sábado, 19 de fevereiro de 2011

SOBRE A EXPERIÊNCIA DE ENVELHECER DA GERAÇÃO QUE NASCEU ENTRE 1946 E 1964

“Picos de felicidade estão na infância e na velhice” é o artigo de autoria de Iara Biderman, publicado na Folha de S. Paulo, caderno Equilíbrio, de 11/1/2011, que sintetizo abaixo:

“A crise da meia-idade está nas estatísticas. Isso muita gente já imaginava. Difícil é imaginar que quanto mais os anos forem passando, mais feliz você será. E que isso também está estatisticamente provado.

Os números apareceram quando, no final do século 20, um ramo da economia começou a estudar e a medir quantitativamente a felicidade, a partir de pesquisas populacionais.

Seria lógico imaginar que a felicidade é uma linha que começa no alto, nos anos dourados da juventude, e entra em queda contínua na medida em que também caem cabelos, vigor físico, estrógeno e testosterona, entre outros.
Mas não é isso o que as pesquisas mostram. A relação entre felicidade e idade é uma curva em ‘U’: começa alta, atinge o ponto mais baixo na faixa entre 40 e 50 anos e parte para uma linha ascendente na velhice – agora, chamada de terceira idade.

A geração que passa a ocupar o lugar de terceira idade tem a expectativa de passar muitos anos nessa fase da vida. 

Uma característica da faixa que vai dos 46 aos 65 é o caráter da inovação e transgressão. A cada nova etapa da vida (adolescência, vida adulta), essas pessoas mudaram radicalmente o modelo anterior, e isso deve acontecer na fase do ‘envelhecimento’, diz a psicóloga Luna Rodrigues Freitas Silva.

Luna fez sua tese de mestrado em medicina social, na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), sobre a experiência de envelhecer da geração que nasceu entre 1946 e 1964.

‘Está sendo criado um novo modelo para a velhice, que tem a ver com a busca de atividades que tragam satisfação’, diz ela. 

Tempo, dinheiro e desobrigação de constituir família seriam condições ideais para buscar alternativas de atividades e criar novos laços afetivos, eróticos ou não.

Para Luna, querer preservar a juventude para realizar renovações é positivo, mas a obrigação de permanecer jovem e não aceitar a transformação do tempo é complicada e traz sofrimento.

Talvez o maior desafio dessa geração, marcada por ideais de liberdade, seja o de manter a autonomia para fazer tudo isso.”

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