Escritor, poeta e pensador grego. Comumente considerado o escritor e pensador grego mais importante do século XX. É também o autor grego contemporâneo mais traduzido. Para o escritor, conhecido por romances como ‘Zorbás, o Grego’ e ‘A Última Tentação de Cristo’, não existe um Deus fora e acima da humanidade e da natureza.
“O MAIS profundo de nossos deveres
humanos não é o de analisar o ritmo da marcha de Deus, mas de ajustar a ela o
ritmo da nossa vida precária.”
“VERDADEIRAMENTE, nada se
parece tanto com o olhar de Deus como o da criança."
"NÃO espero nada. Não temo nada. Sou livre."
“O CORAÇÃO do homem é um
mistério negro e incontrolável; um jarro furado e com a boca sempre aberta e,
mesmo que todos os rios da terra corram para dentro dele, permanece vazio e
sedento. A maior das esperanças não o enche, será que a maior das desesperanças
vai enchê-lo?"
“O TEMPO tem sido para mim
um bem supremo. Quando vejo os homens passear-se, ou gastar mal o seu tempo em
discussões vãs. Tenho o desejo de ir a uma esquina e estirar a mão como um
mendigo e dizer:
‘Dei-me uma esmola, boas pessoas; dei-me um pouco do tempo que perdeis, uma hora, duas horas, o que quereis’.”
‘Dei-me uma esmola, boas pessoas; dei-me um pouco do tempo que perdeis, uma hora, duas horas, o que quereis’.”
“NÃO existem ideias, existem indivíduos que carregam as ideias, e elas
elevam os homens que as carregam."
“QUE COISA simples é a
felicidade: uma taça de vinho, uma castanha assada, um braseiro espalhado, o
som do mar... Tudo o que se necessita para sentir que a felicidade está aqui, e
agora é um coração leve e simples.”
"QUANDO você luta pela liberdade [...] você já é um homem livre."
“QUANDO você vai para a
selva, o único lugar que você pode confiar é o que você tem consigo próprio."
“A POESIA é o sal que impede as pessoas de apodrecer."
Yuri Vieira, em seu artigo ‘Ascese’ de Nikos
Kazantzakis, 6/6/2002, http://textos.yurivieira.com/terceiros/ascese-de-nikos-kazantzakis/#sthash.gO3hHZuR.dpbs, retirou vários trechos da obra ‘Ascese’.
Diz Yuri: “[...] apesar do tom revolucionário de
algumas assertivas, atente para o fato de que tal ardor não tem nada a ver com
política, estando mais para o que Hilda Hilst
afirmou em entrevista concedida ao ‘Cadernos de Literatura Brasileira’:
“A VERDADEIRA revolução é a
santidade.”
ou, em certo sentido, para aquilo que
Jiddu Krishnamurti repetiu tantas vezes:
“A REVOLUÇÃO fundamental é
revolucionar-se.”
Trata-se, enfim, da transformação,
pela fé, da alma humana individual, escreve Yuri.
Eis alguns dos trechos selecionados
por Yuri Vieira:
“TEU PRIMEIRO dever consiste em
perceber e aceitar, sem inútil revolta, os limites do entendimento humano, e em
respirar e trabalhar sem tréguas dentro da rigidez dos limites.”
“AMA a responsabilidade. Dize a ti mesmo: só eu tenho o dever de salvar a
Terra. Se ela não for salva, a culpa é minha.”
“TU ÉS responsável. Não
controlas apenas a tua própria existência insignificante e efêmera. Mas és um
lance de dados em que se joga, num momento fugaz, todo o destino de tua raça.”
“NÃO É meu coração que bate e se agita no meu sangue; é a Terra inteira,
que olha para trás e revive a terrível ascensão para sair do caos.”
“AS GERAÇÕES futuras não
existem num tempo distante e vago, mas já estão agindo e desejando em tuas
entranhas mais íntimas.”
“QUANDO falo aos homens, distingo Deus que luta em seus cérebros mesquinhos e
grosseiros.”
“POR TRÁS de todas essas
aparências, sinto que uma essência luta. Quero unir-me a ela.”
“QUAL será o meu dever? Romper o corpo; lançar-me à união com o Invisível;
impor silêncio ao meu cérebro, a fim de ver e ouvir o apelo do Invisível.”
“A OUTRA voz – que chamaremos
de sexto sentido ou coração – contesta e grita: ‘Não e não! Não admitas jamais
as limitações do homem! Rompe esses limites! Nega tudo o que teus olhos veem;
morre, dizendo: a morte não existe!”
“DEIXEMOS nossa porta aberta
ao pecado. Não tapemos os ouvidos com receio de ouvir as sereias; e, sem nos
fazer amarrar, por fraqueza, ao mastro de uma grande ideia, não nos percamos ao
ouvir e abraçar as sereias.”
“SOU uma criatura débil e efêmera,
massa de argila e sonho. Mas, em meu interior, sinto turbilhonar todas as
forças do Universo.”
“BEIJEMO-NOS, abracemo-nos, de
corações uníssonos, nós que somos humanos! Tanto quanto a temperatura da Terra
nos permita, enquanto não tenhamos sido exterminados pelos terremotos,
dilúvios, avalanchas e cometas! Criemos um cérebro e um coração para a Terra.
Criemos, atribuamos o sentido humano ao inumano combate!”
“DESPEDE-TE de tudo a cada instante. Fixa teu olhar, lento e apaixonado, sobre
todas as coisas, e diz contigo: nunca mais!”
“CONGREGA tuas forças e
escuta. O coração do homem é todo ele um grito; debruça-se sobre teu peito para
ouvi-lo; alguém dentro de ti luta e reclama.”
