“Quando nos alinhamos com a lógica existencial, o ambiente começa a refletir nosso comportamento. Sem esforço e como que por mágica atraímos o que precisamos”
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JÁ CITEI ESTE TRECHO da obra “O líder sem status”, de Robin Sharma, com o qual me identifico bastante: “Compartilhar as ideias com o maior número possível de pessoas. A recompensa é que você será capaz de melhorar profundamente a vida de mais pessoas do que imaginava ser possível. E então, como só quero ajudar as pessoas a realizar o melhor de si e tornar o mundo um lugar melhor, fizeram-me prometer que os ajudaria a divulgar suas boas palavras. Cada um de nós pode fazer sua parte para ajudar a aprimorar as pessoas, as empresas e as nações. Hoje eu me sinto importante. Minha vida é significativa. Sinto que o mundo ainda se tornará um lugar um pouco melhor porque eu existo. E o que pode ser mais perfeito do que isso?”
Em 18/9/2011, a Folha de S. Paulo noticiou que o Dalai Lama, Tenzin Gyatso (76), líder máximo do budismo tibetano, defende a importância da educação para valores humanos desde o jardim da infância até a faculdade. Para ele, essa é a tarefa das próximas gerações: “Cabe a vocês dar forma ao século 21. Um mundo de compaixão pode ser criado. A minha geração logo vai dar tchauzinho e ir embora”.
Na vida, quando optamos por trilhar o caminho do autoconhecimento e da transformação pessoal contínua, podemos nos surpreender com retornos providenciais, ou seja, respostas refletindo uma ação divina. É bem difícil falar sobre isto, porque geralmente as pessoas não entendem ou não acreditam no aspecto transcendental da vida.
A pessoa que evolui neste sentido acostuma-se a silenciar por não ter com quem compartilhar o seu aprendizado, como acontece com o estado de “graça”, por exemplo, tema deste artigo. Então é preciso ela se calar. Mas é possível também encontrar alguém disposto a caminhar junto e a entender e experimentar a lógica universal.
Stanislav Grof, psiquiatra checo, 1931, ao destacar a importância dos estados ampliados de consciência, é como se, em vez do cartesiano “Penso, logo existo”, estivesse a nos dizer: “Transcendo, logo existo”. Segundo Grof, em sua obra “A consciência holotrópica” (que significa ’em direção ao todo´): “No estado comum de vigília, operamos num nível muito abaixo de nosso potencial, pois nos identificamos apenas com uma parte de nosso ser, o corpo e o ego”. Para ele, é preciso transcender os limites estreitos de nossa mente para nos unirmos às dimensões transpessoais e espirituais de nosso verdadeiro ser. Grof é mundialmente considerado um dos principais nomes no campo das pesquisas sobre consciência.
“Quando o ser humano tiver feito o que a ele compete, então terá que esperar. Exatamente na hora determinada pelo sábio Deus, ser-lhe-á permitido receber aquilo que lhe couber. Isso é o que deves aprender!”, cita a obra “Zoroaster”, da coleção “O mundo do Graal”. Ainda segundo o livro: “Para ti nunca haverá um ‘eu não posso’. Olha para cima em qualquer situação de tua vida. Se fores puro, o auxílio não te faltará.”
Há um estudioso, perdoe-me por eu não lembrar a referência, que escreveu: “Quando nos alinhamos com a lógica existencial, o ambiente começa a refletir nosso comportamento. Sem esforço e como que por mágica, atraímos o que precisamos. Somente quando temos um plano para trazer significado à vida podemos realmente progredir.”
A GRAÇA
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Cristo disse: “Muitos são os chamados, mas poucos, os escolhidos” como significando que poucos escolhem escutar o chamado da graça devido às dificuldades envolvidas. Com essa interpretação, M. Scott Peck, psiquiatra americano, autor de “A trilha menos percorrida”, explica que sermos ou não abençoados pela graça é uma escolha nossa. Essencialmente, a graça é conquistada.
“Não vamos até a graça; ela vem até nós. Por mais que tentemos obtê-la ela ainda poderá nos escapar; mesmo que não a busquemos, ela nos encontrará. Deus faz a escolha”, diz Peck.
Para esse psiquiatra, a reação comum de quem alcançou o estado de graça, recebeu essa nova “bem-aventurança”, é de surpresa. “Essas pessoas não acham que a merecem. Embora possam ter uma consciência realista da bondade da sua natureza, não a atribuem à própria vontade; em vez disso, acreditam que sua bondade foi criada por mãos mais sábias e habilidosas do que as delas. Quem está mais próximo da graça é mais consciente do caráter misterioso do dom que recebeu.”
Como resolver esse paradoxo? Indaga Peck. “Não há como. Talvez o melhor a dizer seja que, embora não possamos nos designar para a graça, podemos nos abrir para a sua miraculosa chegada, nos preparar para ser um solo fértil, um lugar acolhedor. Se pudermos nos tornar totalmente disciplinados e amorosos, ainda que não entendamos nada de teologia e não pensemos em Deus, teremos nos preparado para a vinda da graça.”
M. Peck revela que o seu trabalho de levar seus pacientes ao crescimento vinha sendo auxiliado de um modo que não era possível explicar logicamente – isto é, de um modo miraculoso. Essas experiências o levaram a questionar seu pressuposto anterior de que os milagres eram impossíveis.
Segundo o autor, “miraculoso” aqui se refere não apenas aos fenômenos extraordinários, mas também aos comuns, porque absolutamente tudo pode evocar essa consciência especial, se prestarmos atenção suficiente. Ele explica: “Quando a percepção se libertar do domínio do preconceito e do interesse pessoal, poderá experimentar o mundo como é em si mesmo e contemplar sua magnificência inerente... A percepção do miraculoso não exige fé ou pressupostos. É simplesmente uma questão de prestar total atenção aos fatos da vida, isto é, a tudo que está tão presente que não costumamos perceber. A verdadeira maravilha do mundo está disponível em todo lugar, nas menores partes dos nossos corpos, na vastidão do cosmo e na íntima interconexão entre todas essas coisas... Somos parte de um ecossistema delicadamente equilibrado em que a interdependência anda de mãos dadas com a individuação. Somos todos indivíduos, mas também parte de um todo maior, unidos em algo tão vasto e belo, que está além das descrições.”
Peck explica também que deveríamos procurar no cotidiano de nossas vidas evidências do miraculoso, mantendo ao mesmo tempo uma orientação científica.
“A auto-realização nasce e amadurece a partir de um tipo distinto de consciência, descrita de vários modos diferentes por muitas pessoas. Os místicos, por exemplo, chamam-na de percepção da divindade e perfeição do mundo. Nosso crescimento como seres humanos está sendo assistido por uma força distinta da nossa vontade consciente”, conclui o autor.
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Redação: Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, Santos (SP), Brasil
Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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