Imagem: https://estafotoeobicho.wordpress.com/2016/10/24/moradores-de-rua-e-seus-caes-dia-de-vacinacao/
DE manhã cedo. Eu saía do caixa eletrônico do Banco.
Encontrava-me já dentro do automóvel. Ali observei um homem revirando a
lixeira, na calçada, em busca de comida. O cão, ao seu lado. Dali retirou um
recipiente com resquícios de molho de tomate. Levando-o à boca várias vezes, e
como de lá nada saísse, descartou-o. Senti no semblante daquele ser humano o
desespero da fome. E, no seu cão, o amor incondicional, a companhia
inseparável; ele seguia alegremente o homem faminto, como se dissesse: ‘Vamos, vamos em frente. É preciso não desconsolar’.
Estaria também faminto, o cachorrinho? Mas eu creio que essas pessoas costumam até
sacrificar a sua fome. Prioridade para o seu bicho! Pensei em dar algo
ao homem. Como é do meu costume. Olhei-o fixamente, mas ele desviou o olhar. Passei
mal depois. Deveria ter descido do carro. Não me perdoei, por não me deixar
levar pelo primeiro impulso!
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