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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

LEITURA: ESPÉCIE DE ALIMENTO

E o juízo preconcebido da chamada literatura de autoajuda...



“NASCEMOS com um grande tesouro, tão vasto, tão grandioso, que é inexaurível. Mas vivemos em tão grande pobreza porque nunca cavamos até o fundo do nosso ser. Procuramos em outros lugares. Esse é o detalhe mais estranho no homem: ele procura em todos os lugares, está disposto a ir ao monte Everest, está disposto a ir à Lua, mas não está pronto para entrar em si mesmo.” Palavras de Osho, filósofo indiano.

Em www.oshorachana.com.br encontra-se o seguinte pensamento: “A gente vive em estado de amizade, onde cada um se cuida e cuida do outro e, juntos, cuidamos do sítio, dividindo tarefas e organizando o que precisa acontecer no dia a dia. A vida fica muito rica vivida desse jeito!” Neste sentido, é forte o meu desejo de compartilhar aprendizados capazes de nos transformar em pessoas melhores.

“Por que olhamos com desconfiança para tudo aquilo que não conhecemos? O desconhecido é sempre um mistério para nós. Basta observar nossa reação quando estamos diante de um novo prato. Para uma culinária não tradicional, olhamos desconfiados. Veja, por exemplo, quando um desconhecido se aproxima de uma roda de amigos. Ficamos inquietos e, muitas vezes, desconfortáveis”, analisa Dalcides Biscalquin em “Por onde o amor me leva”.

O problema, diz Biscalquin, é quando a desconfiança ou medo do novo nos impedem de descobrir novos horizontes, novas pessoas, novos sabores, novas perspectivas de vida. “Aí caímos na mesmice. Tudo sempre igual, conforme o esperado. Tudo muito calmo, mas muito sem vida.”
Hoje, fico feliz quando vou à livraria e constato o aumento de leitores, sobretudo jovens. Isso reflete a necessidade da expansão da consciência na atualidade. A leitura certamente contribui para tornar a mente e a atitude das pessoas menos convencional.

Com o hábito da boa leitura é possível sair do padrão condicionado e promover a reflexão sobre o cotidiano, o que pode levar o indivíduo à reconstrução interior e a ações inovadoras e corajosas, mudando crenças improdutivas.

É interessante como pessoas costumam depreciar a chamada leitura de “autoajuda”, incluindo nesse juízo preconcebido, na forma de uma atitude discriminatória, obras escritas por renomados filósofos e psicólogos, por exemplo. “Não só a classificação ‘autoajuda’ sofre preconceito nas livrarias, mas o gênero literário em si é visto por muitos como uma literatura menor”, escreve Diana Gonçalves em “Literatura de autoajuda”,  http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/484070

Eu penso que quando alguém se depara com uma obra que leva à autorreflexão e mudança positiva de comportamento deve perguntar: Isto faz sentido? É apenas romântico? É autojuda corriqueira? É verdadeiro? Muda na essência? Sim, porque deve haver no ser humano o desejo de se reinventar permanentemente, de aprimorar a sua capacidade limitada de enxergar o mundo. Neste sentido, se uma pequena fração dos meus leitores puder ter algum benefício com o que escrevo, já me sentirei recompensado ao compartilhar o que estudo e compreendo.

Penso ser importante que o leitor, independentemente do foco de seu interesse literário e jornalístico, também faça escolhas que possam enriquecê-lo em relação a pontos de vista que sejam agregadores de conteúdo pessoal, contribuindo para que ele se transforme em alguém mais positivo e útil a cada dia.

Como diz Osho, há um detalhe estranho no homem: ele não está pronto para entrar em si mesmo. E então uma leitura útil pode ter a função de despertar e libertar o leitor das velhas formas repetitivas e convencionais de pensar.

