“Será que não temos muito mais do que
precisamos?”
NESTA SEMANA, uma colega de trabalho presenteou-me com a revista da Seicho-No-Ie”
no 333, abril 2013, que li no retorno de uma viagem, grifando alguns
trechos com interessantes reflexões.
Pensei então como podemos evoluir sem focar determinada religião. Importa
sim o conhecimento dos vários ensinamentos capazes de nos transformar em seres
humanos melhores a cada momento.
O filósofo René Descartes, 1596-1650, resumiu sabiamente essa ideia: “Se,
portanto, você deseja descobrir a verdade das coisas com seriedade, não deve
selecionar uma ciência ou uma religião em especial: porque todas as ciências e
religiões estão unidas entre si e são interdependentes. Deve, sim, pensar em
como aumentar os direitos naturais da razão, não com o propósito de resolver
esta ou aquela dificuldade, do tipo escolástico, mas com o fim de sua
compreensão para esclarecer a adequada eleição em todas as contingências da
vida. Em pouco tempo poderá ver, com surpresa, que você fez mais progresso do
que os que tinham determinados fins e que não somente você obteve tudo o que
desejava, como também ainda mais do que aquilo que poderia esperar”.
No artigo “Manifestar Deus”, o professor Seicho Taniguchi escreve: “Para o
ser humano sentir-se contente e feliz, a coisa mais importante é empenhar-se
constantemente na busca da perfeição. É preciso esforçar-se sem recear
fracassos. Para isso, é imprescindível ter fé. Quem não tem fé desiste no meio
do caminho ou desanima considerando-se um derrotado”.
Diz o professor Taniguchi: “Talvez haja quem argumente: ‘Mas existem
homens prósperos e felizes apesar de
serem ateus; e homens pobres e infelizes apesar de crerem em Deus’. Isso é
verdade. Porém, nesse caso, o nosso conceito de ‘Deus’ difere do conceito das
pessoas que apresentam tal argumento. Mesmo aquele que se considera
materialista, se é verdadeiramente feliz e próspero, não é um materialista
autêntico; com certeza, essa pessoa pratica atos que, de algum modo, atendem à
vontade de Deus”.
Para o professor, Deus não Se zanga pelo fato de alguém não O chamar por
esse nome. Ele perdoa e concede graças até mesmo aos que negam Sua Existência.
“Ele não faz nenhuma objeção em ser chamado de Natureza, de Vida, de Força ou
de Lei Natural”, diz.
ESPAÇOS EM BRANCO
Nessa revista da Seicho-No-Ie, um artigo em especial chamou-me a atenção:
“Criar Espaços em Branco”, de autoria da professora Junko Taniguchi. Nele, a
professora alerta para refletirmos sobre o exagero da prática consumista
do ser humano: “Será que não temos muito
mais do que precisamos?”
Chamou-me a atenção por conta de, atualmente, eu tentar aplicar esse conceito
na vida: não acumular objetos desnecessários. As pessoas costumam enfeitar
demais suas casas: excesso de móveis e de quadros em paredes, muitos tapetes..., sem optar pelo que é essencialmente necessário. Elas
ignoram a importância dos espaços em branco para a circulação da energia e o
bem-estar da família, o que também se aplica em outros ambientes, como o de
trabalho, por exemplo.
Atualmente, Junko pensa muito ao comprar coisas, pois acha que não é
preciso aumentá-las em demasia. “No mundo atual há coisas em abundância. Os
comerciais da televisão procuram vender ilimitadamente os produtos novos,
úteis, da moda. Por outro lado, os consumidores têm a tendência de estocar
produtos sem necessidade, quando acham, por exemplo, que é vantajoso comprar porque está barato.
Desse modo, dentro de casa aumenta o número de coisas adquiridas sem perceber,
que acabam ocupando o precioso espaço de moradia que não é muito espaçosa e que
se torna uma floresta de coisas desordenadas”, escreve.
Para a professora, o aquecimento global é problema atual. Como resultado
do consumo desenfreado e contínuo das pessoas que se entregam ao desejo
ilimitado, o ajuste climático próprio da Terra e a capacidade de circulação de
elementos entram em colapso, a ponto de se tornarem insuficientes.
Agora, orienta Junko, precisamos reformular a conduta de consumo
desenfreado de priorizar o desejo, pois, caso contrário, é bem provável que a
Terra dê um grito, causando a diminuição
territorial e grandes calamidades, enviando a conta à humanidade. “Pode
haver pessoas que dizem que a vida é difícil por causa da crise econômica, mas
acredito que, se cada pessoa fizer uma revisão de sua vida e adquirir o hábito
de vivê-la com cuidado, poderá levar uma
vida ainda mais rica mentalmente do que agora”, comenta.
Segundo a obra “Uguisumochi to Banana” (ainda não editado em português), é
preciso estender esta sensação de vazio não só aos produtos, mas às pequenas
coisas dentro de casa. “Eu não acho que vivi até hoje com luxo, nem que comprei
coisas em demasia, mas, mesmo assim, a força da correnteza da vida fez com que
eu adquirisse produtos com facilidade”, cita o livro.
Há na referida obra uma passagem que diz: “É difícil mudar um hábito
arraigado durante muito tempo, mas nós, que vivemos na época do aquecimento
global, devemos começar a pôr em prática onde der aquilo que podemos fazer
objetivando uma sociedade de baixo carbono. O que podemos fazer não deve ser
penoso. Desapegando-nos mentalmente das amarras materiais, criamos um espaço em
branco no local da vida cotidiana.” Conforme a obra, a verdadeira riqueza da
nova era nasce de “espaços em branco”.
Ao optar por espaços em branco, vale imaginar que poucos objetos bem
escolhidos e significativos podem ser realçados num ambiente harmonioso. Móveis
e objetos de decoração em excesso comprometem essa harmonia. Espaços em branco
tornam os espaços mais aconchegantes, convidativos, repousantes; as visitas
costumam exteriorizar tal sensação.
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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