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segunda-feira, 28 de maio de 2012

A CARNE NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Com base na sabedoria de Masaharu Taniguchi,  líder espiritual da filosofia Seicho-No-Ie
Masaharu Taniguchi
Imagem: http://lacosespirituais.wordpress.com
ULTIMAMENTE, talvez influenciado pelo hábito cotidiano da leitura, venho mudando alguns comportamentos. Será que é pela leitura ou porque estou ficando velho?... Bobagem, pois indivíduos de todas as idades podem se conscientizar e mudar hábitos prejudiciais. Como revela a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, em seu artigo “Guia para  incautos”, publicado na Folha de S. Paulo de 20/8/2009, “[...] a melhor maneira de promover nossa atenção, memória e aprendizado é ... usando a atenção e a memória e aprendendo coisas novas”.

É esta a ideia deste meu instrumento: contribuir para tornar a mente e a atitude das pessoas menos convencional. Pois, como gosto de escrever, uma leitura útil pode cumprir a função de despertar o leitor e libertá-lo das velhas formas repetitivas e condicionadas de pensar.

É por isto que, em meus textos, os principais protagonistas são outros autores. Ao trazer para os meus textos o que eles  pensam, estou protegendo  o meu leitor e a mim mesmo do resvalar para o lugar comum e a previsibilidade, pois, para quem busca ser sincero, é difícil não escrever o que  pensa, e não mudamos o nosso pensar com  muita frequência, assim como  é difícil escrever o que se sabe cada vez de uma forma diferente.

Existem pessoas que, mesmo já sendo adeptas de  uma religião e desempenhando assiduamente suas atividades, sentem-se muito bem e felizes ao entrar em  contato com os  ensinamentos de outros caminhos espirituais, como o Budismo, a Seicho-No-Ie, por exemplo. É propósito desse tipo de filosofia fazer com que, através de atos, palavras e pensamentos, possamos tornar este mundo melhor.

“VEGETAIS TAMBÉM TÊM VIDA E É CRUEL COMÊ-LOS”

Em seu artigo “A paz e a alimentação à base de carne”, publicado na revista Seicho-No-Ie Fonte de Luz, de maio de 2012, o autor, Masaharu Taniguchi, revela: “Há quem assim pense que, como os vegetais  também têm vida, comê-los seria uma matança. Entretanto, os vegetais não possuem almas individuais. Eles têm  a ‘alma da espécie’, mas não há, por exemplo, uma alma num grão de arroz. Na espécie de planta chamada arroz, há a ‘alma dessa espécie de planta’, sendo importante que o todo prospere. Não há  alma em cada grão de arroz”.


Então, para conservar a sua espécie, a vida dos vegetais já tem, desde o início, o projeto de uma parte deles ser sacrificada (apesar de ser estranho usar tal termo), explica Taniguchi. “Se num terreno de cerca de 1.000 metros quadrados for possível produzir 40 galões de arroz, quando todo esse arroz cair na terra e germinar, os grãos passarão a disputar adubo e luz  solar e, por fim,  nenhum pé de arroz vingará. Então, só parte do arroz deverá ser semeada em tempo e em intervalos apropriados”.

Mas, explica o líder espiritual, como os vegetais não conseguem semear de acordo com a sua própria semente, precisam da intervenção do  ser humano ou de animais. “Não se limitando ao pé de arroz, todos os vegetais não conseguem se transferir de um lugar para outro e, portanto,  precisam ‘pedir’ aos animais ou aos seres humanos que os levem  a diferentes  locais, pois, enquanto não fizerem essa mudança de forma adequada, não conseguirão se reproduzir. Então eles oferecem aos animais e aos seres humanos  algo para se alimentarem ou apreciarem, como que solicitando o seguinte: ‘Para que nossa espécie prolifere e se conserve, oferecemos uma parte dos frutos ou das sementes como pagamento pelo seu transporte; portanto, leve isso para longe e coma. Em compensação, pedimos para que sempre semeie uma parte delas”.

Observando esse fato, nota-se que o desejo das frutas e cereais é servir de alimento.

CONCLUINDO...

