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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

HOMOSSEXUALIDADE: TEMPO DE MUDAR O INSENSATO PRECONCEITO

“Tudo indica que venha de berço, hereditário ou da gestação, apesar de a hipótese genética ser a mais cotada entre os cientistas ...”

Tom Simões, www.tomsimoes.com, setembro 2013


GAYS SÃO SEMPRE motivo de chacotas e piadas. Porque as pessoas ignoram a verdadeira natureza de quem nasce com essa característica. Só quem tem um “gay” na família ou como amigo é capaz de aceitar e respeitar normalmente essa condição. As pessoas não têm consciência de como agem: quem pode garantir que nunca terá um filho (a) “gay” ou nunca será avô de um “gay”? E como, a partir de então, os machistas de plantão poderão lidar com essa realidade?

“Muitas pessoas veem o homossexualismo como um transtorno mental e ensinam os mesmos valores a seus filhos. Na escola, esses jovens cometem atos de bullying contra colegas gays ou adotados por casais gays. E algumas das vítimas se suicidam”, relata Michael Kepp, jornalista americano radicado há 29 anos no Brasil, em sua crônica “Um anúncio simbólico” (Folha de S. Paulo, caderno Equilíbrio, 29 de maio de 2012).

Kepp conta que tal preconceito existe porque perpetua o mito de que a homossexualidade não é natural. “Ser gay não é transtorno. Nem mesmo é preferência. É uma atração irresistível. Por que, se pudesse escolher sua sexualidade, alguém optaria por uma que ofende e intimida tanta gente?” Kepp diz também que a declaração de Barack Obama, a primeira de um presidente americano neste sentido, fez com que casais homossexuais e seus filhos se sentissem menos excluídos da sociedade. 

Felizmente, a consciência social começa a mudar nesse sentido. Hoje, até mesmo o papa Francisco, 76, critica a ‘obsessão’ da Igreja Católica pela união gay. Ele vem chamando a atenção pelo despojamento pessoal que adotou, como se instasse a Igreja a se desfazer do que resta da sua antiga opulência, segundo revela o artigo “A doutrina Francisco”, publicado na Folha de S. Paulo de 23/9/2013. “Mais importante, talvez, seja a disposição, agora explícita, de amenizar a ênfase em dogmas restritivos à esfera da sexualidade”, comenta o jornal.

Já num outro artigo, “Papa critica a ‘obsessão’ da Igreja por aborto e união gay” (Folha de S. Paulo de 20/9/2013), o papa disse que a igreja não pode ficar ‘obcecada’ com o casamento entre pessoas do mesmo sexo nem com a condenação ao aborto e à contracepção. Ele afirmou que não é possível interferir espiritualmente na vida das pessoas e pediu que a Igreja encontre um ‘novo equilíbrio’ em suas prioridades. “Certa vez, uma pessoa me perguntou, de forma provocativa, se eu aprovava a homossexualidade. Respondi com outra pergunta: ‘Quando Deus olha para uma pessoa gay, endossa a existência dela com amor ou a rejeita?’.” 

“Comportamento homossexual tem sido descrito em répteis, pássaros e mamíferos, animais que na evolução divergiram há mais de 100 milhões de anos. Uma parte dos machos e fêmeas de todas as espécies de aves estudadas têm relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo. Em muitas ocasiões, essas práticas terminam em orgasmo de apenas um ou dois dos parceiros. [...] prezadíssimo leitor: se o comportamento homossexual está documentado em animais tão distintos quanto répteis, aves e mamíferos, é porque a homossexualidade é mais antiga do que a humanidade”, escreve o médico Drauzio Varella em sua crônica “Gays e heterossexuais incuráveis” (Folha de S. Paulo, 29/6/2013).

Eu, diz o médico, que sempre coloquei em dúvida a masculinidade daqueles excessivamente preocupados ou ofendidos com a homossexualidade alheia, gostaria de saber em que porta de botequim os nobres deputados ouviram falar que o homossexual é um doente à espera de tratamento psicológico.


“Curiosamente, na natureza – não nos podemos esquecer que a humanidade também faz parte dela –, há centenas de espécies onde foram observados comportamentos homossexuais em alguns indivíduos. Em 2006, o Museu de História Natural de Oslo levou a cabo uma exposição intitulada “Contra Natura?”. Esta mostra, baseada num estudo científico, pretendeu pôr em causa a premissa de que a homossexualidade não é natural. Baleias, girafas, golfinhos, escaravelhos, cisnes e leões são apenas seis das 1500 espécies, onde já foram observados comportamentos homossexuais. Estarão também os animais a pecar, será que, quando morrerem vão arder eternamente no inferno dos animais? É possível… mas só na mente perturbada dos religiosos, pois estes animais não são excluídos dos seus grupos apenas porque é agradável relacionarem-se sexualmente com indivíduos do mesmo sexo.”

