Sexta-feira,
18 de março de 2016, tive uma experiência horrível, vítima de estelionato por
um bandido. Fui torturado mentalmente durante cerca de 4 horas e meia. Tudo
começou com uma voz, igualzinha à da minha filha, em prantos, pedindo pelo amor
de Deus para eu fazer tudo o que fosse determinado pelo bandido. Quando me
convenci tratar-se de um golpe, já tinha depositado 6 mil reais. O
estelionatário pedia cada vez mais. Fui cinco vezes a bancos, pressionado e
insultado todo o tempo por ele. Ele pediu até a marca e cor do meu automóvel,
dizendo que eu estava sendo monitorado por outro carro. Exigiu ainda para eu
colocar crédito em dois celulares, no valor de R$ 100,00 cada um, supostamente
para outros bandidos manterem suas extorsões.
“Seu Antonio,
esse crime é noticiado todo dia na televisão”, disse-me a funcionária lá de
casa. Nos ‘Datena’ da vida! Mas como eu não assisto à televisão, senão muito
raramente, não fico sugestionado. E esses programas sobre violência, então, é
que não assisto mesmo.
De toda maneira,
confesso sentir até certo desconforto ao pensar como caí em tal armadilha. Mas,
informado depois, citaram-me casos de pessoas bem esclarecidas que também se
envolveram com o bandido, pela forte e indescritível emoção.
O golpe
Esse golpe é tratado como extorsão e não
estelionato. O autor do golpe liga aleatoriamente para telefones de vítimas e
diz que está com o filho(a), exigindo dinheiro para o resgate. Com ameaças de
morte e aproveitando a situação de nervosismo, os golpistas acabam convencendo
a vítima de que realmente estão com alguém de sua família.
“A tensão é muito grande. Acabamos
desconectando-nos do plano racional. Só pensamos em salvar a pessoa que amamos.
Não há tempo a perder, qualquer distração pode ser fatal, imaginamos”, revela o
amigo Domingos Fortes, psicanalista.
O estelionatário procura manter o contato com a
vítima todo o tempo, não deixando que ela desligue o telefone, para que não
entre em contato com o filho(a). Nessa situação, a vítima deve perguntar por
alguma coisa que só o filho(a) saiba, por exemplo, o nome do animal de
estimação ou outro dado particular. Antes da confirmação, não se deve tentar
negociar com os criminosos ou fazer nenhum depósito em dinheiro.
Após quatro
horas e meia de tensão emocional, ao chegar ao local onde o bandido prometera
deixar minha filha, o bandido exigiu pelo celular mais 2 mil reais. Debilitado
fisicamente, recorri a um policial, que surgiu ‘providencialmente’ ao meu lado
e me acompanhou a um Posto Policial da PM. Foi quando policiais entraram em
contato com a minha família e eu consegui comprovar que minha filha estava bem,
trabalhando.
Cuidado, meus
amigos, com telefonema de desconhecido. Não atendam de forma alguma. E, se alguém
ameaçar, a primeira coisa a fazer é recorrer imediatamente a outro telefone,
sem o bandido perceber, para descobrir se está tudo bem com o familiar objeto
da extorsão. O próximo passo é desligar o celular. Não precisa xingar o
marginal, ele não está nem aí. Melhor a fazer é não desperdiçar boa energia com
o mal.
É preciso
muito cuidado, sobretudo com idosos. Eles são as maiores vítimas. A quadrilha
atua em todo o país, e muitas pessoas com as quais comentei a indescritível
experiência tinham um caso semelhante para narrar. Como as capitais e outras
cidades principais dos Estados já estão muito visadas pelos bandidos, eles
estão atuando agora também em cidadezinhas do interior, ameaçando inclusive
pessoas muito pobres e ignorantes.
Esses bandidos,
de alta periculosidade, exigem que as vítimas façam os depósitos, em dinheiro,
em Casas Lotéricas e na Caixa Econômica Federal (CEF). No meu caso, o bandido
citou também o Bradesco. Eu pergunto: essas instituições não têm controle sobre
esses inúmeros movimentos bancários diários em contas de supostos
‘laranjas’?... O que vocês acham?
