segunda-feira, 20 de junho de 2011

“JOVEM FAZ INSTRUMENTOS COM MADEIRA DO LIXO”

Imagem: www.epipoca.uol.com.br
Domingo, 8 de maio de 2011. Em destaque, um grande presente do jornal “Folha de S. Paulo” a leitores comprometidos com boas causas, na primeira página: “A MÚSICA QUE VEIO DO LIXO – Jovem faz instrumentos de móveis descartados”. É de surpreender temas de tal natureza ocupando razoável espaço em primeira página de jornal.

Pegando o gancho, volto a pensar na necessidade de o jornal diário reservar espaços permanentes para noticiar fatos que possam mudar a mente e a atitude das pessoas. Há informação em demasia para ‘revoltar’ o leitor, e raras informações para levá-lo à autorreflexão, contribuindo para reais mudanças positivas de comportamento.

Isto faz lembrar-me de algo que li em 2009 de Hugh Prather (“Não leve a vida tão a sério”), que diz o seguinte: “Todos os dias nos reunimos diante da televisão para ouvir intermináveis reportagens sobre problemas da vizinhança e do mundo, sem sequer nos lembrarmos de procurar alguma solução. Absorver o problema já é o bastante para nos satisfazer – e a mídia sabe muito bem disto”.

Para Prather, noticiários são campeões de audiência porque estão sempre trazendo uma lista de notícias desagradáveis ao vivo para que o espectador possa se preocupar. “Reportagens investigativas que revelam perigos em lugares insuspeitos estimulam nossa ansiedade, que, por sua vez, provoca alterações químicas no organismo – e, assim, o vício da ansiedade se alimenta”.

FATO EXTRAORDINÁRIO

David Rocha, 20, da zona leste de São Paulo, constrói seus instrumentos com madeira do lixo. “As gavetas de um velho guarda-roupa de araucária se uniram ao pedaço de uma mesa de imbuia. Juntas, sob a forma de um violino, agora tocam Beethoven e Bach. Assim, os móveis descartados em um terreno baldio se transformam em música no extremo leste paulistano”, escreve Vanessa Correa na “Folha”.


Vanessa conta que, desde 2009, quando começou a frequentar aulas de luteria (construção e manutenção de instrumentos musicais, com foco, segundo a história, em instrumentos de cordas feitos em madeira), David Rocha busca no lixo a madeira para montar seus próprios instrumentos.

Imagem: www.topnoticias.org
Com a madeira que encontra, David já construiu um alaúde, um cavaquinho, um bandolim, uma rabeca e dois violões. Fábio Vanini, professor da oficina de luteria (mantida pela Fundação Tide Setúbal, no Galpão de Cultura e Cidadania de São Miguel Paulista), disse a Vanessa que o jovem obtém resultados de qualidade muito rápidos para quem está começando. David é hoje monitor da oficina e recebe uma bolsa de R$ 450 da Fundação.

Conta a jornalista que o interesse de David pela música vem desde criança, quando assistia, pela televisão, aos concertos da Sala São Paulo. Aos 16, ele aprendeu a tocar em uma igreja evangélica. “Um dos sonhos do ‘violinista do lixão’ é conhecer a Sala São Paulo, onde tocam as melhores orquestras da cidade. Uma vez, ele foi com a mãe, mas chegaram atrasados e não conseguiram entrar, desabafa”.

Eis um grande exemplo de cidadania de um jornal, que resultou nisto: Heber Sanches, professor de violino da Fundação Bachiana, assistiu ao vídeo de David Rocha, feito pela “Folha”. E então disse à jornalista: “Bacana o som que ele tira do instrumento. E tem muito luthier que adoraria tê-lo como aprendiz”. Empolgado, Heber quer convidá-lo para ter aulas na fundação, finaliza Vanessa Correa.

Por minha conta, arremato então: E tem muito pai com boas condições financeiras que adoraria ter um filho interessado pela boa música. Para estes pais, a compra de um instrumento musical ou de um ingresso para assistir a um concerto na Sala São Paulo seria motivo de grande orgulho.

Quantos jovens conseguem encontrar já nessa fase de vida um verdadeiro significado para a sua existência? E, para dar tempo ao tempo, e quantos idosos?... Certamente, David Rocha já encontrou. E, o que é mais surpreendente, encontrou sem nenhum gasto financeiro, apenas com o seu talento e maturidade.

Jovens incomuns, como David Rocha com seu histórico de vida tão peculiar, são fruto da herança genética ou da herança de existências anteriores?... O que explicaria tais fenômenos?...

 Vídeo: Folha Tv http://youtu.be/_GwazsJhoQo
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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