Mas a maioria das pessoas é preguiçosa demais para se habituar à leitura. E isso é algo que lamento profundamente: porque elas não sabem o que perdem. Eu posso afirmar isso por experiência própria, por ter adquirido o hábito de ler após os cinquenta anos. Portanto, é sempre tempo de pensar sobre a importância da leitura. Assim como a prática da atividade esportiva. Começa-se aos poucos até se adquirir o hábito. A escolha do tema de uma obra com o qual o leitor se identifique é muito importante como um primeiro passo; depois, é uma questão de “vontade” para seguir adiante: uma a duas páginas de leitura por dia, por exemplo. Porque se queremos realmente mudar nossa vida, é preciso começar neste momento.

A leitura leva o leitor a um estágio melhor do que o anterior. Não há dúvida. Para quem acredita no poder individual de transformar o mundo ao seu redor, um livro pode servir como agente modificador da história do leitor e da história social. O livro dá um sentido mais amplo à existência. Quem tem necessidade de encontrar sentido e significado em sua vida?

Porque a vida fica muito mais rica com o hábito da leitura. Certamente é  possível tornar-se mais compassivo e mais sábio quando o livro passa a ser uma espécie de alimento; ele é uma contribuição genuína para a qualidade de vida das pessoas. Porque também é bom ter ao lado alguém com o hábito da leitura, com boas respostas, pois com o conhecimento pode-se deixar de lado vaidades e ambições inúteis.

“Você já observou a si mesmo? Está sempre tentando exibir sua ‘sabedoria’, em busca de uma vítima a quem possa mostrar seu conhecimento, sua capacidade; só procurando, caçando alguém mais fraco do que você – para que possa se intrometer e mostrar a sua sabedoria”, escreve Osho em “O barco vazio”. O sábio, diz o filósofo indiano, não precisa ser exibicionista. Seja o que for que ele seja, ele é. “Ele não está consciente disso, não está com pressa de mostrá-lo. Se você quiser encontrar isso, você terá que fazer um esforço. Se quiser saber se ele é gentil ou não, vai ter que desocbrir por si mesmo. O sábio segue o seu caminho sem depender dos outros. E não se orgulha de andar sozinho.”

Lamento gente arrogante e gente que se julga intelectual, menosprezando tudo o que não se encaixa no seu “sentido de superioridade”. Pobres tolos! A maior qualidade dos grandes sábios é a “humildade”. Os sábios não tentam se projetar sobre as outras pessoas nem se mostrar superior a elas. Os sábios não subestimam, nem supervalorizam fatos, pessoas, coisas ou a si mesmos. Todo aquele que atinge a verdadeira sabedoria se torna uma pessoa simples, pois a verdade é simples.

Você pode ser alguém, mas não pode ser o maior,  observa Osho. “Há sempre alguém maior em algum lugar do mundo. E quem é esse alguém? Você é a medida. Você diz que este homem é grandioso – mas quem é a medida? Você.”

O que mais podemos querer da vida, senão uma sensação de paz e significado? Porque nossa verdadeira natureza é pacífica, radiante e cheia de amor. Os sábios sempre sabem disso. Eles dizem que, dentro de cada um de nós, está o templo sagrado onde habita o Deus verdadeiro que nos orienta e nos conduz para o verdadeiro caminho que deveremos trilhar... Mas este assunto é maior do que uma pessoa só! E se destina exclusivamente a quem deseja refletir profundamente sobre o propósito de sua vida. O que não impede alguns céticos de tomar atitudes neste sentido: da autorreflexão e mudança positiva de comportamento. Porque na verdade “querer mudar” é a verdadeira questão. O grande desafio!

“Nós, seres humanos, feitos à imagem e semelhança do Divino, temos uma essência. Tudo o mais que nos cerca é apenas circunstância. O que temos hoje podemos não ter mais amanhã. De qualquer forma, o que realmente somos ultrapassa qualquer condição que queira nos definir – dinheiro, felicidade, conhecimento. Seremos, na nossa essência, sempre mais do que qualquer coisa que possamos vir a ter”, inspira-me ainda Biscalquin.

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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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