Psicanalista com doutorado em psicologia clínica, escritor e dramaturgo
italiano radicado no Brasil. Iniciou seus estudos nas áreas de Letras e
Filosofia. É colunista da Folha de S.Paulo.
Em 1975, segundo https://www.fronteiras.com/conferencistas/contardo-calligaris, foi aceito como membro
da Escola Freudiana de Paris, onde morou até 1989. Lecionou na Université Paris
8 e teve aulas com os filósofos franceses Roland Barthes e Michel Foucault,
além de acompanhar seminários ministrados pelo psicanalista francês Jacques
Lacan, uma grande influência em sua formação.
“Em seu trabalho, Calligaris
conduz as pessoas à reflexão sobre a existência humana, contribuindo para
amenizar as angústias provocadas pelos desafios contemporâneos e pelo confronto
com o outro, que pode limitar os prazeres e contradizer as certezas e
seguranças.”
"NÃO quero ser feliz. Quero é
ter uma vida interessante."
"TER uma vida interessante significa viver plenamente. Isso
pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa que é muito
importante para você. É preciso sentir plenamente as dores: das perdas, do
luto, do fracasso. Eu acho um tremendo desastre esse ideal de felicidade que
tenta nos poupar de tudo o que
é ruim."
“A JULGAR pela
quantidade de fotos colocadas nas redes sociais de pessoas sorridentes, elas
têm aproveitado a vida e se sentem felizes. Hoje mais importante do que ser é
parecer feliz.
O perfil é a sua apresentação
para o mundo, o que implica um certo trabalho de falsificação da sua
imagem e até autoimagem. Nas redes sociais, a felicidade dá status.
Mas esse fenômeno é anterior ao Facebook. Se você olhar as fotografias de
família do final do século 19, início do 20, todo mundo colocava a melhor roupa
e posava seríssimo. Ninguém estava lá para mostrar que era feliz. Ao contrário,
era um momento solene. É a partir da câmera fotográfica portátil que
aparecem as fotos das férias felizes, com todo mundo sempre
sorridente.”
“TEMOS de tornar cada uma de nossas
escolhas interessante. Isso só é possível quando temos simpatia pela vida e
pelos outros – o que parece básico, mas não é no mundo de hoje. Não
por acaso, o grande espantalho do nosso século é a depressão. A falta
de interesse pelo mundo e pelos outros é o que pode nos acontecer de
pior.”
“NÃO gosto muito da palavra felicidade, para dizer a verdade. Acho que é,
inclusive, uma ilusão mercadológica. O que a gente pode estudar são as
condições do bem-estar. A sensação de competência no exercício do trabalho, já
se sabe, é a maior fonte de bem-estar, mais que a remuneração. Nós temos um
ideal de felicidade um pouco ridículo. O fato de que você pode desejar muito um
homem, uma mulher, um carro, um relógio, uma joia ou uma viagem não tem
relevância. No dia em que você tiver aquele homem, aquela mulher, aquele carro,
aquele relógio, aquela joia ou aquela viagem, se dará conta de que está na hora
de desejar outra coisa. Esse mecanismo sustenta ao mesmo tempo um sistema
econômico, o capitalismo moderno, e o nosso desejo, que não se esgota nunca.
Então, costumo dizer que não quero ser feliz... Quero é ter uma vida
interessante.”
“E A GENTE olha e
pensa: ‘Eu era feliz e não sabia’.
Não gosto dessa frase porque contém uma cota de
lamentação. E acho que a gente nunca deveria lamentar
nada, em particular as próprias decisões. Acredito que, no fundo, a
gente quase sempre toma a única decisão que poderia tomar naquelas
circunstâncias. Então, não vale a pena lamentar o passado.”
“OS SONHOS estão pequenos. A noção de
felicidade hoje é um emprego seguro, um futuro tranquilo, saúde e, como diz a
música dos aniversários, muitos anos de vida. Acho estranho quando vejo alguém
de 18 anos que, ao fazer a escolha profissional, leva em conta o mercado de
trabalho, as oportunidades, o dinheiro… Isso nem passaria pela cabeça de um
jovem dos anos 1960.”
“A FELICIDADE, em si, é realmente uma preocupação
desnecessária. Se meu filho dissesse ‘quero ser feliz’, eu me preocuparia
seriamente. Preferiria que dissesse o quê? Só gostaria que ele me dissesse: ‘Estou a fim
de…’ A partir disso, qualquer coisa é válida. O que angustia é ver
falta de desejo nas pessoas, em particular nos jovens. Agora, se ele
está a fim de algo, mesmo que isso pareça muito distante do campo do possível
dentro da vida que leva, eu acho ótimo.”
“A MODERNIDADE é a era em que nossa existência social
depende do olhar dos outros: somos quem conseguimos fazer que os outros
acreditem que somos.”
“O PROJETO de sermos felizes é profundamente
errado, concebido para nos manter na insatisfação, o que é absolutamente
necessário na sociedade de consumo. O ganhador é quem teve uma alta qualidade
de experiência, seja qual for, que tenha sido intensamente. A felicidade, eu
sou contra. Sexo não é felicidade, é alegria.“
“O AMOR ideal precisa de
distância.”
“AS FESTAS, em tese, deveriam
espantar a tristeza, mas conseguem apenas escondê-la. O barulho mascara e
desculpa nossa dificuldade de dizer ou de escutar qualquer coisa que preste.”
"PODER sem cultura é vulgar porque ele só se exibe."
***
Fontes de consulta: PENSADOR, Frases e Pensamentos;
livros, jornais e fontes da Internet.
Observação:
AQUI, o meu propósito é reunir material de interação social significativa que gere autorreflexão e, quem sabe, a conversação, usando as palavras para o conhecimento útil, aquele que, segundo Sócrates, nos torna melhores. É nessas buscas que percebo o quão incompleto é o conhecimento humano.
Quem sabe, algumas vezes poderei estar correndo o risco de atribuir frases não correspondentes a um ou outro pensador mencionado, apesar do meu rigor em relação às fontes de consulta. Neste sentido, o leitor poderá sugerir eventuais correções, contribuindo para o aprimoramento da informação.
Um amigo tranquilizou-me certa vez, mostrando que, mesmo se involuntário de minha parte, o pensamento não corresponder ao do verdadeiro autor, devo considerar o meu propósito e a essência da ideia.
Por outro lado, de cada autor, sintetizo apenas os pensamentos com os quais me identifico mais.
* Edição: Guilherme Rodrigues
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