Nada de
homenagens nem epitáfios. Se possível, desejo servir como inspiração para a
construtividade generosa. ‘Depois que eu me chamar saudade, não preciso de vaidade’.
Tom
Simões, jornalista, Santos (São Paulo,
Brasil), tomsimoes@hotmail.com
No início da
noite, eu estava na canoa remando com outros praticantes de canoagem. Já saímos
para o mar com certa preocupação, devido à previsão de relâmpagos. No retorno
do percurso, aceleramos as braçadas por conta dos raios que começavam. ‘Braços
pra que vos quero...’ Em dado momento, pensei: “Não tenho medo de morrer.
Sobretudo, morrer durante uma aventura como esta. Sou um homem realizado. O
remo era mais um antigo sonho”. Sem medo de morrer, também por crer ter dado
significado à minha vida e concebê-la como parte de um processo de evolução
espiritual.
No barco,
pensei: “Só há algo que gostaria: publicar esta espécie de ‘testamento’. Se
morrer agora, ninguém tem a senha de onde está o arquivo com o texto, esperando
finalização”.
Mas não se preocupem. Estou muito bem.
Experimentando certamente o melhor momento da minha vida. É que, quem escreve,
tem de buscar ser sempre criativo, até mesmo, se for o caso, provocar um susto
no leitor. Risos!
“Quero expor
meu coração – algo que jamais fiz a ninguém, pois não é fácil falar de si com
outras pessoas”, escreveu Jiddu Krishnamurti, livre-pensador indiano, em sua
obra ‘Comentários sobre o viver’. Daí
vem Marcelo Gleiser (físico e astrônomo) e diz (‘Raro, Oliver Sacks é escriba e bardo da condição humana’, Folha de S.Paulo, 7/3/2015): “Somos uma
história, cada um de nós. E uma história sem um ouvinte é o mesmo que silêncio,
que esquecimento. Apenas alguém muito especial pode ouvir e interpretar certas
histórias”.
“Todos nós, sem exceção, um dia seremos somente uma lembrança, uma
recordação na mente de alguém. A pergunta que fica é: como queremos ser
lembrados? Entender porque e para quê estamos aqui faz parte do processo de
crescimento. Buscar um sentido para esta vida, que não pode estar limitado aos
afazeres do cotidiano, aos nossos caprichos... Um dia, no meu leito de morte,
eu quero ter o privilégio de dizer: eu cresci, fui generosa, amei, fui amada,
fiz amigos, vivi de acordo com as minhas possibilidades e conheci Deus na
intimidade; estar no mundo, simplesmente, não faz parte dos planos de Deus para
nós”, arremata Patricia Garcia Costa, minha amiga no ‘Facebook’.
Isto não é
ficção, é real: a descrição de um pensamento circunstancial. Teria a ver este
testamento com certa vaidade do autor? Quem sabe! Deixo a resposta ao leitor.
Se o meu desejo de despertar o leitor a repensar a sua vida sob o aspecto da
generosidade e do amor desinteressado puder estar camuflando a vaidade do
autor, que seja! Desde que a leitura não seja em vão. Porque há a esperança de
alguém iniciar um novo trajeto em sua vida. Mas, é claro, há também a
possibilidade de a maioria desistir da leitura. Como costumo dizer, escrevo
para poucos, esses poucos interessados no que é essencial à natureza humana.
Pois estar apto para sair do estado da conformidade é ainda privilégio apenas
de alguns rebeldes, que têm a renovação e a superação como uma espécie de
alimento para a alma.
Em busca de um sentido
Uma senhora muito simples, dona de casa,
esposa de um operário da antiga Companhia Docas de Santos, deixou para seus
filhos um grande legado: ‘a sua imagem
com um prato de comida na mão, oferecendo a pobres que batiam à sua porta’.
Uma imagem muito forte, que os filhos guardam como a maior herança materna e
colocam em prática em seu cotidiano. Falar sobre isso com as três irmãs provoca
sempre lágrimas em nossos olhos. Essa foi a grande missão sagrada de Assunção
de Jesus, minha mãe: sua generosidade e empatia. Certa vez, um pobre homem
bateu à sua porta com um peixe fresco na mão: ‘Senhora, eu ganhei este peixe. Estou com muita fome. Por favor,
prepare-o para mim’. Por isso é que a imagem mais forte que guardo de minha
mãe é ela oferecendo um prato de comida a um ser humano faminto.
