“Construir um relacionamento é como abrir uma poupança no banco: você não pode fazer apenas saques, mas também precisa fazer depósitos”
EM LIVROS, JORNAIS, REVISTAS..., grifo tudo o que me interessa, para utilizar oportunamente como referência em meus textos. Há em mim este desejo de compartilhar a literatura focada na transmissão de ideias e conceitos capazes de motivar o leitor a modificar o seu comportamento no aspecto construtivo; a literatura capaz de inspirar as pessoas a melhorar a sua vida e o mundo. Ainda que escreva para poucos, a esperança de conseguir influenciar alguns leitores traz-me um alento.
O escritor Deepak Chopra, 1946, médico indiano radicado nos Estados Unidos, em sua obra Criando prosperidade, argumenta sobre a lei da doação: “O Universo opera por meio de trocas dinâmicas... dar e receber são diferentes aspectos do fluxo da energia universal. Em nossa própria capacidade de dar tudo aquilo que almejamos encontra-se a chave para atrair a abundância do Universo – o fluxo da energia universal – para as nossas vidas”.
Lendo Uma vida sem limites, gostei especialmente da abordagem de seu autor, Nick Vujicic, sobre um verdadeiro amigo. Ele diz: “Poucas pessoas se dão bem na vida sem o talento para construir relacionamentos baseados na compreensão e confiança mútuas. Todos nós precisamos de alguém para amar, mas também precisamos de amigos, mentores, exemplos de vida a serem seguidos e apoiadores que apostem em nossos sonhos e nos ajudem a realizá-los”.
Nascido em 4 de dezembro de 1982, em Melbourne, Austrália, sem os braços e sem as pernas, em razão de rara síndrome, tetra-amelia (ou focomelia), Nick superou sua deficiência para viver uma vida plena e cheia de realizações, tornando-se um exemplo para todas as pessoas que buscam a verdadeira felicidade.
Para construir um “time dos sonhos” formado por pessoas que apoiem, protejam, auxiliem, defendam seus interesses e torçam por você, revela o autor, primeiro é necessário provar que você é digno dessa confiança, fazendo o mesmo por elas. Seus amigos vão tratá-lo da mesma maneira que você os trata. Se você investir no sucesso deles, apoiá-los, incentivá-los e der a eles sua opinião sincera, pode acreditar que farão a mesma coisa por você. Se não fizerem, siga em frente e encontre gente que queira fazer parte do seu time.
Vujicic comenta que um dos maiores erros que você pode cometer é tentar fazer amigos falando apenas de si: seus medos, suas frustrações e seus gostos. “A verdade é que você faz amigos aprendendo sobre as pessoas, encontrando interesses em comum, construindo laços que propiciem benefícios recíprocos”, diz.
Outro aspecto abordado pelo escritor, para mim um autêntico herói, é que devemos entender que a maioria das pessoas instintivamente age movida pelos próprios interesses, mas, se você lhes mostrar que está interessado nelas e engajado no sucesso delas, farão o mesmo por você.
“Construir um relacionamento é como abrir uma poupança no banco: você não pode fazer apenas saques, mas também precisa fazer depósitos. De vez em quando todos temos de aperfeiçoar nossas habilidades de relacionamento, avaliando nossa maneira de lidar com eles e examinando o que está dando certo e o que não está funcionando”, observa Vujicic.
ANDE EM BOA COMPANHIA
“Se somos arrastados pelas emoções negativas, é provável que escolhamos amigos com os quais possamos nos aconchegar num pequeno mundo de queixas compartilhadas, antipatias compartilhadas, desejos compartilhados. Ao escolher nossas companhias, qual é nossa atitude? Estamos reforçando a cidadela do “eu”? Ou estamos à procura de uma base mais profunda de amizade?”, indaga o escritor Sakyong Mipham em seu livro Governe seu mundo.
Ele cita que colocar as pessoas ao nosso redor em suas posições é como usar jóias. Certas peças destinam-se à cabeça, e outras, aos pulsos. Com alguns amigos, refletimos profundamente, confidenciando nossas preocupações mais íntimas; com outros, apenas jogamos golfe. Há pessoas no trabalho a quem apreciamos muito, mas que nunca convidaríamos para ir à nossa casa.
RESPONSABILIDADE MAIOR DE UMA PARTE
Eva Pierrakos, em O caminho da autotransformação, traz importante reflexão sobre algo que considero fundamental para um relacionamento. É que, na verdade, o ideal é sempre haver alguém mais consciente e sensato para equilibrar qualquer tipo de relação humana. A autora explica: “Quando falo de ser responsável pela pessoa menos desenvolvida, não quero dizer que um ser humano possa carregar o peso das dificuldades reais de outros. As coisas não são assim. O que quero dizer é que as dificuldades de interação num relacionamento em geral não são analisadas em profundidade pelo indivíduo pouco desenvolvido espiritualmente. Ele responsabilizará os outros por sua infelicidade e falta de harmonia numa determinada interação e não é capaz, ou não quer ver o panorama todo. Desse modo, ele não está em condições de eliminar a desarmonia. Somente podem fazer isso os que assumem a responsabilidade de encontrar o distúrbio interior e o efeito mútuo. Daí que a pessoa menos desenvolvida espiritualmente sempre depende da que é mais evoluída”.
