quarta-feira, 23 de março de 2016

Tom Simões: eu fui vítima de estelionato pelo telefone celular. Cuidado, meus amigos!

Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, março 2016  



Sexta-feira, 18 de março de 2016, tive uma experiência horrível, vítima de estelionato por um bandido. Fui torturado mentalmente durante cerca de 4 horas e meia. Tudo começou com uma voz, igualzinha à da minha filha, em prantos, pedindo pelo amor de Deus para eu fazer tudo o que fosse determinado pelo bandido. Quando me convenci tratar-se de um golpe, já tinha depositado 6 mil reais. O estelionatário pedia cada vez mais. Fui cinco vezes a bancos, pressionado e insultado todo o tempo por ele. Ele pediu até a marca e cor do meu automóvel, dizendo que eu estava sendo monitorado por outro carro. Exigiu ainda para eu colocar crédito em dois celulares, no valor de R$ 100,00 cada um, supostamente para outros bandidos manterem suas extorsões.

“Seu Antonio, esse crime é noticiado todo dia na televisão”, disse-me a funcionária lá de casa. Nos ‘Datena’ da vida! Mas como eu não assisto à televisão, senão muito raramente, não fico sugestionado. E esses programas sobre violência, então, é que não assisto mesmo.

De toda maneira, confesso sentir até certo desconforto ao pensar como caí em tal armadilha. Mas, informado depois, citaram-me casos de pessoas bem esclarecidas que também se envolveram com o bandido, pela forte e indescritível emoção.


O golpe

Esse golpe é tratado como extorsão e não estelionato. O autor do golpe liga aleatoriamente para telefones de vítimas e diz que está com o filho(a), exigindo dinheiro para o resgate. Com ameaças de morte e aproveitando a situação de nervosismo, os golpistas acabam convencendo a vítima de que realmente estão com alguém de sua família.

“A tensão é muito grande. Acabamos desconectando-nos do plano racional. Só pensamos em salvar a pessoa que amamos. Não há tempo a perder, qualquer distração pode ser fatal, imaginamos”, revela o amigo Domingos Fortes, psicanalista.

O estelionatário procura manter o contato com a vítima todo o tempo, não deixando que ela desligue o telefone, para que não entre em contato com o filho(a). Nessa situação, a vítima deve perguntar por alguma coisa que só o filho(a) saiba, por exemplo, o nome do animal de estimação ou outro dado particular. Antes da confirmação, não se deve tentar negociar com os criminosos ou fazer nenhum depósito em dinheiro.

Após quatro horas e meia de tensão emocional, ao chegar ao local onde o bandido prometera deixar minha filha, o bandido exigiu pelo celular mais 2 mil reais. Debilitado fisicamente, recorri a um policial, que surgiu ‘providencialmente’ ao meu lado e me acompanhou a um Posto Policial da PM. Foi quando policiais entraram em contato com a minha família e eu consegui comprovar que minha filha estava bem, trabalhando.

Cuidado, meus amigos, com telefonema de desconhecido. Não atendam de forma alguma. E, se alguém ameaçar, a primeira coisa a fazer é recorrer imediatamente a outro telefone, sem o bandido perceber, para descobrir se está tudo bem com o familiar objeto da extorsão. O próximo passo é desligar o celular. Não precisa xingar o marginal, ele não está nem aí. Melhor a fazer é não desperdiçar boa energia com o mal.  

É preciso muito cuidado, sobretudo com idosos. Eles são as maiores vítimas. A quadrilha atua em todo o país, e muitas pessoas com as quais comentei a indescritível experiência tinham um caso semelhante para narrar. Como as capitais e outras cidades principais dos Estados já estão muito visadas pelos bandidos, eles estão atuando agora também em cidadezinhas do interior, ameaçando inclusive pessoas muito pobres e ignorantes.

Esses bandidos, de alta periculosidade, exigem que as vítimas façam os depósitos, em dinheiro, em Casas Lotéricas e na Caixa Econômica Federal (CEF). No meu caso, o bandido citou também o Bradesco. Eu pergunto: essas instituições não têm controle sobre esses inúmeros movimentos bancários diários em contas de supostos ‘laranjas’?... O que vocês acham?

No Posto Policial da PM fui orientado a retornar à CEF para tentar ser restituído dos valores depositados. Segundo o policial, a instituição bancária tem responsabilidade, sim, com os seus clientes; se o marginal utiliza o sistema bancário para o depósito do dinheiro, essas contas fantasmas precisam ser descobertas e bloqueadas.

De acordo com a escrivã do Posto Policial que registrou o estelionato, uma cópia do Boletim de Ocorrência também é encaminhado à CEF para averiguação das tais contas de ‘laranjas’. O primeiro depósito, o bandido obrigou-me a rasgá-lo, ouvido pelo seu celular. Mas os outros três, eu consegui manter o comprovante, como também o número dos dois celulares nos quais eu coloquei os créditos. Todas essas informações constaram do BO.

Solidariedade: nem tudo está perdido

Ao tentar fazer o primeiro depósito, numa Casa Lotérica, as duas caixas, observando o meu nervosismo, perceberam tratar-se de um golpe. E fizeram tudo para convencer-me, mas eu não as ouvia, exigindo o comprovante do depósito. “O sistema travou, o recibo não está saindo”, dizia uma delas. Foi quando, alheio aos apelos das duas moças, dirigi-me a uma agência da Caixa Econômica Federal, próxima dali. Após algumas horas, quando eu retornava pela segunda vez à CEF, para providenciar os outros três depósitos, fui surpreendido com uma das moças da Casa Lotérica, que desconfiou estar eu num ‘entra-e-sai’ na CEF. “Meu querido, estou em hora de almoço. Mas preocupada com você, aqui estou. Vamos a um Posto Policial.” Abraçando-me, acompanhou-me pela rua até eu pedir a ela que me deixasse seguir o meu destino; eu já tinha feito todos os depósitos, estava indo ao encontro da minha filha. Ao final da tarde, as moças telefonaram para a minha casa (não sei como elas descobriram o meu telefone), pedindo à minha esposa que fosse buscar os R$ 1.000,00, o primeiro depósito para o bandido, que eu havia feito com uma delas. Desconfiadas, no momento da minha aflição, elas não haviam finalizado o depósito.

Ao final da tortura mental, quando eu fazia o depósito dos celulares, em uma farmácia defronte à lotérica, um policial aposentado, Marco Antonio, da Polícia Ambiental, que ali estava, percebeu o meu estado, oferecendo-me ajuda. Ele costuma frequentar a lotérica e, provavelmente, ficou sabendo do caso. Insistiu em acompanhar-me até o Posto Policial. Disse-lhe que não, que não queria a polícia envolvida. Tal não foi meu desespero quando, ao acreditar estar encerrando o meu drama, o bandido exigiu que eu depositasse mais R$ 2.000,00. Debilitado do jeito que estava, pedi ajuda ao ex-policial, que tinha me seguido. Foi quando ele me acompanhou ao Posto Policial.

O leitor pode perguntar: “E você, ficou com raiva do bandido?”. Não se surpreendam: não fiquei, não!  Que herança moral um pai marginal pode transmitir a um filho? Todos eles são fruto da nossa sociedade, fruto de uma política imoral e que trata a Educação com absoluto desprezo. Penso então no futuro de todas essas pobres crianças e no Bem que um projeto estratégico de Governo poderia fazer por todas elas!

Cuidado, amigos, cuidado! Compartilhem este fato com o maior número de pessoas.

“A violência é uma questão de poder. As pessoas se tornam violentas quando se sentem impotentes.” (Andrew Schneider)

Leitura complementar:

Um comentário:

  1. “Quando abençoamos as pessoas ou coisas que nos feriram, temporariamente interrompemos o ciclo de dor. Não importa se essa suspensão dura nanosegundos ou um dia inteiro. Independentemente da duração, no decurso da bênção abre-se a porta para começarmos nossa cura e para avançarmos na vida. O segredo é que durante algum tempo ficamos liberados do nosso sofrimento o bastante para deixarmos que nosso coração e mente sejam ocupados por outra coisa: a intensidade da beleza. Abençoar é libertar. A atitude de abençoar liberta-nos do sofrimento da vida durante tempo suficiente para substituí-lo por outro sentimento.”
    Gregg Braden, ‘A Matriz divina’ (autor do best-seller ‘O Código de Deus’)

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