Mamãe não foi homenageada oficialmente por
sua generosidade. Nem recebeu um epitáfio pelo exemplo de sua vida. Mas ela
continua uma sagrada inspiração para os filhos e, certamente, netos também.
Pois toda vez que a família dá atenção a algum necessitado, sempre lembra de
quem herdou a exemplar generosidade.
“Vigny (citado
por Louis Pauwels e Jacques Bergier, ‘O
Despertar dos Mágicos’) disse: ‘Uma vida plena é um sonho de adolescente
realizado na idade madura’. Então eu sonhava aprofundar e honrar a filosofia de
meu pai, que era uma filosofia do progresso. É, após muitas fugas, oposições e
desvios, o que tento fazer. Que a minha luta conceda paz às suas cinzas! Às
suas cinzas hoje dispersas, como ele desejava, pensando, como eu penso também,
que ‘a matéria talvez não seja mais do que uma das máscaras entre todas as
máscaras usadas pelo Grande Rosto’.”
Depois que
morre um familiar, não é raro alguém lamentar por ter deixado de compreender
aquela pessoa querida e superar as suas eventuais fraquezas. Isto aconteceu
comigo quando meu pai faleceu. Como é de costume, só após a morte,
infelizmente, somos capazes de avaliar objetivamente o valor de dada pessoa
fundamental em nossa vida. É nesse momento que conseguimos reunir todas as suas
qualidades, esquecendo as eventuais limitações. Vem então a lamentação: ‘Pena
que a pessoa não esteja aqui para pedir-lhe perdão por não tê-la compreendido e
amá-la mais. Perdão por não ter reconhecido meus limites e estar sempre na
expectativa da mudança do outro, quando eu é quem deveria ter mudado’.
É possível
melhorar uma relação humana precária? A quem cabe a iniciativa? Ao mais sábio,
digamos ao ‘Aprendiz’! Porque se o mais sábio não consegue melhorar a relação,
ao menos ele se sente em paz, por não depender apenas dele o interesse em se
superar. Quando o ‘Aprendiz’ atinge certo grau de compreensão da lógica
universal, ele se sente responsável por aqueles que ainda não despertaram nesse
sentido, auxiliando-os de alguma forma em seu entendimento e crescimento. O
‘Aprendiz’ age e não se desaponta com a ignorância. Ele age sempre de boa-fé,
com base em propósitos construtivos. Por isto, experimenta a paz interior. Ele
reconhece as suas limitações; corrige-as silenciosamente. Não importa que o
outro não perceba; o mais sábio deve explicações apenas a si mesmo.
A quem cabe
então a iniciativa numa relação precária? Na verdade, esse aspecto da
iniciativa é herança de poucos. Quem tem essa capacidade, por ser um
privilegiado, tem responsabilidade para servir como instrumento de
transformação do mundo.
Uma extraordinária
referência humana
Estava
remexendo minha coleção de livros, e dei de encontro com dois artigos de jornal
que havia separado para oferecer a um médico amigo. Reli-os, certo de que
alguns trechos encaixavam-se muito bem neste ‘testamento’. Este fato costuma
repetir-se: de quando em quando, lendo sobre algum assunto, é como se uma voz
revelasse: “Pega isto que tem a ver com o que está escrevendo”. Passa um tempo:
“E mais isto.” Assim, já não mais me surpreendo neste sentido. Mas vamos lá ao
que, desta vez, caiu providencialmente em minhas mãos: dois artigos da Folha de S. Paulo (dos dias 22/2/2015, ‘Minha vida – o neurologista diante da morte’;
e 7/3/2015, ‘Raro, Oliver Sacks é escriba
e bardo da condição humana’), abordando o neurologista e escritor
anglo-americano Oliver Sacks, 1933-2015, professor de neurologia e psiquiatria
da Universidade de Colúmbia, autor prolífico de livros de divulgação
científica, que descobriu metástases, não tratáveis, de um câncer de fígado que
tinha há nove anos. Neste texto, ele falava de como desejava viver seus últimos
meses e sobre os esforços necessários para fazer o que chamava de um acerto de
contas com a vida.
