terça-feira, 2 de agosto de 2011

MANIAS, QUEM NÃO AS TEM?...

Mania de Limpeza
Imagem: http://benditaseja.wordpress.com
Lavar repetidamente as mãos, benzer-se tantas e tantas vezes, rearrumar objetos insanamente... Eu já experimentei essas duas últimas insanidades. E confesso ter superado tal delírio há cerca de um ano. Delírio, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, significa: convicção errônea baseada em falsas conclusões tiradas dos dados da realidade exterior, mantida por uma pessoa, ainda que a maioria dos membros do seu grupo pense o contrário e possa provar que está certa. A filosofia budista é que me fez entender logicamente o poder da mente e a nossa incapacidade de lidar com as nossas vãs imaginações.

A nossa mente faz muito barulho. “À medida que a percepção se torna mais firme e a concentração mais forte, uma observação cuidadosa começa a proporcionar ‘insights’ mais profundos do mundo e de nós mesmos. Começamos a cortar as histórias que contamos a nós mesmos sobre experiência, vivendo menos nos pensamentos sobre as coisas e cada vez mais na experiência direta do momento”, escreve Joseph Goldstein em “Dharma, o caminho da libertação”. Dando um exemplo, cita o autor, vemos que nossas experiências do passado e do futuro são simplesmente pensamentos do momento e assim nos tornamos menos presos a elas.

Goldstein lembra que Santo Agostinho disse, certa vez: “Se o passado e o futuro realmente existem, onde estão eles?” 

“Notem a diferença entre estar perdido em algum drama mental e reconhecê-lo como apenas pensamento. Com esse reconhecimento, vem um instantâneo senso de libertação, relaxamento e amplitude. E, em vez de julgarmos o fato de que estávamos perdidos, podemos deliciar-nos com a experiência de despertar”, comenta o autor. Ele relata que, muitas vezes, as pessoas entendem mal esse ponto da prática, pois imaginam que a meditação significa nunca ter nenhum pensamento. “O objetivo da prática, porém, não é esse; é estar consciente dos pensamentos em vez de se perder neles. Um dos fundadores do Zen coreano, o grande mestre Chinul, disse: ‘Não tenha medo dos pensamentos. Apenas tenha cuidado para que sua consciência deles não chegue atrasada’. Claro, uma das consequências dessa consciência é que, muitas vezes, vemos esses pensamentos dissolverem-se depressa, precisamente porque não estamos perdidos neles, mas sim alimentando-os sem perceber”.

Por fim, Goldstein argumenta que o entendimento direto dessa diferença entre estar perdido em pensamentos e ter consciência deles tem um impacto significativo em nossas vidas porque, muitas vezes, não estamos simplesmente perdidos em pensamentos, mas também levando-os à prática.
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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