“ESCALA KINSEY”

Alfred Kinsey era um taxonomista que classificava vespas na Universidade de Indiana, EUA. Um taxonomista é sempre um obsessivo. Sua profissão consiste em classificar por grupos (geralmente seres vivos), separando-os por minúsculos detalhes. Quem aborda Kinsey é Francisco Daudt, formado em Medicina e que atua como psicanalista clínico, em seu artigo “Cura gay”, publicado na Folha de S. Paulo de 28/5/2013.

Conta o psicanalista que Alfred Kinsey aplicou mais tarde sua perícia no estudo da sexualidade humana, do que resultou a “Escala Kinsey” de orientações sexuais masculinas, com seis tipos assim definidos: (0) heterossexual exclusivo; (1) hétero ocasionalmente homossexual; (2) hétero mais do que ocasionalmente homo; (3) igualmente hétero e homo (“bissexual”); (4) homo mais que ocasionalmente hétero; (5) homo ocasionalmente hétero; (6) exclusivamente homossexual.

Segundo Daudt, nascer com algo de gay (de 1 a 6) – e tudo indica que venha de berço, hereditário ou da gestação, apesar de a hipótese genética ser a mais cotada entre os cientistas – definitivamente não é nascer com alguma doença.

Ele revela que, se há uma boa razão para a homossexualidade não ser uma escolha, uma opção, e sim um destino, é o fato de que a presença de atração gay na mente é perturbadora para a maioria dos homens. “Pode ser sofrida, e, mesmo não sendo doença, pode ser causadora de doença psíquica, desde a neurose obsessiva até a depressão e a paranoia. Como foi, outrora, o fato de se nascer canhoto (não faz muito tempo que eles tinham a mão esquerda amarrada para ‘se curarem’), conta o médico.

No entender de Daudt, ninguém em sã consciência entraria no supermercado das orientações sexuais e, animadíssimo, poria em seu carrinho de compras o destino de ser gay, com a gôndola de ser hétero ao lado. É muito mais fácil ser hétero.

Em artigo na revista Época, Ideias, www.epoca.com.br, 17/9/2012), a historiadora americana Hanne Blank, 43, em entrevista a Tonia Machado, nos permite fazer outras reflexões profundas: “O conceito de hétero e homossexualidade não foi criado com base em princípios científicos, mas sim sociais. A ciência tem muita influência e muita autoridade perante a sociedade. E essa é uma das razões de ela continuar procurando evidências físicas para a sexualidade ou a orientação sexual. Seria muito conveniente se a ciência dissesse: ‘Isso é o que faz com que alguém seja homossexual. Agora sabemos de onde vem’. A partir daí, teríamos uma resposta para o questionamento de por que alguns querem uma coisa e outros querem coisas diferentes. Se houvesse alguma resposta física conveniente para essa questão, então não precisaríamos mais perguntá-la.”

CURA GAY

“Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby”, disse o papa Francisco ao deixar o Brasil.

Como escreve Frei Betto, 68, no artigo “Cura ‘gay’, modesta contribuição” (Folha de S. Paulo, Tendências/Debates, 30/7/2013), a mensagem do papa é esperançosa, mas, ao contrário do que diz, o problema no Brasil é o lobby antigay, liderado pelo deputado federal Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

“Deputados que consideram a homossexualidade uma doença propõem a ‘cura gay’. Querem alterar a resolução do Conselho Federal de Psicologia que impede seus profissionais de tratar homossexuais como doentes. O que é um gay? Como diz a palavra inglesa, é uma pessoa alegre. Se os homossexuais são felizes, por que submetê-los à terapia?”, escreve Frei Betto.

Para ele, terapia é própria para obsessivos, como é o caso de quem odeia constatar que homossexual é uma pessoa feliz. “Isto sim é doença: a homofobia, aliás, como toda fobia. E há inúmeras: desde a eleuterofobia, o medo da liberdade que, com certeza, caracteriza os fundamentalistas, até a malaxofobia, o medo de amar, sobretudo quem de nós difere.”

Conta Frei Betto que Alan Chambers, ex-presidente da Associação Exodus International, destinada a curar gays, declarou em junho de 2013 que também é gay, pedindo perdão pelos sofrimentos causados a homossexuais e fechou a entidade.

