Escritor e
dramaturgo brasileiro, autor do ‘Auto
da Compadecida’, considerada sua obra-prima e adaptada para o cinema e
televisão.
Além de escritor
renomado, um dos maiores do Brasil, foi professor e idealizador do ‘Movimento Armorial’,
que valorizou as artes populares. Nesse movimento, os artistas tinham o intuito
de criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste.
Poucos brasileiros foram tão geniais e de inteligência popular
e erudita ao mesmo tempo como Ariano Suassuna.
Conforme se lê em https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,leia-frases-do-escritor-ariano-suassuna,1533030, seu embate para afirmar uma arte genuinamente
brasileira o empurrou para embate com adversários intelectuais de todos os
quadrantes, que o classificavam como nacionalista e retrógrado. Nesse duelo
cunhou frases e boutades (tiradas espirituosas ou engraçadas) de todo tipo,
como se pode ver abaixo:
“NÃO sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os
pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança.
Sei que é para um futuro muito longínquo. Sonho com o dia em que o sol de Deus
vai espalhar justiça pelo mundo todo.”
“POSSO DIZER que, como escritor, eu sou, de certa
forma, aquele mesmo menino que, perdendo o pai assassinado no dia 9 de outubro
de 1930, passou o resto da vida tentando protestar contra sua morte através do
que faço e do que escrevo (...)." (no discurso de posse como imortal da
Academia Brasileira de Letras, em 1990)
"EU NÃO mereço a menor confiança em citações. Quando a frase não me serve, eu
modifico." (durante palestra na Fliporto, em Olinda, em 2012)
*
"EU TENHO dentro de mim um cangaceiro manso, um palhaço frustrado, um frade sem
burel, um mentiroso, um professor, um cantador sem repente e um profeta." (em entrevista aos Cadernos de
Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles, em 2000)
*
“NÃO ME preocupo muito em ter ou
não uma posição como artista. Literatura para mim não é mercado. É a minha
festa, é onde eu me realizo. Digo sempre: arte é missão, vocação e festa. Não
me venham com essa história de mercado”
“SER poeta é muito bom porque eu não
tenho nenhuma obrigação de veracidade, eu posso mentir à vontade, cientista é
que não pode.”
“QUEM gosta de ler não morre só.”
“NÓS lemos para saber que não estamos sozinhos.”
“MINHA POESIA é pouco conhecida, mas
sempre a pratiquei, e considero a poesia a fonte profunda de tudo o que
escrevo.”
"NUNCA olhei a internet. A velocidade da
comunicação não é coisa boa. Arte exige vagar e dedicação exclusiva.
Infelizmente, no território da arte, não existe democracia. Nem pode existir.
Cervantes só existe um. Ninguém chega a ele através do computador." (em entrevista à Folha em
2012)
“SOU um escritor de poucos livros e poucos leitores. Vivo extraviado em meu
tempo por acreditar em valores que a maioria julga ultrapassados. Entre esses,
o amor, a honra e a beleza que ilumina caminhos da retidão, da superioridade
moral, da elevação, da delicadeza, e não da vulgaridade dos sentimentos.”
"HÁ DUAS raças de gente com as quais
simpatizo: mentiroso e doido, porque eles são primos legítimos dos escritores."
(no livro ‘Ariano Suassuna, um
Perfil Biográfico’, Editora Zahar)
“TODA arte é local antes de ser
regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal.”
"SE
PORTUGAL e Espanha fossem ali em Alagoas, eu iria. Mas são muito
longe." (em entrevista à Folha em
2003 - o escritor não gostava de viajar de avião e nunca saiu do Brasil)
"SEMPRE
me vêm com estatísticas, tentando provar que viajar de carro é mais perigoso,
que as estradas são cheias de buracos. E eu respondo: 'Pior é no avião, que o
buraco acompanha a gente o tempo inteiro'." (no livro Ariano Suassuna, um Perfil Biográfico’, Editora Zahar)
“TENHO duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o
riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e
fascinante tarefa de viver.”
“Dizem que tudo passa e o tempo duro tudo esfarela.”
