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terça-feira, 15 de maio de 2012

JOVENS INSPIRADORES

Quem procura novidade pode achar felicidade. E então, como nós, os mais velhos, podemos enriquecê-los e nos enriquecer em sua companhia?

NÃO RARAMENTE surpreendo-me com o comportamento de alguns jovens em especial. Jovens frequentando um templo budista, por exemplo. Adolescentes com o hábito da leitura. E como é saudável quando alguns deles gostam da companhia de pessoas mais velhas para conversar abertamente sobre assuntos pessoais!

Meu amigo mais novo tem 19 anos; com a sua maturidade, ele chega a ter dificuldade de se relacionar com pessoas da mesma faixa etária.

Eu, 63, tenho grande prazer de estar na companhia de pessoas jovens. E invisto honestamente nesse tipo de proximidade, buscando o benefício recíproco. Assim também acontece com o meu relacionamento com pessoas mais velhas. E para que isso aconteça, por experiência própria digo: em se tratando de pessoas tímidas, às vezes é preciso que, quando há simpatia, uma delas tome a iniciativa da aproximação.

Estou convencido de que os jovens gostam e necessitam sim, e muito, da companhia de pessoas mais velhas, que podem contribuir para o seu amadurecimento pessoal. Da mesma forma, o interesse e a confiança demonstrados por um jovem certamente favorecem um processo de renovação e a melhoria da autoestima do amigo mais velho.

Portanto, há uma troca sempre salutar nesse tipo de conquista pessoal. Juntam-se sabedoria e juventude; a relação gratificante é constantemente renovada quando, ao longo do tempo, o respeito e a confiança selam uma ligação dessa natureza.

E ahe fera! É como um amigo, 34, me trata
ao enviar suas mensagens eletrônicas

Há algo que algumas vezes também me surpreende: na academia esportiva, ao estar conversando com entusiasmo com um jovem praticante, perceber outros jovens interessados na nossa conversa. O que não é comum, provavelmente dá origem a: “O que esses dois têm para conversar tão entusiasticamente tanto tempo?


Por outro lado, no “Facebook”, tenho o propósito de compartilhar textos cujo propósito é levar o internauta à autorreflexão e a uma mudança positiva de comportamento.  É quando aprecio muito vários jovens também se interessando por esse tipo de conteúdo na mídia eletrônica.

Serginho  Groisman, apresentador de televisão
Ah! É bom lembrar: a incorporação natural e adequada do vocabulário da garotada, sem, diga-se de passagem, “forçação de barra”, é importante para a concretização de novos relacionamentos, saudáveis e construtivos, com base nas dúvidas e anseios próprios da juventude de um e na sabedoria do outro. Há que haver respeito pelo espaço tanto da displicência peculiar do jovem como dos eventuais saudosismos de quem tem histórias e mais histórias para contar! Neste particular, é preciso cuidado: muitas pessoas que têm o hábito de contar histórias e comentar fatos nos mínimos detalhes... Infelizmente, elas não têm noção de como podem ser cansativas e evitadas e/ou apenas toleradas por outros, até mesmo familiares.

Abaixo a chatice, a intolerância, o desprezo, a arrogância... E salve a humildade, a jovialidade, a emoção de compartilhar desejos, sonhos, medos... do jovem e do maduro, aos quais a vida possibilitou a conquista de uma sólida amizade.

Tudo isto me lembra algo escrito por Sakyong Mipham em sua obra “Governe seu mundo“: “Quanto mais participamos da vida, mais temos energia. Assim nos tornamos realmente mais jovens, pois estamos menos sobrecarregados, menos fatigados. Quando começamos um novo projeto ou encontramos um novo amigo, não pensamos: ‘Lá vou eu de novo. Já fiz isso um milhão de vezes’. Temos uma mente aberta, que está genuína e continuamente empenhada na ação, desprovida de qualquer tipo de pré-pensamento”.

AJUDA PARA AMADURECER

“Os jovens parecem ter autonomia de vida bem cedo: frequentam festas nas madrugadas, ingerem bebidas alcoólicas, viajam sem a companhia dos adultos, residem temporariamente em outros países etc. Os jovens têm vida de gente grande desde o início da adolescência. Vida social, pelo menos. Mas será que na vida pessoal eles amadurecem? Temos indícios que não”, revela a psicóloga Rosely Sayão, no artigo “Maduros até a página dois”, publicado na Folha de S. Paulo, caderno Equilíbrio, de 20/3/2012.

