sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Amor incondicional capaz de surpreender...


Tom Simões, jornalista, Santos (São Paulo, Brasil), janeiro 2018



SOMOS normais. Acreditamos que nos relacionamentos com os mais próximos: família, amigos, e outros menos próximos, somos até bem camaradas. Mas quem é capaz de surpreender naturalmente o outro com atitudes habituais? Em que sentido seria isso? Fazer algo pelo outro facilitando-lhe alguma pequena ação, por exemplo. Ou aquele algo que não está previsto na rotina. Ou até elogiando-o! Há coisas embutidas no subconsciente da ‘normalidade’, do tipo: isso não é minha função, ou não me cabe fazer, ou é ‘obrigação’ do outro... Daí a gente vai e faz, e acaba surpreendendo de verdade. E o barato é a sensação boa que vem depois! Uma espécie de ‘bênção’! Curioso, e que bom: quando o indivíduo já despertou nesse sentido, ele age naturalmente. O outro chega até a se surpreender, mas para por aí. Alegra-se, até pode reconhecer, momentaneamente. Mas para por aí mesmo! E por que isso acontece? Porque ainda não está pronto para se desvencilhar de si próprio e experimentar o amor incondicional, esse desejo silencioso de compartilhar felicidade, serenamente, indistintamente. Quem o experiencia certamente trilha um caminho transcendental, cultiva o amor próprio de quem se liga à divindade interior. Albert Camus, filósofo francês, acreditava que o homem tem duas faces: ‘não pode amar ninguém, se não se amar a si próprio’. E Anthony Strano, escritor, conta que, através da história, pode-se ver que as pessoas genuinamente espirituais, que despertaram a consciência divina, normalmente expressaram-na através do desejo de servir: ‘se alguém ama, doa’.

Daí eu me sentir compelido a repetir sempre que oportuno uma ideia original de Osho, filósofo indiano, sobre a bênção da doação: “Vocês não precisam sequer ser gratos pelo meu amor... eu é que sou grato por vocês aceitarem o meu amor. Vocês poderiam tê-lo rejeitado, têm esse direito. Quando conheci a mim mesmo, conheci um significado totalmente diferente da responsabilidade. Ela não é uma questão de dever; é uma questão de compartilhamento. Você tem tanto amor e tanto êxtase, que gostaria de compartilhá-los. E quem quer que esteja pronto para recebê-lo terá a sua gratidão. Ele é um presente, e não tem causa na pessoa a quem você o está dando. Você o está dando porque se sente pleno; você está transbordando. No momento em que você conhecer a si mesmo em toda a sua totalidade, pela primeira vez será capaz de ser altruísta, compassivo, amoroso, bondoso, generoso.” Esta é a chave do amor incondicional.


·         Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli

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