“SOU PIVÔ, NEGRO E GAY”, REVELA ATLETA DA NBA


Jason Collins se tornou o 1º jogador de uma das 4 principais ligas dos EUA a assumir ser homossexual, escreve Raul Juste Lores, de Washington (Folha de S.Paulo, Esporte, 30/4/2013). 

Segundo Raul Lores, o pivô Jason Collins, 34, jogador de basquete nas últimas 12 temporadas da NBA, tornou-se no dia 29 de abril o primeiro atleta em atividade em uma das quatro grandes ligas americanas a se declarar gay. Ele escreveu um texto em primeira pessoa, devendo ser capa da próxima edição da revista Sports Illustrated.

“Nas ligas de futebol americano, beisebol, hóquei e basquete – as mais populares e que mais movimentam dinheiro nos EUA -, apenas atletas já aposentados haviam assumido a homossexualidade, como John Amaechi, da NBA, e Dave Kopay, da NFL (futebol americano)”, narra o jornalista.

Raul explica que o esporte é considerado um dos últimos bastiões da homofobia no país: em março, o técnico do time de basquete da universidade Rutgers foi demitido após a divulgação de um vídeo de um treino em que ele chamava de “maricas” – entre outras ofensas – os atletas que “não jogavam como homens.

“Não sigo o estereótipo do gay suave, sempre fui muito agressivo no esporte”, provocou Collins em seu texto.

Como ilustra ainda outro artigo da Folha, em março de 2013, o jogador de futebol Robbie Rogers, 25, que já jogou pela seleção, também anunciou que é gay. Mas disse que estava pendurando as chuteiras – posição que estaria reconsiderando, segundo o New York Times. Para a ex-tenista Martina Navratilova, que assumiu ser lésbica em 1981, “as coisas andavam devagar demais no esporte” e “é doce ver um atleta assumir o que é”. 

“TORCEDORES ACEITAM JOGADORES GAYS”

Sob esse título, Leonardo Lourenço (Folha de S. Paulo, caderno Esporte, 1º de junho de 2012) também abordou o assunto: “O senso comum de que o futebol é um ambiente hostil para homossexuais parece não ser mais verdadeiro. Uma pesquisa publicada em maio no “British Journal of Sociology” constatou que 93% dos torcedores aceitariam um jogador assumidamente gay em seus times.

Leonardo cita a professora Heloisa Helena Baldy dos Reis, especializada em sociologia do esporte da Unicamp: “Isso demonstra um avanço da sociedade britânica”. Ela, porém, não discorre com o mesmo otimismo sobre a situação no Brasil. “A homossexualidade é motivo de ofensa no futebol. Os cânticos tentam ofender rivais pela sexualidade. O futebol é o último bastião do macho”, lembra a professora.

O jornalista comenta também que a intolerância demonstrada por torcedores, porém, não foi repetida por fãs do “Palmeira”, pequena equipe do Rio Grande do Norte. “Não tem quem diga algo do nosso goleiro. Se perdermos o Messi, vai ser difícil encontrar outro do mesmo nível”, disse, em 2010, o presidente do clube, Cláudio José Freire.

Ele se referia a Jamerson Michel da Costa, o Messi, arqueiro assumidamente homossexual do time potiguar. “Eles [os jogadores gays] não se revelam por medo”, disse Messi, à epoca. “O homossexual que não se declara tem preconceito dele mesmo. Quero ser um exemplo”, completou o palmeirense, fã de Marcos, conforme descreve o jornalista da Folha.

No entender da amiga Márcia Navarro Cipólli, revisora dos meus textos, essa questão de como a sociedade lida com o ser “homo” ou ser “hétero” (independentemente de sua origem, causa...) tem base "cultural”, em resumo, na não aceitação do "diferente" em todos os seus aspectos e graus. O ser humano não é educado, preparado, catequisado... para aceitar com naturalidade as formas menos comuns com que a Natureza se apresenta. 

“À luz do Evangelho, o melhor é seguir o conselho de santo Agostinho: ‘Ama e faz o que quiseres’. Ou, como diz Francisco, sejamos todos irmãos”, enuncia Frei Betto.

***
(*) jornalista, Santos (SP), especializado em divulgação científica
Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

7 comentários:

  1. COMO SÍMBOLO GAY, POSSO INFLUENCIAR O FUTEBOL

    Ao assumir homossexualidade, meia dos EUA diz ter tido mais apoio do que imaginava

    *** Folha de S.Paulo, Esporte, 13/10/2013 (síntese)


    “MEU SEGREDO se foi. Sou um homem livre”. Foi com essa mensagem que Robbie Rogers se tornou em 15 de fevereiro deste ano o primeiro jogador de futebol em atividade com passagem por uma seleção de futebol de certa relevância a assumir publicamente a homossexualidade.