Taniguchi observa que, enquanto não ficar bem claro o  momento  em que se pode considerar um ato cruel, não se chega a uma conclusão correta. “Unhas, barbas e bigodes humanos estão vivos, mas, quando os cortam,  mesmo  entre pessoas  vivas, ninguém sente dor, e isso não é considerado cruel. Portanto, não é também um ato cruel colher verduras ou podar galhos de árvores”.

As árvores, quando são podadas adequadamente, têm melhorada a ventilação dos galhos, vindo a crescer de forma melhor.  As verduras também não possuem alma em cada pé, havendo apenas a ‘vida da espécie’.

NO CASO DE SE ALIMENTAR DE PEIXES

Entretanto, como explica Taniguchi, quando se trata de peixes, a situação muda muito. Na hora de pescar, os peixes fogem com certeza.  Se  eles entrassem voluntariamente  em nossa boca, dizendo “Comam-nos,  por favor”, isso não seria um pecado, pois estariam satisfazendo o livre-arbítrio deles próprios. Contudo, os peixes fogem porque não querem ser mortos; e persegui-los, pescá-los, matá-los e comê-los seria agir sem amor. Por isso, concluiriam que pessoas amorosas não deveriam comer nem mesmo peixes, especialmente por achá-los saborosos, diz o mestre.

Imagem: www.natureba.com.br
“Porém, neste  caso, entra a questão do controle da Natureza. Um peixe desova centenas de milhares de ovos.  Desova essa grande quantidade porque, nesse número, estão incluídos os que serão mortos. Consequentemente, os  nervos que sentem  dor não estão  desenvolvidos nos alevinos, para que não sintam nada ao serem mortos.  E também se  pode admitir a teoria de que, tratando-se de seres isentos de sensibilidade, não seria algo tão cruel cortá-los e matá-los,  mesmo estando vivos. Isso se compreende ao verificar, por exemplo, os nossos cabelos e as nossas unhas”, observa Taniguchi.

O mestre explica que, tratando-se de peixes, deve-se respeitar a  vontade da espécie, permitindo que eles proliferem e,  quando centenas de milhares de alevinos crescerem  até certo ponto  (antes  de terem os nervos desenvolvidos a  ponto de sentirem  dor), pegá-los para comer,  evitando ao máximo pescar os peixes já crescidos,  que sentem dor e medo da  morte.

Por essas razões, consta num dos volumes da coleção “A verdade da vida” algo  que tem o seguinte sentido: “No caso de ser imprescindível ingerir  peixes para suprir a falta de nutrientes, podemos nos alimentar de peixes miúdos, pois,  assim, será menor o grau de crueldade e, em relação aos  nutrientes, tais peixes,  que podem ser ingeridos inteiros  juntamente com os ossos, estariam  suprindo de nutrientes os órgãos internos e também os ossos, de  forma balanceada”.

Para Taniguchi, isso não significa que seja ‘pemitido matar’. “É apenas uma explicação para pessoas que estão convencidas de que não terão  nutrientes suficientes se não se alimentarem de peixes: podem ingeri-los, pois não seria algo tão maldoso, por ser um ato relativamente menos cruel. Contrário a isso, os vegetais, além de não sentirem dor, quando passam a desejar ser comidos, mudam de cor para chamar a atenção dos animais e dos seres humanos. Portanto, alimentar-se deles não é, em absoluto, um ato cruel. Esses vegetais e animais de níves  inferiores não  possuem  almas individuais, havendo apenas a ‘vida da espécie’, e é ela que gera determinado grupo de vidas individuais como sendo um ser vivo da  espécie”.

Aliás, conclui o líder, nem é preciso dizer que o ser  humano deve sentir gratidão em relação a esses sacrifícios, a fim  de vivificar a espécie ao  máximo.

Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, jornalista, Santos (SP), 26 de maio de 2012

Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

2 comentários:

  1. explicação magnifica

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  2. Muito espiritualizada a explicação. Como sugestão ao jornalista. Deveria escrever pelo menos uma vez por mês uma matéria assim. Como refrigerio mental e espiritual. Parabéns.

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