Sabe-se que a
escolha de uma leitura é sempre por temas com os quais nos identificamos.
Acontece às vezes de, ao escrever, eu ter determinada ideia de um assunto e, em
minhas pesquisas, descobrir um autor que já falou extraordinariamente sobre
aquilo. É que há mais gente no mundo pensando de forma igual. Daí eu optar,
neste caso, pela fala de Oliver Sacks para enriquecer o meu texto e divulgar o
seu exemplo de vida.
“Sinto-me
intensamente vivo, e quero e espero que, no tempo que resta, eu possa
aprofundar minhas amizades, dizer adeus aos que amo, escrever mais, viajar, se
tiver força para tanto, alcançar novos graus de entendimento e discernimento.
Isso vai requerer audácia, clareza e franqueza; é uma tentativa de acertar as
contas com o mundo. Mas haverá tempo, também, para diversão (e até mesmo para
um tanto de tolices). Sinto uma súbita nitidez de foco e de perspectiva. Não há
tempo para nada que não seja essencial. Preciso me concentrar em mim, no meu
trabalho, nos meus amigos. Não vou mais assistir ao noticiário na televisão
toda noite. Não darei mais nenhuma atenção alguma à política ou ao aquecimento
global. Isso não é indiferença, mas distanciamento – eu ainda me preocupo com o
Oriente Médio, aquecimento global, o crescimento da desigualdade, mas esses
assuntos não me cabem mais; eles cabem ao futuro. Eu me alegro quando encontro
gente jovem e talentosa – inclusive a que fez a biópsia que constatou minhas
metástases. Eu sinto que o futuro está em boas mãos.”
“[...] Fiquei
mais e mais atento, nos últimos dez anos, à morte de contemporâneos meus. Minha
geração está de saída, e cada uma dessas mortes eu senti de forma abrupta, como
se uma parte de mim fosse arrancada. Não haverá mais ninguém como nós quando
todos nós tivermos ido embora, mas é um fato que não há no mundo ninguém igual
a outra pessoa, nunca. Quando alguém morre, não existe um substituto possível.
Cada um deixa um vazio que não pode ser preenchido, pois é o destino – genético
e neural – de cada humano ser um indivíduo único, que deve achar seu próprio
caminho, viver sua própria vida e morrer sua própria morte. Não posso fingir não
ter medo. Mas o sentimento que predomina em mim é a gratidão. Eu amei e fui
amado; tive muito e dei muito em troca; eu li, e viajei, e pensei, e escrevi.
Eu tive com o mundo o relacionamento especial que os escritores e leitores têm
com ele. Acima de tudo, eu fui um ser senciente, um animal pensante sobre este
belo planeta, o que, por si só, já foi um enorme privilégio e uma aventura
[...]”.
Quando eu
morrer...
Reconhecimento:
incrível como as pessoas têm necessidade de serem reconhecidas pelos outros.
Isso é uma ilusão. O reconhecimento verdadeiro não vem da esfera humana, ele é
originado da ‘esfera divina’. É quando a Natureza nos premia com certa
capacidade intuitiva e a gente começa a se surpreender não raramente com as
abençoadas coincidências em nossa vida. Certamente alguém aí sabe bem do que
estou falando!
Parafraseando
o compositor Noel Rosa, ‘quando eu
morrer, não quero choro nem vela...’. Eu quero sentir, do outro lado da
Eternidade, que tem alguém regando as sementes do meu jardim terreno. Repare, leitor, no que expressou Chico
Xavier: ‘Que eu não perca a beleza e a alegria de ver, mesmo
sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha
alma’. Ao evocarem minha alma, não quero
tristeza, mas felicidade. Uma maneira de homenagear-me é doando-se
voluntariamente a uma boa causa; dando atenção a um morador em situação de rua,
surpreendendo-o; realizando algo diferente, um esporte, por exemplo; passando a
frequentar um templo religioso... Ainda que seja apenas em seu próprio coração.