"A ALMA humana divide-se no hemisfério rei e
no hemisfério palhaço. O que há de trágico é ligado ao primeiro, e o que há de
cômico, ao segundo. O hemisfério rei se complementa com o hemisfério profeta. O
hemisfério poeta, com o palhaço. No meu entender o ser humano tem duas saídas
para enfrentar o trágico da existência: o sonho e o riso." (em entrevista à Folha
em 2005)
"ANTIGAMENTE, para conquistar e subordinar um
país, os Estados Unidos mandavam exércitos. Hoje, mandam Michael Jackson e
Madonna. É incrível como as pessoas valorizam esses débeis mentais e deixam
esquecidos artistas de talento que existem aqui." (em palestra no Teatro Tuca, em São
Paulo, fevereiro de 2004)
"EU DARIA a Michael Jackson [o título de
representante número um do lixo cultural]. Mas eu já estou com pena dele,
porque os americanos inventam um mito assim falso como ele e depois destroem. E
já está destruído." (em entrevista à Globo News)
"ESTENDO meu horror ao
terrorismo aos atos praticados pelos americanos. O pior terrorismo é o de
Estado. As pessoas que derrubaram as torres de Nova York: é um ato reprovável,
mas são corajosos. Enfrentaram e morreram. O terrorismo de Estado é ao abrigo
de qualquer risco." (em entrevista à Folha
em 2003)
*
“A VERDADEIRA universalidade
respeita as singularidades locais. Todos entram com sua parte, compondo a vasta
sinfonia da cultura. Ela é feita de contrastes, que não são contrários, mas
complementares. Do jeito como está proposta, a globalização é apenas a
prevalência de uma cultura única, a norte-americana, sobre todas as outras”.
Imagem: https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,leia-frases-do-escritor-ariano-suassuna,1533030
“A NOVELA não tem nada a ver. Que língua é aquela que eles falam? Você está no
meio de nordestinos aqui. Já ouviu um de nós falar daquele jeito? Aquilo não é fala,
é miado de gato”.
“ (PENSAR que vai morrer) prejudica
um pouco a qualidade de vida, e eu sou um apaixonado pela vida, amo
profundamente a vida. Olhe que essa maldita tem me maltratado, mas eu gosto
dela.”
"O AUTOR que se julga um grande
escritor, além de antipático é burro, imbecil. Um escritor só pode ser julgado
depois de sua morte."
“O SER HUMANO é o mesmo em
qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer que seja a sua condição. Você
pode ser rico ou pobre, mas os problemas que afetam verdadeiramente o ser
humano são os mesmos.”
"UM MARCO de minha vida foi a leitura de uma frase d'Os Irmãos
Karamazov': 'Se Deus não existe, tudo é permitido'. Sartre tirou essa dúvida,
porque a frase é duvidosa. Ele disse: 'Deus não existe, portanto tudo é
permitido'. Eu tirei a conclusão contrária, eu digo que nem tudo é permitido e
portanto Deus existe. Ou a norma moral tem um fundamento absoluto, ou ficaria
ao sabor da opinião individual de todo mundo, inclusive de estupradores e
assassinos." (em entrevista à Folha em 2012)
*
"NÃO TENHO medo (da morte). Só tenho
medo de morrer sem terminar um livro que eu esteja escrevendo; e não ter uma
morte limpa. Eu quero pelo menos uma morte limpa."
"NA MINHA visão, a
literatura – e a arte de modo geral – é uma forma precária, mas ainda assim poderosa
de afirmar a imortalidade. Também na minha visão, o homem não nasceu para a
morte, nasceu para a vida e para a imortalidade." (em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto na ‘Globo News’)
*
Consta em http://g1.globo.com/pop-arte/blog/geneton-moraes-neto/post/suassuna-literatura-e-uma-forma-de-protestar-contra-morte.html (Suassuna: ‘A literatura é uma forma de protestar contra a morte’,
escrito por Geneton Moraes Neto, em 23/7/2014) que, durante
um certo tempo, horrorizado
com os pecados que os repórteres cometiam ao transcrever o que dizia, ele se
dava ao trabalho de responder as entrevistas por escrito - ali, ‘ao vivo’,
diante do autor das perguntas. Queixava-se de que, ao publicar suas
declarações, repórteres descuidados com o texto botavam no papel cacos da linguagem
falada - como ‘né?’. Aquilo doía nos olhos de Ariano - um escritor que tratava
a língua com reverência jamais escreveria um ‘né?’.
