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Eu conversava ontem com uma colega de trabalho sobre este assunto: “Deus”. Ela falava sobre os seus medos. Argumentava que é preciso não desobedecer às leis Dele, para não ser castigada!
Com uma pessoa querida, também recentemente, eu fazia referência a esse Deus que é lembrado apenas nas horas difíceis. Daí vem Rubem Alves e escreve na Folha de S. Paulo, caderno Cotidiano (“A fisgada da saudade”), de ontem, 8/2/201: “Pois não é quando a vida dói que balbuciamos o nome sagrado, pra ter esperança, pra que a vida doa menos? Quem pode dizer o nome sagrado, acreditando, dorme sem sobressaltos”.
Hoje, ao buscar motivação para escrever mais a respeito, encontrei a síntese que fiz há algum tempo da obra “Amor, liberdade e solitude – uma nova visão sobre os relacionamentos”, de Osho. Nela, o autor aborda Deus de uma forma que se assemelha à minha concepção filosófica.
Osho é um dos mestres espirituais mais conhecidos e provocativos do século XX. Nos anos 1970, chamou a atenção de jovens ocidentais que se interessavam pela meditação e técnicas de transformação pessoal.
Lembra o mestre que Deus criou o ser humano à sua própria imagem. O ser humano precisa se tornar um deus. A menos que o ser humano se torne um deus, não haverá preenchimento, contentamento.
Para Osho, a pessoa que ama a si mesma sente tanto amor e se torna tão bem-aventurada que o amor começa a transbordar, começa a alcançar os outros. Ele precisa alcançar! Se você viver o amor, precisará compartilhá-lo.
Penso então: quem de nós está preparado para entender uma ideia desta natureza? Ou então, está disposto a buscar Deus em si mesmo?...
Mas como você pode se tornar deus?, pergunta Osho. “Seus sacerdotes dizem que você é um pecador, uma perdição, que você inevitavelmente irá para o inferno. E eles o deixam com muito medo de amar a si mesmo”.
Você não se respeita, não se ama. Agora você desperdiça toda a sua vida condenando os outros. É por isso que as pessoas são tão críticas. Elas se criticam, e como podem evitar encontrar as mesmas faltas nos outros? Na verdade, prossegue o mestre, elas as encontrarão e as aumentarão; elas as tornarão tão grandes quanto possível. Essa parece ser a única escapatória para, de alguma maneira, livrar a cara; isso precisa ser feito. Por isso existe tanto criticismo e tanta falta de amor.
DESEJO DE COMPARTILHAR
Para Osho, meditação significa: coloque a mente de lado e observe. O primeiro passo, ame a si mesmo, o ajudará imensamente. Ao amar a si mesmo, você destruirá muito do que a sociedade implantou em você. Você se tornará mais livre da sociedade e de seus condicionamentos.
Segundo o mestre, o corpo está continuamente sendo puxado para baixo e, por isso, finalmente precisará se deitar na cova. Esse será o verdadeiro repouso para ele, pó sobre pó. O corpo retornou à sua fonte, o tumulto cessou; agora não existe conflito. Os átomos de seu corpo terão verdadeiro repouso somente na cova.
A alma se eleva mais e mais alto, revela Osho. À medida que você se torna mais observador, começa a ter asas – então todo o céu é seu. O ser humano é um encontro da terra com o céu, do corpo com a alma.
No momento em que você estiver transbordante de bem-aventurança, um imenso anseio surge em você de compartilhá-la. Esse compartilhar é amor.
A maior experiência da vida é quando você simplesmente dá sem nenhuma condição, sem nenhuma expectativa, nem mesmo de um simples agradecimento, orienta Osho. Pelo contrário, um amor real e autêntico sente-se agradecido à pessoa que aceitou o seu amor. Ela poderia tê-lo rejeitado.
E ENTÃO VEM UMA SURPRESA AINDA MAIOR...
Quando você começa a oferecer o seu amor a alguém, mesmo para estranhos, a questão não é a quem você o está oferecendo, pois a própria alegria de dar é tamanha que ninguém se importa em saber quem está recebendo. Quando esse espaço surge em seu ser, você começa a irradiar amor para todos, e não somente para seres humanos, mas para animais, árvores, para as estrelas mais distantes, pois o amor é algo que pode ser transferido, pelo seu olhar amoroso, para a estrela mais distante. Apenas pelo seu toque, o amor pode ser transferido a uma árvore. Sem dizer uma única palavra..., ele pode ser transmitido em absoluto silêncio. Ele não precisa ser dito, ele declara a si mesmo. Ele tem suas próprias maneiras de alcançar as profundezas, o seu ser.
Diz o mestre: Primeiro esteja repleto de amor e o compartilhar acontece. E então a grande surpresa... Enquanto você dá, começa a receber de fontes desconhecidas, de recantos desconhecidos, de pessoas desconhecidas, das árvores, dos rios, das montanhas. De todos os ângulos da existência, o amor começa a banhá-lo. Quanto mais você dá, mais você obtém. A vida se torna uma pura dança de amor. Eis a sabedoria do grande mestre Osho.
O EU DIVINO
Osho cita Gautama Buda, que costumava dizer: “A função do mestre é a de ajudá-lo a se lembrar quem você é”. Você está perdido no esquecimento, esqueceu-se de que dentro de você Deus está oculto.
Tornar-se um ser humano verdadeiramente completo. Eis o propósito essencial da existência. Como Buda, Jesus Cristo e homens e mulheres santos que atingiram a perfeição. Cada um de nós tem algo de divino que sinaliza a presença de Deus. Havendo consciência e disposição, há de se desenvolverem as necessárias qualidades divinas: entendimento, humildade, generosidade, amor desinteressado, gratidão, flexibilidade, imaginação criadora, misericórdia... , para então se tornar um Mestre, um Sábio, absolutamente integrado ao Deus Universal.
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
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