No Posto Policial
da PM fui orientado a retornar à CEF para tentar ser restituído dos valores
depositados. Segundo o policial, a instituição bancária tem responsabilidade,
sim, com os seus clientes; se o marginal utiliza o sistema bancário para o
depósito do dinheiro, essas contas fantasmas precisam ser descobertas e
bloqueadas.
De acordo com
a escrivã do Posto Policial que registrou o estelionato, uma cópia do Boletim
de Ocorrência também é encaminhado à CEF para averiguação das tais contas de
‘laranjas’. O primeiro depósito, o bandido obrigou-me a rasgá-lo, ouvido pelo
seu celular. Mas os outros três, eu consegui manter o comprovante, como também
o número dos dois celulares nos quais eu coloquei os créditos. Todas essas
informações constaram do BO.
Solidariedade:
nem tudo está perdido
Ao tentar
fazer o primeiro depósito, numa Casa Lotérica, as duas caixas, observando o meu
nervosismo, perceberam tratar-se de um golpe. E fizeram tudo para convencer-me,
mas eu não as ouvia, exigindo o comprovante do depósito. “O sistema travou, o
recibo não está saindo”, dizia uma delas. Foi quando, alheio aos apelos das
duas moças, dirigi-me a uma agência da Caixa Econômica Federal, próxima dali. Após
algumas horas, quando eu retornava pela segunda vez à CEF, para providenciar os
outros três depósitos, fui surpreendido com uma das moças da Casa Lotérica, que
desconfiou estar eu num ‘entra-e-sai’ na CEF. “Meu querido, estou em hora de
almoço. Mas preocupada com você, aqui estou. Vamos a um Posto Policial.”
Abraçando-me, acompanhou-me pela rua até eu pedir a ela que me deixasse seguir
o meu destino; eu já tinha feito todos os depósitos, estava indo ao encontro da
minha filha. Ao final da tarde, as moças telefonaram para a minha casa (não sei
como elas descobriram o meu telefone), pedindo à minha esposa que fosse buscar
os R$ 1.000,00, o primeiro depósito para o bandido, que eu havia feito com uma
delas. Desconfiadas, no momento da minha aflição, elas não haviam finalizado o
depósito.
Ao final da
tortura mental, quando eu fazia o depósito dos celulares, em uma farmácia
defronte à lotérica, um policial aposentado, Marco Antonio, da Polícia
Ambiental, que ali estava, percebeu o meu estado, oferecendo-me ajuda. Ele
costuma frequentar a lotérica e, provavelmente, ficou sabendo do caso. Insistiu
em acompanhar-me até o Posto Policial. Disse-lhe que não, que não queria a
polícia envolvida. Tal não foi meu desespero quando, ao acreditar estar
encerrando o meu drama, o bandido exigiu que eu depositasse mais R$ 2.000,00.
Debilitado do jeito que estava, pedi ajuda ao ex-policial, que tinha me
seguido. Foi quando ele me acompanhou ao Posto Policial.
O leitor pode
perguntar: “E você, ficou com raiva do bandido?”. Não se surpreendam: não
fiquei, não! Que herança moral um pai
marginal pode transmitir a um filho? Todos eles são fruto da nossa sociedade,
fruto de uma política imoral e que trata a Educação com absoluto desprezo.
Penso então no futuro de todas essas pobres crianças e no Bem que um projeto
estratégico de Governo poderia fazer por todas elas!
Cuidado, amigos, cuidado! Compartilhem este fato com o
maior número de pessoas.
“A violência é uma questão de poder. As
pessoas se tornam violentas quando se sentem impotentes.” (Andrew
Schneider)
Leitura complementar:
“Quando abençoamos as pessoas ou coisas que nos feriram, temporariamente interrompemos o ciclo de dor. Não importa se essa suspensão dura nanosegundos ou um dia inteiro. Independentemente da duração, no decurso da bênção abre-se a porta para começarmos nossa cura e para avançarmos na vida. O segredo é que durante algum tempo ficamos liberados do nosso sofrimento o bastante para deixarmos que nosso coração e mente sejam ocupados por outra coisa: a intensidade da beleza. Abençoar é libertar. A atitude de abençoar liberta-nos do sofrimento da vida durante tempo suficiente para substituí-lo por outro sentimento.”
ResponderExcluirGregg Braden, ‘A Matriz divina’ (autor do best-seller ‘O Código de Deus’)