“A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, pressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento”
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“PELO FATO de o registro na memória humana ser automático e involuntário, as imagens das modelos magérrimas são arquivadas no inconsciente das mulheres sem lhes pedir permissão. Depois, centenas de imagens registradas geram um desastre psíquico, forma-se uma zona de conflito, capaz de gerar autopunição e bloquear o prazer de viver”, escreve o psiquiatra, psicoterapeuta e escritor Augusto Cury em “A ditadura da beleza”.
Segundo o especialista, em sua obra “O código da inteligência”, você pode ter vários inimigos na sociedade, mas saiba que seus piores e mais vorazes inimigos podem ser as ideias e imagens mentais produzidas clandestinamente em sua mente e não administradas pelo seu “Eu”.
“Devemos estar cientes que há milhões de pessoas com anorexia nervosa nas sociedades modernas, morrendo de fome com alimentos sobre a mesa”, relata o escritor. Ele lembra de uma jovem, filha de um fazendeiro, medindo cerca de 1,60 m de altura e pesando menos de trinta quilos. “Se perguntasse a ela porque não comia, dizia enfaticamente que era porque estava obesa. Não ouvia mais ninguém, não acreditava em nenhum médico, psicólogo e psiquiatra.”
Pessoas com anorexia nervosa produzem preconceitos doentios, crenças irracionais e autodestrutivas. “Essa jovem se via obesa, feia, horrível, embora fosse magérrima e tivesse risco de morrer por desnutrição. Não sabia que cada ser humano tem sua beleza em particular”, explica A. Cury.
O outro ponto interessante para Cury é que essa moça era escrava dos estímulos que emanavam do seu psiquismo. “Não os impugnava, não os geria. O trabalho terapêutico foi enorme. Para tratar seu transtorno não bastava dar medicamentos ou usar técnicas psicoterapêuticas. Isso ela havia feito sem sucesso. Tinha de aprender a dar um choque de gestão em seu intelecto.”
O excesso de subjetivismo pode nos fazer perder os parâmetros da realidade, observa o estudioso. Ele conta que milhões de pessoas estão alimentando suas depressões, fobias, anorexias nervosas, bulimias, transtornos obsessivos, pelo excesso de subjetivismo.
“Medicamentos antidepressivos e tranquilizantes são importantes em um tratamento. Sim, quando necessário, mas eles não resolvem o excesso de subjetivismo, apenas o adormecem; não estruturam o Eu como gestor psíquico, apenas o silenciam.”
Apoiando e ampliando o conceito de Augusto Cury, outro autor, Eckhart Tolle, diz o seguinte, em “O poder do silêncio”: “Há muito sofrimento e tristeza quando você acha que cada pensamento que passa por sua cabeça é verdadeiro. Não são as situações que causam infelicidade. São os pensamentos a respeito das situações que deixam você infeliz. As interpretações que você faz, as histórias que conta para si mesmo é que deixam você infeliz”.
VOCÊ PRECISA SE AMAR...
“Você precisa Se amar porque é impossível se sentir bem se não Se ama. Quando se sente mal consigo, bloqueia todo o amor e todo o bem que o Universo reserva para você. Você precisa mudar seu foco e começar a pensar em todas as coisas que são maravilhosas em você. Veja os pontos positivos. Quando se concentra nessas coisas, a “Lei da Atração” mostra mais coisas ótimas sobre você. Você atrai aquilo que pensa”, argumenta Lisa Nichols, citada na obra “O segredo”, de Rhonda Byrne. Para Rhonda, tudo o que entra em sua vida é você quem atrai, por meio das imagens que mantém em sua mente. É o que você está pensando.
Em “Consciência é a resposta”, Robert Happé conta que, quando falamos de mudança, de despertar ou de transformação, estamos, de fato, falando sobre sairmos da escuridão, sairmos da escuridão da negatividade. Quando odiamos alguém, ou a nós mesmos, isso gera um problema para todos. A tragédia de nosso mundo é a densidade e a escuridão criada pelas projeções negativas das mentes de todos. Somos sugados pelos nossos próprios desejos materialistas e, desse modo, ficamos como que presos em areia movediça”.
Michel Schimidt, psicoterapeuta, em seu artigo “Normose – a doença de ser normal”, lembra que todo mundo quer se encaixar num padrão. “Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito ‘normal’ é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se ‘normaliza’, quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, pressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento”.
“Quem espera o quê de nós?”, pergunta o psicoterapeuta. “Quem são esses ditadores de comportamento que ‘exercem’ tanto poder sobre nossas vidas? Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha ‘presença’ através de modelos de comportamento amplamente divulgados”, avalia o especialista.
UM POUCO DE AUTOESTIMA BASTA
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Schimidt orienta: “Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu ‘normal’ e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adiante querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais”.
Esse psicoterapeuta ressalta simpatizar cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para ele, são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. “Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada”.
Numa passagem de “Dharma, o caminho da libertação”, Joseph Goldstein orienta: “Quando não temos consciência, simplesmente agimos a partir dos muitos hábitos do nosso condicionamento. Quando temos consciência, os mesmos impulsos habituais podem surgir, mas então temos a escolha de agir ou não”. Para esse autor, cada um de nós precisa encontrar o que nos faz avançar, em vez do que é apenas habitual ou agradável.
E então, para finalizar, cito o lama Zopa Rinpoche, mestre de meditação tibetana: “Enquanto você não mudar sua mente, sempre haverá um inimigo para lhe fazer mal”.
Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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