las. Um livro deve ser um
perigo.”
“AFASTEI-ME da filosofia no momento em
que se tornou impossível para mim descobrir em Kant alguma fraqueza
humana, algum acento de verdadeira tristeza.”
“COMO não se voltar então para a poesia? Ela tem - como a vida - a desculpa de não provar nada.”
“OS FILHOS que não quis ter, se soubessem
a felicidade que me devem!”
“NÃO sou pessimista, eu amo este mundo
horrível.”
“ODEIO a
sabedoria desses homens a quem as verdades não afetam, que não sofrem por causa
dos seus nervos, da sua carne e do seu sangue. Só amo as verdades vitais, as
verdades orgânicas saídas da nossa inquietude.”
Imagem: https://twitter.com/emilmcioran
“ACUMULAS, conquistas, ganhas e lutas para
fugir de ti, para vencer tua aflição de que, no fundo, não existe outra coisa
senão tu mesmo.”
“A
FONTE de nossos atos reside em uma propensão inconsciente a nos considerar
o centro, a razão e o resultado do tempo. Nossos reflexos e nosso orgulho
transformam em planeta a parcela de carne e de consciência que somos. Se
tivéssemos o justo sentido de nossa posição no mundo, se comparar fosse
inseparável de viver, a revelação de nossa ínfima presença nos esmagaria. Mas
viver é estar cego em relação às suas próprias dimensões.”
“SOMENTE tem valor aquilo que surge da inspiração, do fundo irracional de nosso ser, aquilo que brota do ponto central da nossa subjetividade. Todo produto exclusivo do esforço e do trabalho é desprovido de valor, assim como todo produto exclusivo da inteligência é estéril e desinteressante. Em contraste, enfeitiça-me o espetáculo da projeção bárbara e espontânea da inspiração, a efervescência dos estados de alma, do lirismo essencial e de tudo aquilo que é tensão interior - todas as coisas que fazem da inspiração a única realidade viva na ordem da criação.”
“A FORÇA explosiva da mais pequena mortificação. Todo o desejo vencido nos torna poderosos. Quanto mais nos afastamos dele, e a ele deixamos de aderir, melhor dominamos este mundo. A renúncia confere um poder infinito.”
“SÓ
é saudável em nós aquilo pelo que não somos especificamente nós mesmos: são
nossas aversões que nos individualizam; nossas tristezas que nos concedem um nome;
nossas perdas que nos fazem possuidores de nosso eu. Só somos nós mesmos pela
soma de nossos fracassos.”
Sobre ele:
NUMA existência contínua e ininterrupta de flagelo, a ‘arte’
(especialmente a música) causa uma experiência humana concentrada no sentimento
de tristeza do indivíduo, e este torna a vida menos insuportável; assim, a
‘arte’ adquire um caráter quase divino. O fazer filosófico de Emil Cioran está ligado, portanto, mais
às emoções que às razões; a primazia do sentir ao pensar; assim, ao unir a arte
à filosofia, torna esta última elevada.
Enfatizando o instinto em detrimento da razão, o filósofo se colocará
contra o modo com que é feito o exercício filosófico de seu tempo: um saber
artificial e frio, que não toca nas aflições humanas, indiferente ao
‘homem’ e apático ao mundo, que suprime pensamentos mais elevados em prol de
uma produção fechada em si mesma. Uma de suas ideias notáveis é o ‘pessimismo’.
Cioran tornou-se um agnóstico, tomando por
axioma ‘a inconveniência da existência’.
Considerado por alguns o maior prosador
da língua francesa desde Paul Valéry
(1871-1945: filósofo, escritor e poeta francês), e chamado pela crítica, entre
outras coisas, de ‘pensador crepuscular’, ‘arauto do pessimismo’, ‘cínico
fervente’, ‘cavaleiro do mau-humor’, Emil
Cioran se dedicou a falar sobre os temas que o preocuparam e atormentaram
ao longo da vida: a solidão, o tédio, a morte, o sofrimento, o ceticismo e a
fé, Deus e o problema do mal. Caminhando nas fronteiras entre a filosofia, a
religião, a literatura e a história, deixou uma contundente obra que está em
fina sintonia com o itinerário de sua vida, marcada pelo trágico e o irônico, o
incompleto e o fragmentário, o paradoxal e o absurdo.
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