Tom Simões, jornalista, Santos (São Paulo, Brasil), janeiro 2018
SOMOS normais. Acreditamos que nos relacionamentos com
os mais próximos: família, amigos, e outros menos próximos, somos até bem
camaradas. Mas quem é capaz de surpreender naturalmente o outro com atitudes
habituais? Em que sentido seria isso? Fazer algo pelo outro facilitando-lhe alguma
pequena ação, por exemplo. Ou aquele algo que não está previsto na rotina. Ou
até elogiando-o! Há coisas embutidas no subconsciente da ‘normalidade’, do
tipo: isso não é minha função, ou não me cabe fazer, ou é ‘obrigação’ do
outro... Daí a gente vai e faz, e acaba surpreendendo de verdade. E o barato é
a sensação boa que vem depois! Uma espécie de ‘bênção’! Curioso, e que bom:
quando o indivíduo já despertou nesse sentido, ele age naturalmente. O outro
chega até a se surpreender, mas para por aí. Alegra-se, até pode reconhecer,
momentaneamente. Mas para por aí mesmo! E por que isso acontece? Porque ainda
não está pronto para se desvencilhar de si próprio e experimentar o amor
incondicional, esse desejo silencioso de compartilhar felicidade, serenamente,
indistintamente. Quem o experiencia certamente trilha um caminho
transcendental, cultiva o amor próprio de quem se liga à divindade interior.
Albert Camus, filósofo francês, acreditava que o homem tem duas faces: ‘não
pode amar ninguém, se não se amar a si próprio’. E Anthony Strano, escritor,
conta que, através da história, pode-se ver que as pessoas genuinamente
espirituais, que despertaram a consciência divina, normalmente expressaram-na
através do desejo de servir: ‘se alguém ama, doa’.
Daí eu me sentir compelido a repetir sempre que
oportuno uma ideia original de Osho, filósofo indiano, sobre a bênção da
doação: “Vocês não precisam sequer ser gratos pelo meu amor... eu é que sou
grato por vocês aceitarem o meu amor. Vocês poderiam tê-lo rejeitado, têm esse
direito. Quando conheci a mim mesmo, conheci um significado totalmente
diferente da responsabilidade. Ela não é uma questão de dever; é uma questão de
compartilhamento. Você tem tanto amor e tanto êxtase, que gostaria de
compartilhá-los. E quem quer que esteja pronto para recebê-lo terá a sua
gratidão. Ele é um presente, e não tem causa na pessoa a quem você o está
dando. Você o está dando porque se sente pleno; você está transbordando. No
momento em que você conhecer a si mesmo em toda a sua totalidade, pela primeira
vez será capaz de ser altruísta, compassivo, amoroso, bondoso, generoso.” Esta
é a chave do amor incondicional.
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Revisão
do texto: Márcia Navarro Cipólli
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