Depois de conversar com vários jovens de 17 anos, a psicóloga constatou um ponto interessante para reflexão: os jovens manifestam dificuldade de dialogar com adultos. “Eles falam com os adultos: expõem suas polêmicas opiniões a respeito dos assuntos em pauta, têm sempre bons argumentos para convencer os mais velhos a aceitarem seus pedidos, sabem comunicar o que querem”, revela Rosely.

Entretanto, escreve a autora, em situações de conflito, principalmente quando essas envolvem algum aspecto de suas vidas, não sabem como se comportar, não conseguem enfrentar a situação, perdem toda a segurança que tentam mostrar que têm. “Os jovens acham que não são levados a sério pelos adultos nessas circunstâncias. Pode ser que eles tenham razão”.

Para Rosely Sayão, nossos jovens precisam de nós, adultos. “Precisam de nossa ajuda para amadurecer, para encontrar coragem na busca de boas soluções para seus problemas, para enfrentar um mundo que começam a descobrir com seu próprio olhar, para enfrentar as vicissitudes da vida”, diz.

Ela explica então que só seremos boa companhia para eles nessa jornada se tivermos paciência para dialogar, conflitar, bancar junto a eles o lugar que logo ocuparão: o de adultos maduros que fazem escolhas e arcam com as consequências delas.

JOVENS EMPREENDEDORES

http://expocatadores.com.br, grafiteiro Mundano
É bom demais ouvir histórias de jovens que fazem a diferença. Um amigo meu, 37, conta que, na época da faculdade, tinha o hábito, com uma amiga, de distribuir comida à noite a moradores de rua.

Já Tiago Pimentel, 21 anos, monitor da turma de design gráfico do projeto social Oi Kabum, no Pelourinho, dá-nos outra lição, através do artigo “Um novo conceito de sucesso” (www.revistabmais.com, 23/8/2011): “Quero que meus desejos e realizações aconteçam, mas também o da sociedade em geral. Quero poder compartilhar minhas conquistas com outras pessoas”.

“Tunando as carroças, o grafiteiro Mundano, 26, espera aumentar a autoestima dos catadores de material reciclável. ‘Eles são invisíveis na cidade, então quando grafito o meio de trabalho deles, as pessoas começam a notá-los, porque a carroça fica chamando a atenção’, diz Mundano”. É o que relata Luisa Alcantara e Silva em seu artigo “Artista usa cores para valorizar catadores”, publicado na Folha de S.Paulo, Cotidiano, de 6/5/2012. Mundano grafita carroças desde 2007.

“Os catadores só tomam buzinada, mas o que seria de São Paulo sem eles? A cidade precisa reciclar mais, e precisa dar mais valor aos carroceiros”, diz o jovem empreendedor social. São Paulo recicla menos de 1% de seu lixo, cita o artigo.

Segundo a jornalista, o artista criou uma página no Catarse (catarse.me), site de financiamento colaborativo. Mundano se juntou a organizações como o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. Ele também busca parcerias, por exemplo, com óticas, para dar óculos a catadores que precisem.

“A busca por novidades é um dos traços que mantém você saudável e feliz, e que com a idade promove o crescimento da personalidade”, expressa o psiquiatra C. Robert Cloninger, que desenvolveu testes de personalidade para medir essa característica, no artigo “Quem procura novidade pode achar felicidade”, de autoria de John Tierney, publicado na Folha de S. Paulo, caderno ‘The New York Times’, de 27/2/2012.

“Se você combinar este espírito aventureiro e essa curiosidade com a persistência e a noção de que nem tudo gira em torno de você, aí você tem o tipo de criatividade que beneficia a sociedade com um todo”, explica.

Você é o que você é. A sua história é a sua maior diferença”, finalizo então com essa frase de Nizan Guanaes, publicitário (“Júnior”, artigo de sua autoria publicado na Folha de S. Paulo, Mercado, de 8/3/2011).

Tom Simões, jornalista, Santos (SP), Brasil, tomsimoes@hotmail.com,
15 de  maio de 2012

Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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