Triste realidade ignorada por
moradores
NADA
contra uma “Cãominhada”, passeio com
cães, muitos deles fantasiados, que acontece anualmente na orla da cidade de
Santos (SP). Respeito os adeptos. Eu também gosto muito de animais, mas
certamente esse evento me deprime um pouco. Será que os bichinhos gostam
naturalmente desse desfile? E foi justamente num desses dias de “Cãominhada”, de atenção total aos pets,
que uma triste realidade presente em muitos condomínios veio às minhas vistas.
Ao chegar ao prédio onde resido, por volta das 12 horas, após um passeio na
praia, chocou-me o rapaz da limpeza almoçando duas bananas e um ‘Bis’. E não se
tratava de sobremesa, diga-se de passagem. E também não foi a primeira vez que
me surpreendi com funcionário comendo banana na hora do almoço ou algum outro
alimento parco, apenas para enganar a fome.
Esse
fato trouxe à minha consciência que muitas vezes sobras de comida são jogadas
no lixo no dia seguinte. Comida que poderia representar uma refeição para uma
pessoa subalimentada.
Causa-me
imensa tristeza e preocupação alguém trabalhar com fome, um dia ou uma noite
inteira, no prédio onde resido e na maioria dos outros, e lamento existirem
famílias insensíveis a esse tipo de condição humana. Alguém que recebe o
salário-mínimo e vive com muita dificuldade, que não tem como preparar algo em
sua casa para comer no trabalho, pois precisa pensar primeiro na alimentação
mínima da família que deixou em casa.
É claro
que, numa empresa convencional, é diferente a condição do pessoal de manutenção
e vigilância. Não há dezenas de cozinhas e geladeiras na empresa nem mesmo
excesso de alimentos saudáveis descartados no lixo. Felizmente, para não perder
a esperança, há sempre um ou outro condômino que presta atenção e interfere
nessa realidade e age generosamente.
Você já
observou o que se passa na portaria de seu prédio, ou no espaço reservado aos
funcionários? Que tal pensar um pouco mais sobre tudo isso e ser o condômino
que interfere no sentido: “Meu camarada,
você aceita um lanchinho”?
"SEMPRE que você acha que está reduzido a uma coisa, não se sente livre, não se sente bem, não se sente feliz. Você se sente muito, muito reprimido. Essa é a infelicidade de ser um escravo, ou de ser um criado. Você está lendo um jornal, sentado em sua sala; seu criado passa por ali – você nem sequer olha para ele, nem sequer reconhece que um homem passou. É como se um robô houvesse passado, um mecanismo, não um homem. Você não diz olá, não diz bom dia. Nada disso é necessário; ele é um criado. Você trata o homem como se ele não tivesse interioridade, como se fosse apenas exterior, um criado. Um criado é um papel; não é o ser dele. Ele sente – e fica magoado por ser considerado uma coisa." (Osho, filósofo indiano, "A jornada de ser humano")
ResponderExcluir“PARA QUE serve uma religião cujos fieis não se sensibilizam com a fome alheia? Por que tanta indiferença diante dos povos famintos? O que significa adorar a Deus se ficamos de costas ao próximo que padece de fome?” (Frei Betto, “Fome de Deus”)
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