“Sabemos como
viver, mas não para quê viver.” Que coisa é essa da
‘plenificação’?
VIKTOR Emil Frankl, 1905- 1997, médico psiquiatra austríaco e escritor, fundou a escola da logoterapia, conhecida como a ‘terceira escola de
psicologia de Viena’, que explora o sentido existencial do indivíduo e a
dimensão espiritual da existência. Trata-se de uma terapia destinada a pessoas
que sofrem de problemas existenciais, frente a alguma grande mudança ou crise
pessoal.
A primeira escola de psicologia foi a de Sigmund Freud; a segunda, de Alfred Adler; e a terceira, de Viktor Frankl. Freud definia o homem como um ser orientado para o ‘prazer’. Adler
o definia como um ser dirigido para o ‘desejo de poder’. E Frankl tinha a visão do homem como um ser dirigido para o
‘sentido’.
Alfred
Adler, fortemente
influenciado pela filosofia de Friedrich
Nietzsche, estava convencido de que o desejo de poder nos seres humanos é
tão ou mais importante do que o impulso sexual. Sustentava que a frustração
dava origem a um complexo de inferioridade que, com o tempo, se transformava no
cultivo de diferentes transtornos psicológicos.
Viktor
Frankl foi internado
durante a Segunda Guerra Mundial em Auschwitz e outros campos de concentração.
Essa experiência e sua formação lhe permitiram fazer uma profunda reflexão
sobre o sentido da vida, que ele incorporou em vários livros, entre os quais ‘O
homem em busca de sentido’.
“Sabemos como viver, mas não para quê viver”
Depois do ‘desaparecimento
de Deus’ da paisagem cultural (Friedrich Nietzsche fez disso a sua missão como filósofo) e da ausência de qualquer
ideal ou mística, ou seja, de qualquer tendência para a vida religiosa e
contemplativa, a religião em geral, na civilização ocidental, o cristianismo em
particular, entraram em declínio irreversível. Ele está perdendo, ou já perdeu o lugar central mantido nos
últimos dois mil anos. Isto é verdade em todas as esferas: na política,
filosofia, ciência, literatura, arte, música, educação, vida social cotidiana e
vida espiritual interior.
Daí, como mostra Viktor Emil Frankl, somente coube ao
homem sumir no narcisismo, que desemboca sempre na angústia ou na auto-anestesia.
Para ele, a pessoa é destinada a fazer a sua própria vida, sendo essa uma
tarefa para si mesmo.
Situado diante da realidade, o homem abre-se a
ela, para, através das possibilidades de realização que lhe são oferecidas,
ir-se fazendo pleno. Na sua plenitude reside a sua felicidade. Não existe
somente liberdade, mas também liberdade para, liberdade que se compromete. Com o
quê? Com as possibilidades que ele descobre como as melhores para a sua plenificação. Plenificação é a capacidade de se sentir pleno, completo,
preenchido. O amor plenifica a alma.
Por isso o homem é um ser moral: porque tem de
se apropriar de possibilidades reais para se realizar. Essas possibilidades são
os chamados ‘bens’. Por conseguinte, não se quer qualquer coisa, se quer o ‘bem’,
e o ‘bem’ é aquilo que me plenifica e,
quando me aproprio dele, alegro-me. Mas também pode brotar a tristeza como
fruto da minha apropriação daquelas possibilidades que me satisfazem
imediatamente, mas não me constituem como pessoa plena, completa. Cabe ainda
outra possibilidade: a desmoralização, vale dizer, a perda de sentido: do para quê da própria vida. É quando
surge a angústia.
Não é nova a discussão
acerca do sofrimento, todavia ela ganha contornos diversos conforme avança o
tempo. A dificuldade maior consiste na sua definição, uma vez que o sofrimento
aparece de distintas formas. Embora a questão do sofrimento, não raras vezes,
costume envolver elementos de dor física, a maioria dos autores que trata dessa
temática enfatiza que seria muito mais do que isso. O sofrimento estaria
presente nos sentimentos de isolamento social, de perda, de sentimentos aliados
à depressão, ansiedade, culpa, humilhação e estresse.
Psicologicamente, a angústia costuma ser confundida com os
estados de ansiedade e, em todo caso, conceitua-se como um estado mental de
preocupação e insegurança desmedida que paralisam a vontade, fazendo com que o
indivíduo fique impotente diante do fato de ter de realizar a sua vida.
Pode-se dar as costas à realidade como fonte de
possibilidades: cabe o trancamento, o não se abrir a essa fonte principal de
sentido e possibilidades que são ‘os outros’. Assim, paralisado, retraído ao
seu puro estado natural, abandonado aos seus impulsos, ao seu afã de poder, de
ter, de gozar (vida estética), o homem vê-se lançado a agir tendo perdido o
sentido do por que agir.
Ele deixa então de se apropriar de possibilidades das quais
poderia ou deveria se apropriar, de modo que vai se esvaziando, empobrecendo,
desintegrando, desvinculando-se da sua realidade, e perdendo a sua criatividade.
A vivência desse vazio, dessa paralisia, dessa impotência, é a essência da
angústia. Assim como a alegria provém de estar aberto ao encontro com a
realidade e, principalmente, com os outros e com o outro, essa abertura
constitui-se fundamento do nosso aperfeiçoamento. A angústia consiste em se
fechar a esse encontro, quer por dispersão gregária, quer pela miragem (falsa realidade) da auto-suficiência.
“O AMOR é a meta
mais elevada e essencial a que pode aspirar o ser humano. A plenitude da vida
humana está no amor e se realiza através dele.”
Viktor Emil Frankl
Sociologicamente, a angústia foi descrita como um dos traços
que definem a sociedade atual.
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Com
base em: Angústia, 21/01/2006: http://www.ufjf.br/pensandobem/programas/filosofando-o-cotidiano/cafe-filosofico/2006-2/
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ESTA síntese é uma simples ideia da obra do escritor Viktor
Frankl. Quem se
identificou com o seu conteúdo, deve ler os seus livros. Eis algumas sugestões:
identificou com o seu conteúdo, deve ler os seus livros. Eis algumas sugestões:
Todo mundo pode mudar para melhor, se quiser. Carlos Castaneda, escritor e
antropólogo peruano, diz que o homem só vive para aprender. “E se aprende, é porque
é essa a natureza de seu destino, para melhor ou para pior”.
antropólogo peruano, diz que o homem só vive para aprender. “E se aprende, é porque
é essa a natureza de seu destino, para melhor ou para pior”.
O autoconhecimento nos traz o saber, e este, o poder de nos
transformar em pessoas
melhores e mais plenas internamente. Trata-se de um
longo caminho a ser
percorrido e que exige a reinvenção de nós mesmos.
A gente tem de estar sempre se testando e se reinventando...
Aperfeiçoando-se!
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