VIAJAR é um sonho de todo mundo. Por conta disso, quando digo a alguém que
há bom tempo não venho tendo essa aspiração, causo certa surpresa. Como
explicar? Passei a me identificar mais com caminhadas em montanhas. Mas
ainda não as experimentei. Em ‘O Barco
Vazio’, escreve Osho, filósofo indiano:
“Alexandre, o Grande,
estava indo para a Índia – para vencer, claro -, porque se você não precisa
vencer, não vai a lugar nenhum. Por que se preocupar? Atenas era tão bonita,
não havia necessidade de fazer uma viagem tão longa.
A necessidade de vencer é
para provar que você é alguém, e a única maneira que conhecemos de provar isso
é provar aos olhos dos outros, porque os olhos deles se tornam reflexos.
Nenhum lugar para ir,
está tudo aqui, então por que se preocupar com o resultado? Tudo está
disponível agora, por que não aproveitar isso?
Eu gostaria de fugir e me
tornar um ‘sannyasin’, para ir para a
floresta e meditar.”
Nessa obra, Osho revela
que “Sua mente sempre anseia pelo que está distante, nunca pelo que está
próximo. O que está próximo lhe dá tédio, você fica farto disso; o distante lhe
dá sonhos, esperanças, a possibilidade de prazer. Então, a mente sempre pensa
no que está distante. Você é cego para o que está próximo. A mente não pode ver
o que está muito próximo. Ela só pode ver o que está muito longe”.
Para esse filósofo, a
mente pode viver no futuro, mas não pode viver no presente. No presente, você
pode simplesmente ter esperança e desejar. E é assim que você cria o
sofrimento. Se você começar a viver neste momento, aqui e agora, o sofrimento desaparece.
Hoje os meus roteiros de viagem preferidos são os meus livros mágicos,
origem de constantes novas descobertas que tanto enriquecem e transformam. Só
os meus leitores são capazes de compreender o que o conhecimento sobre a
natureza humana significa para mim. E esse é um tipo de viagem que não dá mesmo
pra curtir sozinho. Cada nova viagem, cada nova descoberta, precisa ser
necessariamente partilhada com a esperança de um mundo melhor.
Citando o médico americano Andrew Weil, autor de “Felicidade Espontânea”,
não tenho a pretensão de ter alcançado o completo bem-estar emocional. “Na
verdade, acho que esse é um objetivo para a vida toda. Para mim, trata-se de um
processo contínuo que requer consciência, conhecimento e prática. Sei qual é a
sensação da boa saúde emocional e isso me motiva a manter a prática, por isso
gosto de compartilhar um pouco de minha experiência com as pessoas.”
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
“SÓCRATES FOI UM FILÓSOFO GREGO que andava pelas ruas de Atenas, onde havia lojas de comércio, e também vendedores chegavam à porta e perguntavam se ele desejava alguma coisa. Ele respondia: “Não, estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”.
ResponderExcluirSócrates, para ser feliz, tem necessidade de muitíssimas coisas: são coisas que não se veem, não podem ser tocadas, mas são extraordinariamente raras e onerosas, porque custam sensibilidade, sabedoria e riqueza de vida interior.”
*** Diálogos Criativos, Domenico De Masi e Frei Betto, com mediação e comentários de José Ernesto Bologna