quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Resiliência


Foto: Marilena Rodrigues, http://photopoetica1.zip.net
Ao conhecer recentemente a expressão “resiliência”, simpatizei logo de cara com o seu significado. É que ela tem tudo a ver com o meu jeitão de ser, coisa que herdei de meu pai. Resiliência é a propriedade de retornar à forma original, após se ter sido submetido a uma deformação; a capacidade de se recobrar ou se adaptar a mudanças. Basicamente, é a capacidade de se recuperar, conforme consta em dicionário.
 
Consultei até um segundo dicionário, onde não consta “resiliência”, mas “resilir”: rescindir, escapulir, soltar-se, voltar ao ponto de partida, desfazer...
 
Identifico então o significado de resiliência com duas características importantes da minha vida: a correspondência com a natureza psico-emocional de meu pai e a minha missão através de meu blog, como gerador de ideias que possam contribuir efetivamente para harmonizar a vida das pessoas.
 
Lamentavelmente, e não raramente, apenas quando ficamos mais velhos podemos compreender o que criticávamos em nossos pais. Mais amadurecidos, imaginamos como seria bom tê-los hoje ao lado, se ainda vivessem... Para corrigir eventuais e insensatas distorções da visão como filho e, em tempo, expressar o reconhecimento pela dedicada acolhida e dizer o quanto os amamos...
 
Só não me deixo abalar, ao pensar em que falhei com meu pai, por acreditar que, após a morte, não existe o rompimento, mas a permanência, no plano espiritual, da ligação experimentada no plano terrestre, que tem a ver com os sucessivos renascimentos... Daí a importância do perdão e da elevação espiritual, buscando outro tipo de aproximação: aquela que proporciona a verdadeira paz interior e resulta em surpreendentes experiências que transcendem à compreensão humana. Neste sentido, o desenvolvimento da consciência é vital para o progresso espiritual do seres humanos.
 
Encaixo a personalidade de meu pai no conceito do psicólogo e educador George Souza Barbosa (“Resiliência? O que é isso?, Vox Scientiae, ano 7, número 39, Núcleo José Reis de Divulgação Científica, ECA/USP, 2007) sobre  pessoas resilientes:  aquelas que são capazes de vencer as dificuldades, os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que sejam. “Pode ser desde um desemprego inesperado, a morte de um parente querido, a separação dos pais, a repetência na escola ou uma catástrofe como um tsunami”, declara o psicólogo.   
 
Capacidade de se recompor psico-emocionalmente...
 
George Barbosa conta que está sendo bastante comum ouvir empresas, escolas e a imprensa falar que temos de ser resilientes. Segundo o especialista, particularmente na educação, é possível ter muito mais êxito se na vida houver flexibilidade de se viver ricamente os vínculos e os afetos que nos rodeiam. “A falta de flexibilidade em situações de traumas e sofrimentos é uma das dificuldades para harmonizar um projeto de vida”, revela.
 
George cita Frederic Flach, que cunhou o termo “resiliência”, em 1966, para o âmbito das ciências humanas, querendo dizer que, em face da desintegração psíquico-emocional, uma pessoa necessita descobrir novas formas de lidar com a vida e, dessa experiência, se reorganizar de maneira eficaz.
 
George pesquisou cientificamente a resiliência, que resultou na definição de uma escala de sete fatores: (1) A administração das emoções, descrita como a habilidade de se manter calmo sob pressão. (2) O controle dos impulsos, compreendido como a habilidade de não agir impulsivamente e a capacidade de mediar os impulsos e as emoções. (3) Otimismo, como a habilidade de ter a firme convicção de que as situações irão mudar quando envolvidas em adversidades e de manter a firme esperança de um futuro melhor. (4) A análise do ambiente, descrita como a habilidade de identificar precisamente as causas dos problemas e adversidades. (5) A empatia, revelando a habilidade de ler os estados emocionais e psicológicos de outras pessoas. (6) Autoeficácia, como a convicção de ser eficaz nas ações. (7) Alcançar as pessoas, como a habilidade de se conectar a outras pessoas para viabilizar soluções para as intempéries da vida.
 
Para finalizar, George explica que cada fator constitutivo mensurado com escore “abaixo da média” interpreta-se como uma área sensível da vida. “Quando ocorrem quatro ou mais fatores como escores ‘abaixo da média’, compreende-se a pessoa como em situação de risco. Os sete fatores, selecionados por serem concretos e de possível mensuração, podem ser ensinados e melhorados em programas educativos específicos”, orienta.
 
E agora, vamos desenvolver resiliência?”, propõe o estudioso.

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