quinta-feira, 24 de julho de 2014

TELENOVELA E EDUCAÇÃO

Certamente, ao se identificar com o personagem, o telespectador acabará imitando-o...

Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com


Veja referência a essa imagem no final do texto (*)

NÃO SOU fã de telenovela. Aliás, raramente assisto televisão. Só mesmo um programa que outro é capaz de despertar em mim algum interesse. Boas entrevistas e documentários, por exemplo, costumo apreciar. É que estou tentando administrar melhor o meu tempo. Só me entretenho em horas vagas com algo que possa talvez enriquecer-me um pouco. 

Mas acho fundamental esse irresistível e poderoso veículo de comunicação explorar cada vez mais o seu papel de ‘educador’. É claro que o telespectador interessado na informação produtiva pode ter outras opções, geralmente disponíveis apenas em canais da TV a cabo. E, infelizmente, o grande público não tem acesso a esses canais especiais. Costumo celebrar quando ouço então que telenovelas brasileiras, de grande audiência, contam em seu enredo com um ‘personagem-educador’ (não necessariamente no rol dos personagens principais). Esse personagem atua como um ‘professor disfarçado’, abordando determinado tema necessário à educação popular. Por exemplo, um personagem com preocupação com o lixo reciclável, com o desperdício de água, com o problema do menor abandonado etc., ou seja, de coisas mais simples a temas mais complexos. Com a criatividade dos autores das novelas brasileiras, a televisão pode sim enveredar ainda mais, sempre com sucesso, por esse caminho: educação entretecida na trama de intrigas e romances acompanhados com interesse pelo grande público, por meses.


No blog www.tomsimoes.com, item “Mudança de Consciência”, há algumas sugestões eventualmente capazes de motivar autores: sedentarismo versus ações produtivas, renovação diária (sair da mesmice), vivendo e se acrescentando, importância da atividade física, domínio da mente, importância da meditação, deficiência física, morador de rua, generosidade, raiva no trânsito, mundo das aparências etc. Alguém pode pensar: mas esses são temas mais próprios da entrevista, do documentário... Acontece que, de maneira geral, o grande público não se interessa por esse gênero de programa. Portanto, a educação ‘disfarçada’ de enredo cumpre um importante papel quando inserida em novelas de grande audiência. Certamente, ao se identificar com o personagem, muitos telespectadores acabarão imitando-o, por reconhecerem a importância da ‘lição’ prática. É claro que o autor da novela deve valer-se sempre da orientação de um bom profissional sobre o tema enfocado.

Acho sempre oportuna a educação inserida em enredos da telenovela. Não há como não surtir resultados práticos. Há certamente experiências nesse sentido, que são louváveis!

***

(*) Embarque neste Carrossel...
“Na década de 1990, a novela mexicana fez a cabeça dos baixinhos brasileiros. Professora Helena, Cirilo, Maria Joaquina e toda a turma do “Carrossel” se tornaram tão populares que o SBT reprisou a novela quatro vezes e ainda trouxe duas outras temporadas da trama para o Brasil. [...] foi uma novela que marcou a infância de muita gente.”



Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

3 comentários:

  1. Bom texto. Eu também diria que as BOAS novelas dão conta sim de abordar vários dos temas que você menciona. O que muda em relação aos documentários ou entrevistas é apenas a forma de passar a mensagem: enquanto as novelas são narrativas, documentários e entrevistas tendem a um gênero mais dissertativo. De qualquer forma, para um telespectador antenado em busca de sabedoria, qualquer escolha é válida. (Ana Flávia Simões)

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  2. A televisão não apenas nos informa de fatos violentos que transcorrem no mundo, como também os recria com espetáculos violentos ou filmes que a violência é o mais comum. As recriações de violência na televisão ou nos videogames têm um impacto desestabilizador na mente das crianças e adolescentes, porque os incita a acreditar que a violência é normal no mundo e no comportamento das pessoas. Fonte: Jorge Blaschke, "Além de Osho"

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  3. “A televisão tornou-se um estado dentro do Estado, uma escola acima das escolas e uma forma subliminar e assustadora de manipulação de mentes.” Florestan Fernandes

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