segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Prática religiosa, meditação, visão holística... , ou essa poderosa capacidade de se superar

Leio o artigo “O cientista da consciência” (revista “Vida Simples”, out. 2009), escrito por Liane Alves. Trata-se de entrevista com o físico Alan Wallace, que foi monge budista na Índia durante 20 anos. Wallace acaba de lançar o livro “As dimensões escondidas”.

Há trechos especiais no artigo que desejo compartilhar com os meus leitores.

Wallace comanda um verdadeiro exército de neurocientistas, antropólogos, sociólogos e psicólogos no Instituto Santa Bárbara de Estudos da Consciência, na Califórnia, cuja missão principal é analisar os efeitos da meditação nos seres humanos em dezenas de experimentos e numa enorme gama de voluntários - desde quem nunca meditou até monges com milhares de horas dedicadas à prática, relata Liane Alves.


Segundo o físico, nosso lado animal não quer saber de meditar e pode viver perfeitamente bem sem a meditação ou qualquer outra prática espiritual. Mas temos a consciência. É ela que vai se interessar por alguma coisa além da satisfação das necessidades físicas.

Quando as pessoas atingem o nível básico de segurança e felicidade materiais, geralmente vão querer mais do mesmo, diz Wallace. Isto é, se elas têm uma casa, vão querer uma mansão, se têm um carro, vão querer outro, se têm alimento suficiente, vão sofisticá-lo, explica.

Querer mais da mesma coisa para satisfazer nosso lado animal é o que acontece para pessoas sem muita imaginação”.  E então Wallace fala sobre algo que não soa “ilusório” para mim: “Mas, ao experimentar outros níveis de consciência, você se torna muito menos dependente do externo para ser feliz”.

Trata-se de uma opção de vida, de transcender o senso comum e acreditar em algo mais elevado. A crença e a vivência sob o aspecto da consciência elevada e felicidade genuína trazem a responsabilidade, através da prática constante do entendimento, do acolhimento e da realização mútua.

Para Wallace, “Fama, sucesso, beleza e riqueza material diminuem com o tempo de importância de forma absolutamente natural. Outras qualidades emergem: amor, compaixão, satisfação e pacificação internas, as verdadeiras causas da felicidade mais perene”.

Há nisto tudo, talvez, o maior desafio para a elevação espiritual: acolher o que não nos é diretamente conveniente. Experimentar, por exemplo, a superação a partir de novas atitudes supostamente impossíveis: cumprimentar de forma acolhedora o vizinho ou o colega desatentos, rever preconceitos e insatisfações improdutivas, tornar-se menos centrado no “eu” e mais aberto ao solidário (ainda que à custa de renúncias pessoais)... Sair do foco do erro do outro, transformando-se em ser solidário...

Se as pessoas experimentassem mudanças essenciais, desinteressadamente, sem a expectativa de retornos imediatos... Sou otimista neste sentido, não me importando com o que pensam os descrentes e sem imaginação. A disposição para uma mudança radical, em termos de reconhecimento dos limites pessoais e da crença de que “cada um é unicamente responsável por se dedicar desinteressadamente à felicidade do outro” pode transformar a vida de uma pessoa em poucos meses, desde que haja nela vontade de assumir um propósito elevado na vida. Acredito por experiência própria que, havendo disposição, a Providência Divina move-se em nosso favor, através de oportunidades que vão surgindo: pessoas especiais, livros e textos adequados colocados em nossas mãos, conversas oportunas, coincidências e mais coincidências...

Acredito que, uma vez despertada a consciência para o plano da transcendência, não há retorno para a vida comum. Aqueles que buscam a elevação e atingem a serenidade reconhecem esta verdade. Alan Wallace é certamente uma dessas presenças iluminadas com que a vida nos privilegia. Saibamos tirar proveito de suas experiências.

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