    Contratado do Los Angeles Galaxy (equipe da principal liga dos EUA e que teve Beckham no elenco), o meia de 26 anos se tornou um símbolo gay no esporte. Embora seja alvo de ofensas em campo e fora dele, Rogers está otimista. Acredita que possa voltar à seleção dos EUA e disputar uma Copa.

    “Antes de assumir minha condição, eu achava que as pessoas não entenderiam. Tudo acabou sendo consideravelmente melhor. É lógico que alguns sempre fazem piada. Mas a maioria das pessoas está me apoiando. Eu simplesmente evitava, não falava com ninguém, apenas jogava futebol e tentava não pensar a esse respeito. Eu usava o esporte para fingir que não era gay. Meus amigos costumavam dizer para as pessoas que desconfiavam que eu era gay: ele joga futebol, é impossível que ele seja gay. Eu espero que, se mais jogadores se assumirem, a condição sexual deles deixará de ser considerada uma questão relevante. Mas ainda vai demorar alguns anos. Os jovens precisam de exemplos.

    A luta contra o preconceito se estende a outros esportes. Em abril, Jason Collins se tornou o primeiro atleta da NBA a se declarar homossexual. O pugilista Orlando Cruz também é gay assumido.

    O atacante Emerson e o lateral Richarlyson já se declararam heterossexuais, mas sofrem ofensas homofóbicas até mesmo de torcedores das próprias equipes que defendem. Emerson passou a ser xingado por corintianos depois de ter postado em sua página no Istagram, em agosto, uma foto dando um selinho em um amigo. Já Richarlyson, hoje no Atlético-MG, não tinha seu nome gritado pela maior organizada do São Paulo devido aos rumores, sempre negados, de que é gay.

    No vôlei, em 2011, o Cruzeiro foi multado por gritos de “bicha” da torcida a Michael, gay assumido, jogodor do Vôlei Futuro.

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  2. OMS VAI VARRER ‘CURA’ GAY DO MAPA, Barbara Gancia, Folha de S.Paulo, Cotidiano, 22/11/2013. Unifesp e OMS apresentarão revisões sobre sexualidade da nova Classificação Internacional de Doenças. “[...] Em outros sistemas classificatórios de doenças mentais, a homossexualidade já deixou de ser doença há tempo. Mas lembra daquela psiquiatra do Rio que se baseava no artigo F66 do CID-10, que tratava como transtorno do ego-distônico, ou seja, o indivíduo que sofre por não aceitar sua sexualidade? E lembra que ela insistia que ‘cura’ gay deveria continuar sendo prática legalizada por conta disso? Pois na nova edição da CID, listagem que orienta a Saúde do mundo inteiro, essa discrepância acabou. No entender da OMS, qualquer orientação sexual deve ser encarada como parte natural do desenvolvimento. Está fora de questão patologizar. Um dia, quando formos todos menos ogros, conseguiremos entender o que gente como a filósofa Márcia Tiburi já diz há tempo: que não existe sexo. Todos somos humanos com doses maiores ou menores de hormônios masculino o feminino. Nesse quadro, encaixa-se um amplo espectro que mistura não só hormônios como influências externas de toda sorte, não há estudo que determine exatamente de onde vem a orientação sexual. Como também não há estudo que diga por que eu gosto de picolé de limão, mas odeio coentro. Só não venha pegar no meu pé por isso!”


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    1. Discordo da parte que diz que todos somos humanos com doses a mais de hormonios masculinos ou femininos. Porque não é isso que determina se alguém é ou não gay. Se fosse assim não veríamos homens com aparência tão másculo (como: pêlos, voz grossa, músculos avantajados, etc. Porquê tais caracteristicas se dão devido ao alto grau de testosterona) sendo gays.

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  3. Vou ler com calma suas abordagens. Deixo meu parecer mais tarde. Obrigada pelo convite.

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  4. Que preconconceito dizer que só quem tem amigo ou algum familiar gay é capaz de aceita-los e rerespeitá-lo. Primeiro: que respeito se conquista e nao depende de raça,posição social ou opção sexual.Primeiro:vivemos em um mundo pluralista, com um número gigantesco de diferenças, e conforme o texto só aceitaremos e respeitaremos essas diferenças se tivermos algum amigo ou familiar nessas diferentes condições.

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