QUANDO A GENTE DESPERTA PARA O ASPECTO DA PRÓPRIA RENOVAÇÃO PERMANENTE, não é raro se surpreender, por exemplo, com a leitura de uma obra já lida há cerca de um ano, como esta, “Aprendendo a silenciar a mente”, de Osho. Nesta releitura, grifei vários trechos, prática comum em minhas leituras, que eu não havia sublinhado antes.
“O grande desafio humano é resistir à sedução do repouso, pois nascemos para caminhar e nunca para nos satisfazer com as coisas como estão. A insatisfação é um elemento indispensável para quem, mais do que repetir, deseja criar, inovar, refazer, modificar, aperfeiçoar, aprender sempre, prosseguir, persistir... Ela nos leva a reinventar constantemente nosso olhar sobre o mundo e sobre nós mesmos”. Quem escreve sobre o assunto é o filósofo Mario Sergio Cortella em “Não nascemos prontos! Provocações filosóficas”, que li recentemente.
DEIXAR DE APENAS REPETIR... Segundo o filósofo, assumir esse compromisso é aceitar o desafio de construir uma existência menos confortável, porém ilimitada e infinitamente mais significativa e gratificante.
Cortella cita Guimarães Rosa, que disse: “O animal satisfeito dorme”. Para o filósofo, por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial e na indigência intelectual. “O que Guimarães Rosa tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.
FAÇA ALGO NOVO
“Se você vive uma vida repetitiva, é porque sua mente tem controle demais sobre você. Tente fazer algo novo a cada dia, e a mente terá menos controle sobre você”, escreve Osho, indiano, professor de filosofia, que produziu mais de 600 obras. “Não preste atenção às velhas rotinas: quando a mente disser alguma coisa, responda: Nós estamos fazendo isso há muito tempo. Vamos fazer algo novo”, orienta o indiano.
“Mesmo que sejam pequenas mudanças na forma em que você tem vivido, mesmo que sejam mudanças em sua forma de andar, na forma de falar. Mude, e perceberá que a mente está perdendo o controle sobre você – você está se tornando um pouco mais livre!”, complementa.
NOVOS BRINQUEDOS...
“A única coisa de que você precisa para se sentir especial é de você mesmo”, cita Serdar Ozkan em “A rosa perdida”, que li em novembro de 2010.
“Mas eu não queria entender isso. Estava sempre precisando de algo mais: atenção, elogio, qualquer coisa que me fizesse sentir especial. De certa forma, todos nós desistimos de algo em nós mesmos em busca da aprovação das outras pessoas”, escreve Ozkan.
E então, prossegue o escritor: “Eles me deram muitos brinquedos e agrados. Desviaram a minha atenção durante certo tempo, mas logo me cansei deles. Eles me deram novos brinquedos, mais sedutores, mais caros, mas legais... Talvez, pensei, se os meus brinquedos forem constantemente renovados, e se sempre me derem brinquedos cada vez melhores, eu consiga me distrair pelo resto da vida. Mas não, não é isso que eu quero de verdade”.
Ozkan conta que, para não perder a admiração dos outros, as pessoas sentem-se obrigadas a atender a expectativas. E não percebem que estão vivendo a vida que os outros escolhem para elas, não aquela com que sonham.
AUTOAVALIAÇÃO
“Ninguém muda com facilidade, ainda mais por força de algo que tenha ouvido. Às vezes, algumas palavras levam a um ‘insight’, a uma visão interna, e é esse ‘insight’ que pode ser fator de mudança. Porque, de repente, a pessoa consegue ter um clarão acerca de algo importante que está acontecendo dentro dela mesma”, comenta o psicanalista Flávio Gikovate em “No divã do Gikovate”.
Gikovate acredita mais nesses estados internos do que no poder das palavras nos relacionamentos, a não ser que o outro esteja mesmo muito disposto a nos ouvir e tenha pedido a nossa opinião. Para o psicanalista, quando fazemos uma observação pertinente, sabemos o impacto que provoca.
“E quando temos um ‘insight’ acabamos tendo bons instantes de introspecção. Momentaneamente, podemos ficar mais tristes por tomarmos consciência de nossos erros. Mas depois temos a clara percepção de que novas oportunidades para o futuro estão chegando”, analisa Gikovate.
Imagem: http://aldagrac.wordpress.com |
Gosto especialmente de algo que Osho escreve em “Amor, liberdade e solitude – uma nova visão sobre os relacionamentos”: “Um dia, quando você estiver realmente desperto, você será capaz de amar. Mas então você ficará certo somente do seu amor. E isso é suficiente! Quem se importa? No momento, você deseja usar os outros; quando estiver se sentindo realmente bem-aventurado com você mesmo, não desejará usar ninguém. Você simplesmente desejará compartilhar. Você tem tanto, está transbordando, e desejará alguém com quem compartilhar. E você se sentirá grato por alguém estar disposto a receber. E é isso o que importa!”
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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