Imagem: http://alfaconnection.net/meio%20ambiente/tormentas.htm |
“Guerras, terremotos, maremotos, enchentes, deslizamentos: nada disso é novo na história da humanidade. Novo é o nosso susto. Dos judeus do Antigo Testamento aos bororós do Mato Grosso, todos sempre acreditaram que, de tempos em tempos, por razões que nos eram inatingíveis, os deuses se enfureciam e mandavam fogo, água, gafanhotos, exércitos inimigos, chuva de enxofre e outras desgraças”, observa Antônio Prata em seu artigo “Viver é perigoso”, publicado na Folha de S.Paulo, Mundo, em 23 de março de 2011.
Para o autor, nós expulsamos os deuses, mas preenchemos o vazio com um antropocentrismo tão autoconfiante quanto ingênuo. “Cremos que, com sismógrafos e exercícios físicos, com boas políticas e baixo teor de gorduras, com os algoritmos corretos e pensamento positivo, estaremos livres de todo o mal.”
Para aqueles que não querem se desesperar e desejam inspiração para continuar adiante de forma serena e construtiva, o monge Geshe Kelsang Gyatso, fundador de cerca de 1.200 Centros Kadampa em todo o mundo, traz-nos lições de sabedoria: “Nos últimos tempos, nosso conhecimento tecnológico cresceu consideravelmente e, como resultado, testemunhamos um notável progresso material, mas não houve um aumento correspondente da felicidade humana. Não há menos sofrimento no mundo de hoje e nem sequer menos problemas. Na verdade, pode-se dizer que os problemas e os perigos que existem hoje são maiores do que nunca”.
Segundo o monge, isso mostra que a causa da felicidade e a solução para os nossos problemas não residem no conhecimento de coisas materiais. “Felicidade e sofrimento são estados mentais e, por isso, suas causas principais não podem ser encontradas fora da mente. Se quisermos ser verdadeiramente felizes e nos livrar do sofrimento, teremos de aprender a controlar nossa mente”.
Conta o monge budista que, quando as coisas dão errado em nossas vidas e nos deparamos com situações difíceis, tendemos a considerar que a situação em si é o problema, mas, na realidade, todos os nossos problemas surgem na mente. Se reagíssemos às situações difíceis com uma mente positiva e serena, elas não seriam problemas para nós. Na verdade, poderíamos até considerá-las como desafios ou oportunidades de crescimento e de desenvolvimento. Problemas surgem somente se reagirmos às dificuldades com um estado mental negativo. Portanto, se quisermos ficar livres de problemas, teremos de transformar nossa mente, orienta Kelsang Gyatso.
SABEDORIA
Em sua obra “Introdução ao Budismo”, Gyatso relata: “Sabedoria não é inteligência comum. Uma pessoa pode ser muito inteligente, mas ter pouca sabedoria. Inventores de armas de destruição em massa, por exemplo, são muito inteligentes do ponto de vista mundano, mas não possuem nenhuma sabedoria”.
Para o monge, certas pessoas têm muitos conhecimentos e dominam completamente complexos assuntos técnicos, mas ignoram por completo como manter a mente serena ou levar uma vida virtuosa. Talvez elas tenham grande capacidade intelectual, mas sua sabedoria é limitada.
“Sabedoria é um tipo especial de compreensão que inspira paz mental ao distinguir com clareza aquilo que é virtuoso e deve ser praticado, daquilo que é não-virtuoso e deve ser evitado”, complementa o sábio.
E então chega Osho com sua sabedoria (“Um pássaro em voo”) e diz: “A vida não pode ser salva pela mente, pelo pensamento, pela lógica, e se você tentar salvá-la pela lógica, você a perderá. A vida só pode ser salva por meio de um salto irracional, por algo que não é intelectual, mas é total”.
_____________
Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Para comentar mais facilmente, ao clicar em “Comentar como – Selecionar Perfil”, selecione NOME/URL. Após fazer a seleção, digite seu NOME e, em URL (preenchimento opcional), coloque o endereço do seu site.