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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Com muita fome, na rua...

Tom Simões, jornalista, tomsimoes@hotmail.com, Santos (São Paulo, Brasil), outubro 2017




DE manhã cedo. Eu saía do caixa eletrônico do Banco. Encontrava-me já dentro do automóvel. Ali observei um homem revirando a lixeira, na calçada, em busca de comida. O cão, ao seu lado. Dali retirou um recipiente com resquícios de molho de tomate. Levando-o à boca várias vezes, e como de lá nada saísse, descartou-o. Senti no semblante daquele ser humano o desespero da fome. E, no seu cão, o amor incondicional, a companhia inseparável; ele seguia alegremente o homem faminto, como se dissesse: ‘Vamos, vamos em frente. É preciso não desconsolar’. Estaria também faminto, o cachorrinho? Mas eu creio que essas pessoas costumam até sacrificar a sua fome. Prioridade para o seu bicho! Pensei em dar algo ao homem. Como é do meu costume. Olhei-o fixamente, mas ele desviou o olhar. Passei mal depois. Deveria ter descido do carro. Não me perdoei, por não me deixar levar pelo primeiro impulso!

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