Concluí recentemente a leitura da obra “Humano, demasiadamente humano”, do filósofo Friedrich Nietzsche. Escrita em 1886, surpreende-me como os escritos de Nietzche são ainda tão atuais. Por achar interessante a sua abordagem sobre ciência, decido compartilhá-la com aqueles que se dedicam à ciência e com outros interessados.
Segundo Nietzsche, a ciência dá muita satisfação a quem nela trabalha e pesquisa, e muito pouca a quem ‘aprende’ seus resultados. “Mas, como aos poucos todas as verdades importantes da ciência têm de se tornar cotidianas e comuns, mesmo essa pouca satisfação desaparece: assim como há tempos deixamos de nos divertir ao aprender a formidável tabuada”, argumenta.
Ora - prossegue o filósofo -, se a ciência proporciona cada vez menos alegria e, lançando suspeita sobre a metafísica, a religião e a arte consoladoras, subtrai cada vez mais alegria, então se empobrece a maior fonte de prazer, a que o homem deve quase toda a humanidade. “Por isso uma cultura superior deve dar ao homem um cérebro duplo, como que duas câmaras cerebrais, uma para perceber a ciência, outra o que não é ciência; uma ao lado da outra, sem se confundirem, separáveis, estanques; isto é uma exigência da saúde. Num domínio a fonte de energia, no outro o regulador: as ilusões, parcialidades, paixões devem ser usadas para aquecer, e mediante o conhecimento científico deve-se evitar as consequências malignas e perigosas de um superaquecimento”.
No entendimento desse grande mestre da sabedoria, se esta exigência de uma cultura superior não for atendida, o curso posterior do desenvolvimento humano pode ser previsto quase com certeza: o interesse pela verdade vai acabar, à medida que garanta menos prazer.
PRAZER NO CONHECIMENTO
Por que o conhecimento, o elemento do pesquisador e do filósofo, está associado ao prazer?, indaga Nietzsche. “Primeiro, e sobretudo, porque com ele nos tornamos conscientes da nossa força, isto é, pela mesma razão por que os exercícios de ginástica são prazerosos mesmo sem espectadores. Em segundo lugar, porque adquirindo conhecimento ultrapassamos antigas concepções e seus representantes, tornamo-nos vitoriosos, ou pelo menos acreditamos sê-lo. Em terceiro lugar, porque um novo conhecimento, por menor que seja, faz com que nos sintamos acima de todos e os únicos a saber corretamente a questão. Esses três motivos para o prazer são os mais importantes; mas existem muitas razões secundárias, conforme a natureza da pessoa cognoscente”.
A CIÊNCIA EXERCITA A CAPACIDADE, NÃO O SABER
Para o filósofo, o valor de praticar com rigor, por algum tempo, uma ciência rigorosa não está propriamente em seus resultados: pois eles sempre serão uma gota ínfima, ante o mar das coisas dignas de saber. “Mas isso produz um aumento de energia, de capacidade dedutiva, de tenacidade; aprende-se a alcançar um fim de modo pertinente. Neste sentido é valioso, em vista de tudo o que se fará depois, ter sido homem de ciência”, conclui.
Segundo Nietzsche, a ciência dá muita satisfação a quem nela trabalha e pesquisa, e muito pouca a quem ‘aprende’ seus resultados. “Mas, como aos poucos todas as verdades importantes da ciência têm de se tornar cotidianas e comuns, mesmo essa pouca satisfação desaparece: assim como há tempos deixamos de nos divertir ao aprender a formidável tabuada”, argumenta.
Ora - prossegue o filósofo -, se a ciência proporciona cada vez menos alegria e, lançando suspeita sobre a metafísica, a religião e a arte consoladoras, subtrai cada vez mais alegria, então se empobrece a maior fonte de prazer, a que o homem deve quase toda a humanidade. “Por isso uma cultura superior deve dar ao homem um cérebro duplo, como que duas câmaras cerebrais, uma para perceber a ciência, outra o que não é ciência; uma ao lado da outra, sem se confundirem, separáveis, estanques; isto é uma exigência da saúde. Num domínio a fonte de energia, no outro o regulador: as ilusões, parcialidades, paixões devem ser usadas para aquecer, e mediante o conhecimento científico deve-se evitar as consequências malignas e perigosas de um superaquecimento”.
No entendimento desse grande mestre da sabedoria, se esta exigência de uma cultura superior não for atendida, o curso posterior do desenvolvimento humano pode ser previsto quase com certeza: o interesse pela verdade vai acabar, à medida que garanta menos prazer.
PRAZER NO CONHECIMENTO
Por que o conhecimento, o elemento do pesquisador e do filósofo, está associado ao prazer?, indaga Nietzsche. “Primeiro, e sobretudo, porque com ele nos tornamos conscientes da nossa força, isto é, pela mesma razão por que os exercícios de ginástica são prazerosos mesmo sem espectadores. Em segundo lugar, porque adquirindo conhecimento ultrapassamos antigas concepções e seus representantes, tornamo-nos vitoriosos, ou pelo menos acreditamos sê-lo. Em terceiro lugar, porque um novo conhecimento, por menor que seja, faz com que nos sintamos acima de todos e os únicos a saber corretamente a questão. Esses três motivos para o prazer são os mais importantes; mas existem muitas razões secundárias, conforme a natureza da pessoa cognoscente”.
A CIÊNCIA EXERCITA A CAPACIDADE, NÃO O SABER
Para o filósofo, o valor de praticar com rigor, por algum tempo, uma ciência rigorosa não está propriamente em seus resultados: pois eles sempre serão uma gota ínfima, ante o mar das coisas dignas de saber. “Mas isso produz um aumento de energia, de capacidade dedutiva, de tenacidade; aprende-se a alcançar um fim de modo pertinente. Neste sentido é valioso, em vista de tudo o que se fará depois, ter sido homem de ciência”, conclui.
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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com
Amigo,excelente tópico.
ResponderExcluirAntonio Carlos, parabéns!!! Que lindo o Blog, fiquei encantanda com as informações e mais ainda quando descobri que é vc quem escreve! Muita paz!!!! Um abraço!! Denise Galvão
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