Também meu espírito ficará feliz se, ao lembrar
de mim aqui, alguém inspirar-se no horizonte e rezar pelo Mundo; ter
como meta acolher sempre novos amigos; e, quando magoar-se, perdoar quem o
magoou. Abrir os braços, inspirado no Cristo, agradecendo a vida a Deus, também
será algo a agradar o meu espírito. Ao praticar ações nesse sentido, todo
aquele que, de mim lembrar, estará regando o jardim que cultivei na Terra. E
nada melhor para ficar mais feliz; porque o sofrimento não é bom para o corpo
nem para o espírito. Também porque nenhuma dessas ações é difícil fazer, eu
tive sempre o hábito de praticá-las, daí eu sugeri-las como uma forma de
experimentação do que transcende o espaço físico. Certamente alguns de vocês já
praticam ações semelhantes.
Então, ao lembrar de mim, ao praticar algumas
dessas ações, imaginem a minha felicidade do outro lado do caminho. Vocês podem
recitar algum mantra, como este, por exemplo: “Eu estou usando minha atenção
para desenvolver minhas faculdades mentais e para dar, assim, ao ‘Eu’, um
perfeito instrumento, e eu estou levando-a a um estado de capacidade para uma
obra perfeita”. Os mantras são sons sagrados que nos ajudam a entrar em estado de
meditação. Conforme descrição do grupo ‘Reikiactivo’, um mantra é uma palavra ou
conjunto de palavras que possui uma vibração especial e que induz a um estado
de consciência diferente na pessoa que o recita. “Diz-se que os mantras dissolvem
as impurezas e contribuem com luz para o espírito.”
Ramacháraca,
iogue indiano, revela: ‘Eu irradio ondas de pensamento da mesma qualidade que
desejo receber dos outros.’ As ondas dos nossos pensamentos estendem-se longe,
além da aura visível, afetam outros e atraem a nós os pensamentos de outros,
espíritos inclusive, que correspondem em caráter e qualidade às ondas por nós
emitidas. Quem já ouviu falar de ‘energia prânica’ – a energia universal
encontrada sob diferentes formas em todas as coisas animadas ou inanimadas?
Todas as formas de força ou energia – pensamentos inclusive – são
exclusivamente manifestações de Prana. Então, sendo tudo possível na imensidão
do Universo, se eu for lembrado por alguém numa ação relevante, que ela seja
colocada novamente em prática. ‘A ordem cósmica que sustenta o Universo não é
diferente da ordem moral que governa o destino do homem’, revelou Paramahansa
Yogananda, sábio indiano.
Na
verdade, genuína homenagem recebe-se com frequência dos amigos-irmãos. E também
de algumas pessoas que se identificam com os nossos propósitos diante da
vida. Há mensagens que chegam até mesmo
a encabular-me. Como esta, de 7 de março
de 2013, do cardiologista Antonio Carlos Fimiani, que se tornou um grande
amigo: “Ter sua amizade e sua irmandade supera todos os que um dia me fizeram
ou quiseram mal. Pode apostar”. Guardo essa consideração como um título de
honra ao mérito. É que amigos são sempre muito generosos!
Quando eu
morrer, então, não quero homenagens; tenho já uma coleção delas no âmbito particular
em minha vida. Nem epitáfios, vaidades do homem. Existe em mim um impulso inevitável para
tornar as coisas mais simples. Porque, se há algo a que me inclino
profundamente, algo que considero essencial à natureza humana, esse algo
denomina-se ‘generosidade’ e, sobretudo, ‘empatia’ - colocar-me no lugar do
outro. Quando alguém lembrar da minha existência física, que as boas lembranças
revertam, desinteressadamente, em benefício dos outros, qualquer que seja a
ação praticada.
Quando
perdemos um ente querido, nunca achamos que fizemos tudo, sempre achamos que
deixamos a desejar em algum ponto. Então, que isto sirva de inspiração para
fazer pelos outros mais do que fazemos. E nada de enaltecimentos e, se for o
caso, que eles se transformem em boas ações; minha alma resplandecerá. Como
escreve o médico Arthur Belarmino, ‘Não quero que fique nos epitáfios o que eu
poderia ouvir agora’. Eu diria: ‘Não quero que fique apenas na lembrança deste
Mundo minha vocação para a generosidade, por exemplo; mas que toda boa
lembrança transforme-se em ação para beneficiar as pessoas. Há algo que diz:
‘Os exemplos são para os poucos que os podem compreender; os outros não se
sentirão atraídos por eles’.
