JOSÉ SIMÃO, CRONISTA DA FOLHA. ALGO PARA REFLEXÃO

Imagem: http://nossovinho.com,

“O pensador”, de Rodin: 

estudo de Carlos Botelho

Sou assinante do jornal “Folha de S. Paulo”, e reflito aqui sobre a coluna do humorista José Simão. Lendo “Consciência Emocional”, uma conversa entre Dalai Lama e Paul Ekman, psicólogo americano considerado um dos 100 nomes da psicologia do século XXI, identifiquei-me com o que Ekman expressa sobre o senso do humor, quando pode ser utilizado para ridicularizar. O humor pode ser muito agradável, mas algumas vezes pode sê-lo à custa de outra pessoa.

Escreve o psicólogo: “Eu conheço uma pessoa que escreve críticas literárias para um importante jornal e, se a crítica não for pungente – e essa é uma palavra muito precisa, que significa ‘capaz de ferir’, e é possível escrever de forma a ‘ferir’ o outro -, o jornal pede que ela a reescreva. Recentemente foi feita uma crítica de um filme na qual o crítico foi cruel na escolha das palavras – cruel com inteligência -, e as pessoas gostam de ler esse tipo de coisa. Acho que é ruim para as pessoas ler e apreciar textos tão cruéis; eles alimentam a crueldade no leitor e é terrível para a vítima da crítica. Mas essa jornalista em particular recebe de volta as críticas com a observação que não está incisivo o suficiente.”

Sobre jornais, reservo ainda algo que li na obra “A idade da razão”, escrita por Jean-Paul Sartre em 1945: “Não chegava a dar raiva, tirava simplesmente o gosto de viver enquanto era lido. Mathieu leu: ‘Bombardeio aéreo de Valença’... Milhares de leitores teriam lido o jornal com ódio na garganta, cerrando os punhos e murmurando: ‘Sem-vergonhas, bandidos!’ Mathieu cerrou os punhos e murmurou: ‘Bandidos!’, e se sentiu mais culpado ainda. Se ao menos tivesse descoberto em si uma emoção qualquer, pequena que fosse, bem viva e modesta, consciente de seus limites!... Mas não: sentia-se vazio”.

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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com