A
história do cientista Richard Davidson mudou quando ele conheceu o Dalai Lama.
O líder religioso o incentivou a desenvolver pesquisas, com o mesmo rigor
científico do mundo acadêmico, em praticantes de meditação.
ESTÁ na Netflix o documentário ‘Free the Mind’, com o professor e doutor Richard Davidson, 65, professor
de psicologia e psiquiatria da Universidade de Wisconsin-Madison, um dos
principais pesquisadores do mundo que estuda as transformações causadas no
cérebro pela prática da ‘Mindfulness’ (Atenção Plena ou Consciência Plena)
e da meditação. Davidson mostra como
essas práticas não farmacológicas podem ajudar, por exemplo, dois soldados veteranos
de guerra do Iraque e uma criança que sofre de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), ambos com transtornos emocionais, a
superarem essas suas barreiras. O documentário foi lançado na Dinamarca em 6 de
junho de 2012. Ele encontra-se também disponível no YouTube, https://www.youtube.com/watch?v=hAjFWoWnEZs
O interessante filme
educativo mostra como a ciência está investigando o poder da respiração,
da meditação e da ioga através de estudos e testes ordenados pelo professor
Richard Davidson, PhD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência
afetiva.
Para o documentário, o
neurocientista selecionou a
criança e os dois soldados, que desenvolveram transtornos psicológicos decorrentes
de trauma, submetendo-os a longos períodos diários de meditação e ioga, durante
uma semana apenas, cujos resultados são mostrados ao final do filme.
O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) pode ser
definido como um distúrbio da ansiedade caracterizado por um conjunto
de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais. Esse quadro ocorre devido
à pessoa ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou situações
traumáticas que representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros. Quando
a pessoa se recorda do fato, revive o episódio como se estivesse ocorrendo
naquele momento, e com a mesma sensação de dor e sofrimento vivido na primeira
vez. Essa recordação, conhecida como revivescência (reaparecimento de estados
de consciência esquecidos ou bloqueados), desencadeia alterações
neurofisiológicas e mentais. Alguns dos efeitos colaterais desse transtorno são
a ansiedade, depressão e raiva, frequentemente descontados em familiares e
pessoas próximas, podendo chegar até à violência e ao suicídio.
O que
acontece quando esse neurocientista se encontra com um dos líderes religiosos
mais respeitados do mundo, o Dalai Lama? Esse é o ponto de partida da história
de como Richard Davidson e os seus estudos entraram no campo da “mindfulness”.
Essa prática utiliza a
meditação para reduzir o estresse e tratar outros problemas psicológicos. Diferentemente
de outros tipos de meditação, ela não está ligada a
uma religião específica, por isso é utilizada por alguns psicoterapeutas. O conceito
de ‘Atenção Plena’ vem do Budismo, mas pode ser estudado e praticado por
qualquer pessoa. Ele consiste em trazer a consciência para o momento presente,
aceitando os pensamentos, sentimentos e sensações como estão agora, do jeito
que são.
Os benefícios da meditação (autoconsciência e sentimento de
calma) podem ser alcançados através da “mindfulness”; ela melhora a circulação e ajuda a
desenvolver a paciência e a confiança em si mesmo e nos outros, além de
deixar a pessoa mais tranquila.
A história de Richard
Davidson mudou quando ele conheceu o Dalai Lama, em 1992. O líder religioso o
incentivou a desenvolver pesquisas, com o mesmo rigor científico do mundo
acadêmico, em praticantes de meditação, para comprovar seus benefícios. O
pesquisador, que já havia realizado estudos sobre depressão e ansiedade, decidiu
então encarar o desafio proposto. Parte
desses estudos originaram ‘Free the Mind’.
O documentário aborda então os três
pacientes: os dois soldados e a criança. A partir dessas experiências, foram
levantadas algumas questões como: o que é a consciência? Como ela se manifesta
no corpo e no cérebro? É possível modificar o funcionamento do cérebro
apenas com pensamentos?...
Mesmo existindo terapias e medicamentos para casos
como esses, cujo sofrimento é intenso, muitas
pessoas não encontram uma saída para seus transtornos psicológicos. E é nesse ponto que a ‘mindfullness’ parece ter sido uma
nova saída para aqueles soldados e aquela criança.
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Apesar de ter visto esta publicação só dois anos e meio depois que circulada, quero parabenizá-los pelo conteúdo e pelo link.
ResponderExcluirGratidão pelo artigo. Muito sucesso à vocês.
Carlos