“Guardo, em meus arquivos, não tão implacáveis, uma
pequena coleção de manuscritos de Ariano - aquela letra pequena e bem
desenhada. Depois, ele abandonou o hábito de responder por escrito aos
questionários. Não teria tempo para tanto”, escreve Geneton Moraes Neto (GMN), que entrevistou Ariano Suassuna:
GMN: Todo escritor, em
última instância, escreve para ser lembrado. Isso é que motiva o senhor a
escrever?
Ariano Suassuna: "A literatura é uma forma de protestar contra a morte. Em minha
visão, a literatura - e a arte, de modo geral - é uma forma precária, mas,
ainda assim, poderosa de afirmar a imortalidade. O homem não nasceu para a
morte: o homem nasceu para a vida e para a imortalidade.”
GMN: Como é o Brasil dos
sonhos de Ariano Suassuna?
Ariano Suassuna: "Eu sei que é um sonho - mas sem sonho a gente não vive. É necessário,
ao ser humano, um sonho lá na frente para que a gente não se acomode e procure
aquele ideal. O Brasil com que sonho, então, seria um regime no qual a gente
realizasse, pela primeira vez na história humana, a fusão de justiça e
liberdade".
GMN: O senhor já disse que
considera a Disneylândia o maior monumento já erguido à imbecilidade humana.
Qual é o grande monumento erguido à imbecilidade no Brasil?
Ariano Suassuna: "A réplica da Estátua da Liberdade que construíram na Barra da
Tijuca, no Rio de Janeiro. Ainda não estive lá, mas já estou com raiva da
estátua - porque não gosto nem do original - quanto mais de uma réplica de
segunda classe feita no Brasil!".
GMN: A quem o senhor daria
- de bom grado - o título de representante número um do lixo cultural?
Ariano Suassuna: "Em primeiro lugar, já que estamos falando no tempo de hoje, eu
daria a Michael Jackson. Mas já estou com pena de Michael Jackson - porque os
americanos inventam um mito falso como ele e depois destroem".
GMN: Em que situação o
senhor compraria um disco de uma artista como Madonna ou Michel Jackson?
Ariano Suassuna: "Numa situação de extrema penúria intelectual, econômica, moral e
mental. Se você me vir comprando qualquer coisa desse tipo, pode me internar,
porque não estaria no meu juízo perfeito".
GMN: Ao reagir contra
manifestações da cultura de massa, o senhor não teme ser considerado um grande
dinossauro?
Ariano Suassuna: "Eu ‘temo’, não: já fui chamado! E já fui chamado de ‘Dom Quixote
arcaico’, por viver, segundo diziam, esgrimindo contra os moinhos de vento da
globalização. Não me incomodo".
GMN: Qual é a maior obra
de arte já produzida no Brasil?
Ariano Suassuna: "Em artes plásticas: o Santuário de Congonhas, onde estão os 12
profetas esculpidos em pedra sabão pelo Aleijadinho. Em música, a obra de
Villa-Lobos. Em literatura, Os Sertões - de Euclides da Cunha".
***
Fontes de
consulta: PENSADOR,
Frases e Pensamentos; livros, jornais e fontes da Internet. Neste caso, também:
https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,leia-frases-do-escritor-ariano-suassuna,1533030 e https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/07/1331007-madonna-e-debil-mental-relembre-frases-memoraveis-de-ariano-suassuna.shtml
Observação:
AQUI, o meu propósito é reunir material de interação social significativa que gere autorreflexão e, quem sabe, a conversação, usando as palavras para o conhecimento útil, aquele que, segundo Sócrates, nos torna melhores. É nessas buscas que percebo o quão incompleto é o conhecimento humano.
Quem sabe, algumas vezes poderei estar correndo o risco de atribuir frases não correspondentes a um ou outro pensador mencionado, apesar do meu rigor em relação às fontes de consulta. Neste sentido, o leitor poderá sugerir eventuais correções, contribuindo para o aprimoramento da informação.
Um amigo tranquilizou-me certa vez, mostrando que, mesmo se involuntário de minha parte, o pensamento não corresponder ao do verdadeiro autor, devo considerar o meu propósito e a essência da ideia.
Por outro lado, de cada autor, sintetizo apenas os pensamentos com os quais me identifico mais.
* Edição: Guilherme Rodrigues
incrível!!
ResponderExcluirincrível!!
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