Quem procura novidade pode achar felicidade. E então, como
nós, os mais velhos, podemos enriquecê-los e nos enriquecer em sua companhia?
NÃO RARAMENTE surpreendo-me com o comportamento de alguns
jovens em especial. Jovens frequentando um templo budista, por exemplo.
Adolescentes com o hábito da leitura. E como é saudável quando alguns deles
gostam da companhia de pessoas mais velhas para conversar abertamente sobre
assuntos pessoais!
Meu amigo mais novo tem 19 anos; com a sua maturidade, ele
chega a ter dificuldade de se relacionar com pessoas da mesma faixa etária.
Eu, 63, tenho grande prazer de estar na companhia de pessoas
jovens. E invisto honestamente nesse tipo de proximidade, buscando o benefício
recíproco. Assim também acontece com o meu relacionamento com pessoas mais
velhas. E para que isso aconteça, por experiência própria digo: em se tratando
de pessoas tímidas, às vezes é preciso que, quando há simpatia, uma delas tome
a iniciativa da aproximação.
Estou convencido de que os jovens gostam e necessitam sim, e
muito, da companhia de pessoas mais velhas, que podem contribuir para o seu
amadurecimento pessoal. Da mesma forma, o interesse e a confiança demonstrados
por um jovem certamente favorecem um processo de renovação e a melhoria da
autoestima do amigo mais velho.
Portanto, há uma troca sempre salutar nesse tipo de
conquista pessoal. Juntam-se sabedoria e juventude; a relação gratificante é
constantemente renovada quando, ao longo do tempo, o respeito e a confiança
selam uma ligação dessa natureza.
E ahe fera! É como um amigo, 34, me trata
ao enviar suas mensagens eletrônicas
Há algo que algumas vezes também me surpreende: na academia
esportiva, ao estar conversando com entusiasmo com um jovem praticante,
perceber outros jovens interessados na nossa conversa. O que não é comum,
provavelmente dá origem a: “O que esses dois têm para conversar tão
entusiasticamente tanto tempo?
Por outro lado, no “Facebook”, tenho o propósito de
compartilhar textos cujo propósito é levar o internauta à autorreflexão e a uma
mudança positiva de comportamento. É
quando aprecio muito vários jovens também se interessando por esse tipo de
conteúdo na mídia eletrônica.
Serginho Groisman, apresentador de
televisão
|
Ah! É bom lembrar: a incorporação natural e adequada do
vocabulário da garotada, sem, diga-se de passagem, “forçação de barra”, é
importante para a concretização de novos relacionamentos, saudáveis e
construtivos, com base nas dúvidas e anseios próprios da juventude de um e na
sabedoria do outro. Há que haver respeito pelo espaço tanto da displicência
peculiar do jovem como dos eventuais saudosismos de quem tem histórias e mais
histórias para contar! Neste particular, é preciso cuidado: muitas pessoas que
têm o hábito de contar histórias e comentar fatos nos mínimos detalhes...
Infelizmente, elas não têm noção de como podem ser cansativas e evitadas e/ou
apenas toleradas por outros, até mesmo familiares.
Abaixo a chatice, a intolerância, o desprezo, a
arrogância... E salve a humildade, a jovialidade, a emoção de compartilhar
desejos, sonhos, medos... do jovem e do maduro, aos quais a vida possibilitou a
conquista de uma sólida amizade.
Tudo isto me lembra algo escrito por Sakyong Mipham em sua
obra “Governe seu mundo“: “Quanto mais participamos da vida, mais temos
energia. Assim nos tornamos realmente mais jovens, pois estamos menos
sobrecarregados, menos fatigados. Quando começamos um novo projeto ou
encontramos um novo amigo, não pensamos: ‘Lá vou eu de novo. Já fiz isso um
milhão de vezes’. Temos uma mente aberta, que está genuína e continuamente
empenhada na ação, desprovida de qualquer tipo de pré-pensamento”.
AJUDA PARA AMADURECER
“Os jovens parecem ter autonomia de vida bem cedo: frequentam
festas nas madrugadas, ingerem bebidas alcoólicas, viajam sem a companhia dos
adultos, residem temporariamente em outros países etc. Os jovens têm vida de
gente grande desde o início da adolescência. Vida social, pelo menos. Mas será
que na vida pessoal eles amadurecem? Temos indícios que não”, revela a
psicóloga Rosely Sayão, no artigo “Maduros até a página dois”, publicado na
Folha de S. Paulo, caderno Equilíbrio, de 20/3/2012.