“MANTÉM-TE sempre insatisfeito e revoltado. Assim que um hábito se torna
agradável, elimina-o. O maior dos grandes pecados é a satisfação.”
“NEM a dor, nem a esperança
terrestre, nem a esperança futura, nem a alegria, nem a vitória – nada disto é
por si só a essência do meu Deus. Toda religião que ergue um culto a uma dessas
máscaras de Deus tolhe o nosso coração e a nossa mente.”
‘Melancholy’, de Albert György, representando o homem sem Deus. Ele
olha para dentro de si mesmo e sente o vazio da alma!
“QUAL é o fim desse combate?
Assim indaga o pobre cérebro do homem, preocupado apenas, como sempre, com o
seu próprio interesse, e esquecido de que o grande Sopro não opera no tempo, no
espaço ou na causalidade humana.”
“SÓ ASSIM é que nós, mortais,
poderemos criar o imortal: colaborando com Ele.”
“ASSIM, pois, a salvação do
Universo é ao mesmo tempo nossa própria salvação. A solidariedade entre os
homens já não é um luxo dos corações sensíveis, mas uma necessidade, uma
profunda necessidade de autodefesa. Como na batalha, a salvação de teu próximo
é também a tua.”
“PELA primeira vez, Deus pode
contemplar, através de nosso espírito e de nosso coração, sua luta sobre a
Terra.”
“É SEU dever realizar seus
próprios trabalhos antes de morrer. Sem isso, não pode ser salvo. É a sua
própria alma, dispersa em tudo que o rodeia, nas árvores, nos animais, ideias e
homens, que ele salva ao realizar suas tarefas.”
"O que esperais de um Deus? Ele espera dos
homens que O mantenham vivo."
Hilda Hilst
Imagem: http://franciscanos.org.br/?p=27102
Ascese - Os Salvadores de Deus
Em https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/3/29/ilustrada/19.html,
“O escritor Nikos
Kazantzákis busca a nova face de Deus em Ascese”,
José Geraldo Couto (especial para o jornal ‘Folha
de S.Paulo’) escreve:
As religiões monoteístas (crença na existência de apenas um
Deus) postulam a
salvação do homem por um Deus onipotente e justo. Em ‘Ascese’, o grego Nikos Kazantzákis propõe o contrário: conclama os homens
a salvarem Deus. Trata-se de uma nova e extremamente pessoal concepção das
relações entre o homem e a espiritualidade. O livro, que foi escrito em 1926 e
editado em livro só em 1945, chegou ao Brasil em 1997, em
primorosa tradução direta do grego por José Paulo Paes.
Para Nikos
Kazantzákis, não existe um Deus fora e acima da humanidade e da natureza. Deus,
diz ele, é uma força (ou um sopro, ou um grito, pois
todas as metáforas são imperfeitas) em
permanente construção por todos e cada um dos indivíduos.
Existem, segundo Kazantzákis, dois caminhos contrários permanentemente diante do homem e de todos os seres do Universo: uma força ascendente, que aponta para a síntese, a vida, o espírito; e uma força descendente, que aponta para a dissolução, a matéria, a morte.
Desbravar diariamente o caminho que ascende é ajudar a Deus em sua luta para existir e libertar-se.
‘AO
LUTAR com o mundo visível que nos circunda e ao submetê-lo, não libertamos
Deus apenas: nós o criamos.’
Exercício
Nessa tarefa, que Kazantzákis descreve com todas as tintas de uma guerra sangrenta, é preciso submeter-se a uma certa disciplina e seguir uns tantos passos. É essa a ‘ascese’ (exercício) que o autor propõe.
Seria impossível resumir aqui os passos dessa
jornada, não só pela sutileza e complexidade da argumentação de Kazantzákis,
mas principalmente pela qualidade poética da prosa em que está modelada.
Conseguir verter para o português essa dicção elevada, modulada em parágrafos curtos que remetem aos versículos bíblicos, é uma proeza de que só é capaz um poeta sensível e experiente como José Paulo Paes.
Pode-se discutir pontualmente as concepções de Kazantzákis - sua ambígua defesa da guerra, o papel subordinado que reserva à mulher -, mas não o vigor visionário de seu canto.
Numa época em que todos parecem empenhados unicamente em cercar-se de lixo industrial e adorar o próprio umbigo, é um alento poder ouvir uma voz que diz:
"SOU uma
criatura fraca e efêmera, feita de barro e sonhos. Mas sinto em mim o
turbilhonar de todas as forças do Universo. Antes de ser despedaçado, quero ter
um instante para abrir os olhos e ver."
***
Outras fontes
de consulta: PENSADOR,
Frases e Pensamentos; livros, jornais e fontes da Internet.
Observação:
AQUI, o meu propósito é reunir material de interação social significativa que gere autorreflexão e, quem sabe, a conversação, usando as palavras para o conhecimento útil, aquele que, segundo Sócrates, nos torna melhores. É nessas buscas que percebo o quão incompleto é o conhecimento humano.
Quem sabe, algumas vezes poderei estar correndo o risco de atribuir frases não correspondentes a um ou outro pensador mencionado, apesar do meu rigor em relação às fontes de consulta. Neste sentido, o leitor poderá sugerir eventuais correções, contribuindo para o aprimoramento da informação.
Um amigo tranquilizou-me certa vez, mostrando que, mesmo se involuntário de minha parte, o pensamento não corresponder ao do verdadeiro autor, devo considerar o meu propósito e a essência da ideia.
Por outro lado, de cada autor, sintetizo apenas os pensamentos com os quais me identifico mais.
Genial a frase na qual em verdade o porque de nossa existência se resume.
ResponderExcluir“A VERDADEIRA revolução é a santidade.”
Verdade, meu irmão: simples e verdadeira...
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