Segundo Pierrakos, um relacionamento entre indivíduos em que a destrutividade do menos desenvolvido torna impossíveis o desenvolvimento, a harmonia e os bons sentimentos, ou em que o contato é predominantemente negativo, deve ser rompido. “Como regra, a pessoa mais desenvolvida deve tomar a iniciativa. Se não o fizer, isso indica a existência de alguma fraqueza, de algum medo não reconhecido que precisam ser encarados”, observa.
No entendimento da autora, se um relacionamento é desfeito com base nessa premissa, ou seja, por ser mais destrutivo e causador de sofrimento do que construtivo e harmonioso, a dissolução deve ser feita quando os problemas interiores e as interações mútuas forem plenamente reconhecidos por aquele que toma a iniciativa de romper a ligação. Isto o prevenirá para não formar uma nova relação com correntes e interações subjacentes semelhantes. Significa também que a decisão de romper a relação foi tomada devido ao crescimento, e não como consequência da má vontade, do medo ou da fuga.
UMA CURIOSIDADE
Recentemente foi publicado nos Estados Unidos um livro que tem tudo para se transformar em um “best-seller”: The top five regrets of the dying, algo como “Os cinco principais arrependimentos de pacientes terminais”, um daqueles que ajudam muita gente a mudar sua forma de enxergar a vida. Ele foi escrito por Bronnie Ware, enfermeira especializada em cuidar de pessoas próximas da morte.
Um dos arrependimentos citados na obra, comentada pela doutora Ana Cláudia Arantes, geriatra formada pela Universidade de São Paulo, é “eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos”. “É que nem sempre se têm histórias felizes com a própria família, mas com os amigos, sim. Os amigos são a família escolhida”, acredita a médica. “Ao lado dos amigos nós até vivemos fases difíceis, mas geralmente em uma relação de apoio”, explica.
Para a médica, não há nada de errado em ter uma família que não é legal. “Quase todo mundo tem algum problema na família. Muitas vezes existe muita culpa nessa relação. Por isso, quando tem pouco tempo de vida, muitas vezes o paciente quer preencher a cabeça e o tempo com coisas significativas e especiais, como os momentos com os amigos. Dependendo da doença, existe grande mudança da aparência corporal. Muitos não querem receber visitas e demonstrar fraquezas e fragilidades. Nesse momento, precisam sentir que não vão ser julgados e essa sensação remete aos amigos”, declara.
VIBRAÇÃO DE CONFORTO
Nick Vujicic conta que tem um amigo que se sente tão confortável consigo mesmo, tão em paz e tão entusiasmado com a ideia de desenvolver seus talentos, que simplesmente parece irradiar bons sentimentos. “Adoro ficar perto dele. Todo mundo adora ficar perto dele. Por quê? Porque brilha a partir de dentro. Ele se ama, mas não com aquele amor do tipo “você é tão vaidoso”; esforça-se e batalha assim como você e eu, e se aceita como uma criatura abençoada, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que quer ou espera”, expressa.
Vujicic diz ter certeza de que a gente conhece pessoas que transmitem essa mesma vibração de conforto, assim como é provável que conheça também o tipo oposto de pessoas, cuja amargura e falta de amor-próprio afastam todo mundo. “Se você não se aceitar, isso vai levar não apenas à autodestruição, mas também ao isolamento. Se você não brilha a partir de dentro, talvez seja porque esteja dependendo demais da opinião de outras pessoas para ganhar confiança e se sentir amado. Mas esse é um caminho que só leva à decepção, porque primeiramente você deve se aceitar. A única medida importante da sua beleza e do seu valor como pessoa deve ser aquela que vem de dentro”, complementa o escritor.
Ainda em um dia destes, no clube, eu conversava com o amigo Flávio sobre tudo isto. E me surpreendo com a confiança que ele já deposita em mim, apesar de nos conhecermos há tão pouco tempo... Às vezes, não é preciso muito tempo para despertar uma sólida amizade. Quando ela se efetiva, é porque as pessoas têm os mesmos ideais, gostam dos mesmos assuntos. É quando há uma imensa felicidade cada vez que um encontra o outro. E quando há esse encontro, não existem regras, cada qual age sem a preocupação de ferir ou não o outro: o diálogo está ali, acessível, quando a base é o respeito de um pelo outro.
Entre os amigos, há uma harmonia de espírito, intelecto, desejos e conquistas. Há, principalmente, a satisfação de sentir o outro muito à vontade e confiante ao nosso lado.
Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
Li e gostei. Concordo,
ResponderExcluirWolfgang Aurbach