Depois de conversar com vários jovens de 17 anos, a
psicóloga constatou um ponto interessante para reflexão: os jovens manifestam
dificuldade de dialogar com adultos. “Eles falam com os adultos: expõem suas
polêmicas opiniões a respeito dos assuntos em pauta, têm sempre bons argumentos
para convencer os mais velhos a aceitarem seus pedidos, sabem comunicar o que
querem”, revela Rosely.
Entretanto, escreve a autora, em situações de conflito,
principalmente quando essas envolvem algum aspecto de suas vidas, não sabem
como se comportar, não conseguem enfrentar a situação, perdem toda a segurança
que tentam mostrar que têm. “Os jovens acham que não são levados a sério pelos
adultos nessas circunstâncias. Pode ser que eles tenham razão”.
Para Rosely Sayão, nossos jovens precisam de nós, adultos.
“Precisam de nossa ajuda para amadurecer, para encontrar coragem na busca de
boas soluções para seus problemas, para enfrentar um mundo que começam a
descobrir com seu próprio olhar, para enfrentar as vicissitudes da vida”, diz.
Ela explica então que só seremos boa companhia para eles
nessa jornada se tivermos paciência para dialogar, conflitar, bancar junto a
eles o lugar que logo ocuparão: o de adultos maduros que fazem escolhas e arcam
com as consequências delas.
JOVENS EMPREENDEDORES
http://expocatadores.com.br, grafiteiro
Mundano
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É bom demais ouvir histórias de jovens que fazem a
diferença. Um amigo meu, 37, conta que, na época da faculdade, tinha o hábito,
com uma amiga, de distribuir comida à noite a moradores de rua.
Já Tiago Pimentel, 21 anos, monitor da turma de design
gráfico do projeto social Oi Kabum, no Pelourinho, dá-nos outra lição, através
do artigo “Um novo conceito de sucesso” (www.revistabmais.com, 23/8/2011):
“Quero que meus desejos e realizações aconteçam, mas também o da sociedade em
geral. Quero poder compartilhar minhas conquistas com outras pessoas”.
“Tunando as carroças, o grafiteiro Mundano, 26, espera
aumentar a autoestima dos catadores de material reciclável. ‘Eles são
invisíveis na cidade, então quando grafito o meio de trabalho deles, as pessoas
começam a notá-los, porque a carroça fica chamando a atenção’, diz Mundano”. É
o que relata Luisa Alcantara e Silva em seu artigo “Artista usa cores para
valorizar catadores”, publicado na Folha de S.Paulo, Cotidiano, de 6/5/2012.
Mundano grafita carroças desde 2007.
“Os catadores só tomam buzinada, mas o que seria de São
Paulo sem eles? A cidade precisa reciclar mais, e precisa dar mais valor aos
carroceiros”, diz o jovem empreendedor social. São Paulo recicla menos de 1% de
seu lixo, cita o artigo.
Segundo a jornalista, o artista criou uma página no Catarse
(catarse.me), site de financiamento colaborativo. Mundano se juntou a
organizações como o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Ele também busca parcerias, por exemplo, com óticas, para dar óculos a
catadores que precisem.
“A busca por novidades é um dos traços que mantém você
saudável e feliz, e que com a idade promove o crescimento da personalidade”,
expressa o psiquiatra C. Robert Cloninger, que desenvolveu testes de
personalidade para medir essa característica, no artigo “Quem procura novidade
pode achar felicidade”, de autoria de John Tierney, publicado na Folha de S.
Paulo, caderno ‘The New York Times’, de 27/2/2012.
“Se você combinar este espírito aventureiro e essa
curiosidade com a persistência e a noção de que nem tudo gira em torno de você,
aí você tem o tipo de criatividade que beneficia a sociedade com um todo”,
explica.
“Você é o que você é. A sua história é a sua maior
diferença”, finalizo então com essa frase de Nizan Guanaes, publicitário
(“Júnior”, artigo de sua autoria publicado na Folha de S. Paulo, Mercado, de
8/3/2011).
Tom Simões, jornalista, Santos (SP), Brasil, tomsimoes@hotmail.com,
15 de maio de 2012
15 de maio de 2012
Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli,
navarro98@gmail.com
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