terça-feira, 20 de abril de 2010

Pessoas difíceis de conviver...

Foto: Marilena Rodrigues, http://photopoetica1.zip.net
Há sempre alguém ao nosso lado, cuja relação somos obrigados a “administrar”, para evitar maiores aborrecimentos. Trata-se de pessoas muito difíceis, implicantes e inconsequentes, que costumam buscar em outros a razão da sua própria infelicidade. Esse tipo de pessoa não se conscientiza de seu problema, facilmente percebido por qualquer um que dela se aproxime, ainda que pela primeira vez.
 
Há uma expressão popular que diz: “Com essa pessoa, quero morrer em paz”. Porque se o implicante antipatiza com alguém, esse alguém passa a ser visto como eterno opositor, ainda que se trate de uma pessoa pacífica.
 
Entretanto, certamente, há um dia em que uma atitude insensata da pessoa intolerante consegue descontrolar até a mais sensata, compreensiva e espiritualizada pessoa, a ponto de esta declarar: “Não dá mais para suportar, desisto de vez de ‘administrar’ tal criatura”.
 
Ultimamente, tenho pensado sobre a importância de se falar diretamente à pessoa difícil sobre o seu desagradável comportamento. É preciso coragem, mas, se nos imbuirmos de boa intenção, não há o que temer, ainda que a reação do intolerante possa não corresponder com o nosso bom propósito.
 
De qualquer maneira, deve-se lançar a semente, acreditando-se em uma possível reflexão por parte do complicado elemento.
 
Buscar a solução e não o culpado...
 
“Uma pessoa assertiva usa uma linguagem positiva, sem ingredientes agressivos”, escreve Rafael Tonon, em seu artigo “Fim de papo?”, publicado na revista “Vida Simples”, maio 2010. Rafael revela que a pessoa assertiva busca a cooperação do outro para solucionar um conflito entre eles e cuida para não invadir os direitos do outro e para se expressar de forma franca, mas garantindo que o outro vá entender o que ele quer dizer.
 
“O grande segredo para resolver as discórdias é buscar a solução e não o culpado. Você pode compreender a opinião do outro e pensar diferente. Mas isso significa discordar do pensamento do outro e não da pessoa do outro (e muitas vezes interpretamos a discordância como uma não-aceitação)”, observa o autor.
 
Neste particular, Tonon cita Renata Di Nizo, consultora de comunicação: “A partir do momento em que as pessoas falam o que precisam, em vez de apontarem o que está errado com o outro, o entendimento aumenta”. Renata entende que, ao compreendermos a importância do diálogo, assumimos a responsabilidade sobre nossa expressão e sobre nossos relacionamentos.
 
“Nosso bem-estar e nossa felicidade dependem de nós e também das pessoas com as quais nos relacionamos e com o mundo em que vivemos. E o diálogo que estabelecemos com esse mundo e com essas pessoas é imprescindível para nossa qualidade de vida. Quando bem-sucedidos, os diálogos nos trazem o entendimento, a compreensão, a troca e a paz de espírito que tanto buscamos”, ensina Rafael Tonon.
 
Concordo com esse autor, quando diz que, até que esse aprendizado ocorra, há, sim, um grande desafio. Ele busca também inspiração na cientista social Heloisa Pait: “Não é fácil mesmo, estamos aprendendo o que tem sentido e o que não tem. E aí, o que conta... é nosso interesse no outro”.
 
Citando Hugh Prather (“Não leve a vida tão a sério”), “Nossa tendência é pensar que o cerne de um problema é uma situação específica ou nossa relação com uma pessoa, mas a verdadeira dificuldade são as nossas convicções. Não importa a forma que venha a assumir, esta certeza bloqueia a nossa liberdade”.
 
Para Prather, a única regra da vida mais ou menos estabelecida é que, estando relaxados e flexíveis, somos felizes. Sendo rígidos e controladores, somos infelizes. “Portanto, é importante nos desapegarmos de nosso anseio em fazer as pessoas se comportarem à nossa imagem e semelhança”.

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