Certamente todo mundo convive com alguém assim, não é mesmo?
NADA DISSO importa. Falação desnecessária. Para que
tanto argumento sobre o desnecessário? Há pessoas que são assim mesmo.
Aconteceu algo, independente da possível bobagem ou da gravidade do caso, haja
detalhes! Até que o ouvinte faça de conta que está ouvindo, interessando-se
pela narração..., mas que nada! Essa espécie de ‘falador’ fala apenas de si
próprio, não há ouvido para o outro. Só o ‘falador’ não percebe que fala
sozinho, jogando palavras ao vento. O outro então silencia e sempre arma um
jeito de se livrar do novo capítulo da ‘novela’. O personagem já é conhecido.
Lá vem ele, cedo, com uma nova história, geralmente com algo a lamentar;
dificilmente uma história com final feliz. Como escapar? Porque não adianta
ouvir e tentar dialogar, sugerir algo produtivo. O ouvinte está ali tão somente
para ouvir e concordar com a narrativa. O ‘falador’ precisa descarregar em
alguém a sua solidão, tristeza, revolta, insatisfação, o seu egocentrismo... Há
nesse gênero pessoal a incapacidade de ser compreensivo e solidário com a
natureza humana!
É comum a pessoa que vive se lamentando não ter noção de
como cansa o ouvinte. Ela pode inclusive se magoar com alguém que a estima, ao
tentar lhe falar sobre esse tipo de comportamento. Mas há também o falador que
reconhece alguém que chame sua atenção para o fato de que quem não gosta da
falação evitar quem tem esse lamentável hábito.
Em sua obra “A
felicidade existe”, Luiz de Queiroz, praticante do Racionalismo Cristão, revela que o indivíduo deve habituar-se a
pensar antes de falar, antes de agir, sempre afinado com o desejo de ser
agradável e útil ao semelhante. “Cada um deve procurar educar-se a si mesmo,
sem necessidade de esperar que outros lhe apontem eventuais falhas. É
necessário ver onde está o erro na sua conduta para, então, tratar de
suprimi-lo.”
É preciso, pois, parar de dramatizar o “Você não sabe
o que aconteceu hoje comigo!”, e passar a se interessar igualmente pelo outro:
“E, aí, o que conta de novo?”. Porque o outro também tem histórias a contar, mas
não tão prolongadas, cansativas. Porque o outro não é perfeito, é humano, como
todo mundo! Porque o diálogo é fundamental ainda em qualquer relacionamento.
Eu mesmo chego a me surpreender, algumas vezes, ao
falar com um amigo, um colega de trabalho. Chega um momento da conversação que
desperto: “Só eu falando. Não me interessei em nada pelo outro”. É importante
despertar nesse sentido, o de estar sempre atento ao nosso lado egoístico.
Passemos então a observar. Logo cedo no trabalho, por
exemplo, quem costuma perguntar como foi o seu final de semana, como está o seu
netinho..., esse alguém que demonstra interesse pelo seu bem-estar.
Paralelamente, observe o semblante, a voz e a tristeza da pessoa que descreve
rotineira e detalhadamente a sua mais recente insatisfação com o mundo, alguém que
não muda, que precisa descarregar de alguma forma a sua incompreensão, vaidade,
caprichos ou revoltas, sem fim.
Há uma característica comum entre as pessoas de ‘mal
com a vida’. Não há chance de tentar convencê-las a mudar a sua visão do mundo.
Elas são teimosas; quem as conhece já desistiu de trabalhar nesse sentido – da
autorreflexão e mudança positiva de comportamento. Para o eterno insatisfeito, ele
sabe o que faz, o mundo é que é injusto com ele.
Quem se identifica aqui, com o dito ‘falador’ ou com o
dito ‘ouvinte’? Certamente todo mundo convive com alguém assim, não é mesmo?
Mudança
de comportamento
Veja o que diz Andrew Weil, formado pela Escola de Medicina
de Harvard (professor de saúde pública e de medicina da Universidade do
Arizona, bem como diretor do Centro de Medicina Integrativa do Arizona), em sua
obra “Felicidade Espontânea”: “Não
podemos controlar sempre o que nos acontece, mas podemos aprender a controlar
nossas interpretações do que nos acontece e, ao fazê-lo, sermos mais otimistas
e nos sentirmos melhor com nós mesmos. Acredito que esse seja um processo que
exija atenção e prática. Como a maioria dos autores que conheço, considero
artigos e livros que escrevo como uma extensão de mim mesmo e tenho a tendência
de considerar as críticas de forma pessoal. Com a prática, aprendi a
interpretar rejeições e críticas do meu trabalho criativo como incômodos que
não impactam em minha autoestima. Procuro absorvê-las de forma desapaixonada
para ver o que posso aprender com elas. Essa mudança – ainda em processo –
poupou-me enorme sofrimento emocional”.
Como
você pode ver, assinala Weil, sou fã da psicologia positiva. “Concordo
plenamente com a afirmação de Martin Seligman, doutor em psicologia pela
Universidade da Pensilvânia, de que grande parte da infelicidade moderna vem do
que ele chama de ‘sociedade do eu total’, que encoraja o foco obsessivo no
indivíduo, em detrimento do grupo. Muitos estudos mostram que as pessoas mais
felizes são aquelas que dedicam suas vidas a cuidar dos outros em vez de se
concentrarem em si mesmas. É por isso que muitas das intervenções de Seligman -
como conversar com pessoas sem teto, fazer trabalho voluntário ou passar três
horas por semana escrevendo cartas para elogiar pessoas que fizeram algo
heroico, têm como objetivo promover a generosidade na vida diária, criando
oportunidades para desenvolver a empatia e a compaixão, colocando os interesses
dos outros antes dos seus”.
Leia
também: “Blá... blá... blá...!!!”,
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