Mozart mostra que o melhor
epitáfio é construído durante toda a vida com o talento desenvolvido pela
pessoa. O compositor Wolfgang Amadeo Mozart, que morreu em Viena, foi enterrado
em uma vala comum devido à sua pobreza, sem lápide ou marca que o
identificasse. Durante todo esse tempo após a sua morte, ele está mais vivo do
que nunca. E quantos seres humanos comuns continuam vivos após a sua morte,
inspirando tantas pessoas!
Transforme sua existência,
tornando-a mais interessante e digna de ser vivida. Diferencie-se em sua
trajetória por ter ações de fato transformadoras. Isto pode servir como
inspiração? Há um pensamento indiano que diz: ‘Podeis ficar certo que, quando
chegar o tempo em que puderdes dar o primeiro passo, o caminho se abrirá diante
de vós’. O caminho se abre, mas compete a cada um trilhá-lo. Sem preguiça ou
concessões facilitadoras.
Quanto
mais ocupadas são as boas pessoas, mais elas encontram tempo
para ser
mais úteis e mais felizes
Ao pensar em mim, alguém poderá
lembrar: ‘Que suas contribuições para o bem do mundo sejam muitas e generosas.
Seja sempre grato por tudo o que você é, pois assim, se quiser fazer evoluir a
Humanidade, ideias e caminhos lhe serão oferecidos’. Ou das palavras de
Ramatís, grande mestre universalista: “Buscai elevar o padrão mental, seu e do
seu próximo, com atitudes amorosas, palavras otimistas e benfazejas e ações
generosas”.
E então, pensando nas minhas
cinzas, um desejo (se for possível, pois não quero compromisso de ninguém,
depois da morte, do tipo ‘visitar cemitério’): que elas sejam depositadas sob
uma árvore, ou espalhadas nos jardins da orla da praia de Santos (SP) ou num
parque público. E quem quiser falar comigo, vai lá conversar com a Natureza, em
meu nome.
Sendo assim, grande alegria e
gratidão encherão a minha alma, em permanente trajeto pela Eternidade. ‘Cuida,
cuida muito bem dele. Do meu jardim’. O Universo agradecerá!
Vejam, eu pude falar da morte, pensar na minha
morte, sem medo ou tristeza. Por isso este texto, entre os que escrevi, pode
ser meu testamento. Por isso ele vale ouro, Ouro Divino. O que tenho, sob o
ponto de vista do meu coração, de mais valioso a deixar ao mundo. No entanto,
não sei se criei um paradoxo. Falo em testamento, mas sempre seguindo a rota do
Bem, apesar de às vezes cambaleante, enfim descobrir que um sentido que vale a
pena dar à vida é ajudar alguém a encontrar perguntas e respostas que
transformem para melhor a sua existência. E este tem sido o meu trabalho no
entardecer da vida, esta será minha herança que, na verdade, prescinde de
testamento. Assinado: Antonio Carlos Simões, vulgo ‘Tom Simões’, nascido em 13
de junho de 1948, ‘Dia de Santo Antonio’.
***
Do outro lado do Caminho (Santo Agostinho)
“A morte não é nada. Eu somente passei para
o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu
continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem
comigo como
vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu
estou vivendo no
mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo
que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu
nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o
que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Por que eu estaria fora de seus pensamentos agora
que estou apenas fora
de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.”
de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.”
Quando Eu Me
Chamar Saudade, autor: Nelson Cavaquinho
“Sei que
amanhã. Quando eu morrer. Os meus amigos vão dizer. Que eu tinha um bom
coração. Alguns até hão de chorar. E querer me homenagear. Fazendo de ouro um
violão. Mas depois que o tempo passar. Sei que ninguém vai se lembrar. Que eu
fui embora. Por isso é que eu penso assim. Se alguém quiser fazer por mim. Que
faça agora. Me dê as flores em vida. O carinho, a mão amiga. Para aliviar meus
ais. Depois que eu me chamar saudade.
Não preciso de vaidade. Quero preces e nada mais.”
Clique aqui (cai como uma luva no texto):
Texto muito bonito e adorei vc ter citado Nelson Cavaquinho .Aproveito para sugerir outra audição para refletirmos antes de virarmos saudade :
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=Fy6IeOpSnUI
Juízo Final - Composição de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares. Faixa 01 do álbum "Nelson Cavaquinho", lançado pela gravadora Odeon, em 1973.
