Um bom exercício. Mantenho um painel, afixado em frente à mesa do computador de minha sala de trabalho, com palavras, de alto significado para mim, que vou acrescentando ao longo dos anos: perseverança, elevação, sabedoria, transformação, tolerância, humildade, coragem, espontaneidade, misericórdia, imaginação criadora, atividade construtiva, solidariedade, consciência, lealdade, paz, intuição, compreensão, gratidão, perdão, paciência, compaixão, justiça, comunhão, doação, liberdade, transcendência, reconciliação, harmonia, bem-aventurança, oportunidade, superação, resiliência, virtude, calma profunda, poder, flexibilidade, constância, luz, aprendizado, sensibilidade, plenitude, bom humor, refúgio, luz, silêncio. Silêncio: esta, acrescentei neste momento.
Vou abordar uma dessas palavras: paciência, com base no budista Geshe Kelsang Gyatso, que diz: “Precisamos cultivar essa virtude mesmo que não tenhamos nenhum interesse pelo desenvolvimento espiritual, porque, sem paciência, ficamos expostos à ansiedade e frustração e dificilmente conseguimos ter relacionamentos harmoniosos”. O venerável Gyatso é guia espiritual da Nova Tradição Kadampa. Ele nasceu no Tibete em 1931 e, em 1982, se tornou cidadão britânico naturalizado
Para o monge, paciência é o oponente da raiva, a mais poderosa destruidora de virtudes. “Vemos, por experiência pessoal, quanto sofrimento nasce da raiva. Ela nos impede de avaliar corretamente uma situação, levando-nos a agir de modo lamentável. Destrói nossa paz mental e perturba todos os que estão ao nosso redor. Até os que normalmente gostam de nós afastam-se ao nos verem enraivecidos”.
Em geral, conduz-nos Geshe Gyatso, a raiva é desencadeada por coisas insignificantes, tais como levar a mal uma crítica, achar um hábito irritante ou não suportar a frustração de expectativas. “Com base nisso, a mente de raiva urde uma elaborada fantasia, exagerando os aspectos desagradáveis da situação e fornecendo racionalizações e justificativas para sentimentos de decepção, ultraje ou mágoa. Então, proferimos injúrias e cometemos ações ruins, que ofendem os outros e transformam uma pequena dificuldade num grande problema”.
Devemos então eliminar a raiva logo que notarmos seu surgimento; caso contrário, ela se converterá rapidamente num terrível incêndio, capaz de consumir todo o nosso mérito, revela o mestre espiritual.
Cada uma das palavras registradas no meu painel tem um grande significado. Como a palavra “paciência”.
Portanto, no menor descuido no trabalho, com algum tipo de preocupação que possa desnortear-me e levar-me a atitudes insensatas, um olhar para o painel me acalma e racionaliza o simples ato de pensar. Foi num desses instantes que desfiz a decisão de tomar uma atitude drástica com uma colega a quem falta um pouco de humildade.
Para cultivar a serenidade, uma sugestão: dê também uma olhada nas imagens especiais da amiga Marilena Rodrigues: www.flickr.com/photos/marilena-rodrigues É de sua autoria a foto que ilustra este artigo. Dá para ter ideia da sua sensível capacidade de captar a beleza universal.
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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