AVÓS, na imaginação infantil, não são velhos. Só os
velhos têm a tal noção dos anos se passando... Pra criança não, é sempre tempo
presente. ‘Todos sempre foram assim, como
hoje os reconheço...’ Pra ela, portanto, os adultos também vivem só o
presente; são eternas crianças. O tempo
não envelhece, é essa a sensação que têm elas! Daí brincarem naturalmente com os avós, de igual
pra igual, fantasiando, rolando pelo chão, com igual criatividade... Como se
fossem da mesma idade! Criança só não pode imaginar o quanto aprende com os
avós, que também aprendem com elas... E como! O aprendizado é recíproco! Netinhos
favorecem uma reflexão profunda sobre o que é essencial à natureza humana.
Chamam a atenção do vovô e da vovó para a descontração, a humildade, a
inocência, a originalidade e, especialmente, a alegria e a fantasia características
do mundo infantil, que contagiam. Dão lições extraordinárias sobre a imaginação
criadora, a lealdade e a ‘tolerância’. Até velhos rabugentos chegam a
surpreender, deixando netos fazerem gato-sapato. Interessante é como avós veem
os netos, comparativamente a como viam seus filhos, no período da infância.
Difícil entender. Diz-se que pais foram feitos pra criar, enquanto avós,
pra mimar e brincar... E o que dizer sobre experimentar o genuíno amor de neto
pelos avós e vice-versa? Daí o encantamento da velha geração! Os velhos elegem
os netos como o melhor presente, algo assim como espécie de coroamento da
derradeira experiência humana! Chegam
até a crer ser a condição de avó e avô um privilégio divino. Há algo que diz
assim, de um desconhecido autor: ‘Avós são amor que nunca envelhece e
sabedoria que nunca acaba’. E olha só o que escreve o filósofo Mário Sergio Cortella, que se adapta tão
bem na natureza dos avós: ‘Eu preciso transbordar, ir além da minha borda, preciso me comunicar, preciso
me juntar, preciso me repartir. Nesta hora, minha vida que, sem dúvida, ela é
curta, eu desejo que ela não seja pequena’. E não é mesmo assim?... Apenas uma recomendação: que ninguém dê a chance de
avós começarem a falar de netos. Bem provavelmente, irá se arrepender! E
isso sem falar do cansaço que dão os avós aos outros, ao mostrar as
intermináveis fotos colecionadas nos WhatsApp da vida! ‘Socorro, como me livrar
dessa avó chata?’ Risos...
· Revisão
do texto: Márcia Navarro Cipólli
“O SÁBIO e a criança não precisam se afirmar, são plenamente o que são, e ponto.”
ResponderExcluirfonte: ‘O Caminho da Sabedoria’, Christophe André (psiquiatra, pioneiro na introdução da meditação na psicoterapia), Alexandre Jollien (filósofo) e Matthieu Ricard (monge budista)