O sol.... há de brilhar mais uma vez
A luz.... há de chegar aos corações
O mal.... será queimada a semente
O amor... será eterno novamente
É o Juízo Final, a história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer
O amor... será eterno novamente
Abaixo um relato da vida dele e composições dos anos 30 - 40- 50 - 60 - 70 - 80 .Ele era negro, Cartola também, Cartola e Dona Zica moravam no morro da Mangueira que era frequentado por todas as classes sociais relaxando com samba, cerveja, poesia, amizade, sem tropas de choque como nos tempos atuais.Não havia simulacros : consciência negra, cotas, bulying, divisões entre raças, cor, mulher, homem, etc etc .Aliás nas escolas de samba eram todos iguais independente de classes sociais, cores etc etc .Sp é bom um olhar 360º, porq. atualmente qdo se fala nos anos 60 - 70 - 80 , a prioridade do discurso é a Ditadura .Nós estávamos na Faculdade nessa época. Conheci a Escola de samba Mangueira.Saí 3 vezes,adorei... Grande abraço! vamos colaborar na luta do bem contra o mal antes de virarmos saudade :)
http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/ver/nelson-cavaquinho
Que palavras apropriadas, Izabel. Sobre essa coisa do Bem, há algo que cita: "Que suas contribuições para o bem do mundo sejam muitas e generosas. Seja sempre grato por tudo o que você é, pois assim, se quiser fazer evoluir a Humanidade, ideias e caminhos lhe serão oferecidos".
Excluir“Há muita oportunidade hoje para textos longos. A diferença é que há mais opções. Muita gente costumava ler livros porque não havia mais nada para fazer no seu tempo livre. Mas agora há. Isso aumenta a competição, mas boas coisas serão lidas. Com a tecnologia, você pode ler o que quiser, onde quiser. É uma grande oportunidade.”
ResponderExcluir* Malcom Gladwell, 52, jornalista canadense, tornou-se guru internacional após escrever vários livros sobre sucesso, esforço e inteligência; segundo a agência de notícias Bloomberg, ele cobra US$ 80 mil por palestra. Entrevistado por Ricardo Mioto, ‘Não existe mérito em ter nascido inteligente’, Folha de S.Paulo, Mercado, 11/11/2015
“De quando em quando, sinto lampejos de certa conexão divina, quando experimento uma indescritível manifestação súbita e emocionante de pura felicidade. É quando não consigo conter os olhos marejando de lágrimas. E então sorrio e confirmo que é possível sim sentir algo que está além...”
ResponderExcluirTom Simões, 4 de março de 2011
(voltando da feira-livre e pensando em recentes momentos de felicidade)
Sugestão de leitura ...além do texto, a foto de quando todos se davam muito bem independente de raça ou cor...http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/11/1706098-em-livro-ruy-castro-recupera-origem-do-samba-cancao-e-retrata-playboys.shtml
ResponderExcluir“Enquanto eu lia o livro, a ilustre biografia... Então é isso (eu disse) que o autor considerava ser a vida de um homem? E assim, alguém, quando eu estiver morto ou ausente, escreverá minha vida? Como se qualquer homem soubesse realmente algo sobre a minha vida, quando até eu mesmo sempre penso saber pouco ou nada sobre a minha vida real. [...]”
ResponderExcluirWalt Whitman, 1819-1892 (poeta, ensaísta e jornalista americano)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir“Vim para dizer uma palavra e devo dizê-la agora. Mas se a morte me impedir, ela será dita pelo amanhã, porque o amanhã nunca deixa segredos no livro da Eternidade. Vim para viver na glória do Amor e na luz da Beleza, que são reflexos de Deus.
ResponderExcluirEstou aqui, vivendo, e não me podem extrair o usufruto da vida porque, através da minha palavra atuante, sobreviverei mesmo após a morte. Vim aqui para ser por todos e com todos, e o que faço hoje na minha solidão ecoará amanhã entre todos os homens.
O que digo hoje com apenas meu coração será dito amanhã por milhares de corações.”
Gibran Khalil Gibran, 1883-1931: ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa.