Alguém
citou numa oportunidade: “Felicidade tem nome: Deus, família e amigos”.
Daí também escreveu Zíbia Gasparetto, escritora espiritualista: “A
verdadeira família é aquela unida pelo espírito e não pelo sangue”. A
família Poseidon, equipe de canoeiros da qual faço parte, tem uma
característica marcante: seu grito de guerra é “Imua”: Adiante-se, Esforce-se!
Não importa perder ou ganhar, importa de verdade a ‘sincronia’ de todos da
equipe: a união espiritual e a força conjuntas, ‘um por todos e todos por um’,
buscando a superação do instinto egoísta do homem comum. O IPE (Instituto de
Pesquisas Evolutivas), em um texto de Virgilio Guicho Moura, cita Helena
Blavatsky, prolífica escritora russa, que diz algo assim: “Um grupo só poderá
intensificar o seu relacionamento se os seus membros estiverem magneticamente
ligados entre si, olhando na mesma direção”. Isto pode nos levar à filosofia e
prática da ‘canoa havaiana’, composta de seis remadores; o seu equilíbrio e
desempenho dependem fundamentalmente da ‘sincronia’, ou seja, a interação em
perfeita harmonia ou conexão, ao mesmo tempo.
Virgilio
Moura descreve: “Um por todos e todos por um significa também que um
grupo que quiser obter algum proveito pessoal e espiritual deve estar sempre em
perfeita harmonia e unidade de pensamento, pois cada um individual e
coletivamente deve ser no mínimo totalmente altruísta, gentil e pleno de boa
vontade em relação a um dos outros, para não falar da humanidade; por isso, não
deve haver espírito de facção em meio ao grupo, nem maledicência, má vontade,
inveja ou ciúmes, desprezo ou cólera, o que fere um deve ferir o outro, aquilo
que alegra ‘A’ deve preencher ‘B’ de prazer”.
Dessa forma, há muito tempo atrás, Helena Blavatsky já definia muito bem o grande significado dessa frase e o que ela de fato insere em seu bojo, porque ela é a representação da verdadeira união entre pessoas e entre nações, porque se esse espírito não estiver contido nas pessoas, os verdadeiros motivos que representam a luta por um ideal maior ficam sem expressão. Em resumo, Blavatsky diz textualmente: “Trabalhando sozinho, ninguém pode conseguir isso, mas quando há vários, é comparativamente fácil”, prossegue Virgílio.
A família Poseidon, com seu exemplar espírito de união, extravasa o propósito fundamental da ‘canoa havaiana’: a aventura no mar. Ela transcende a sua vocação inicial, ‘o esporte’, reunindo a equipe, que passou a se denominar ‘família’, em outras circunstâncias especiais, fora do mar. É que o progresso de tal relacionamento, hoje, não mais permite que os encontros entre os amigos canoeiros aconteçam apenas nos dias dos treinos. A ideia foi então criar outras oportunidades para a ‘família’ se reencontrar, se abraçar, se divertir... Para que cada integrante pudesse festejar, mais e mais vezes, em outras diferentes oportunidades, o enorme privilégio de dividir seu tempo entre eles, neste belo Planeta.
A
prática da canoagem transcende o interesse pela prática esportiva. Os adeptos
do remo têm propósitos em comum que passam pela contemplação da Natureza e pela
harmonia e unidade de pensamento entre pessoas conscientes, compromissadas com
o crescimento pessoal e espiritual, que pensam em dar um sentido mais amplo à
sua existência. Há um grão da sabedoria hindu que diz: ‘A força dos bons deve ser usada para benefício de todos’. Isto é
canoagem. Por isso remamos em sincronia física e espiritual.
* Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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