"De frente para o sol" – Como superar o terror da morte" é um livro de autoria do psiquiatra Irvin D. Yalom, nascido em Washington, em 1931. Ele escreveu também "Quando Nietzsche chorou" e "Mentiras no divã", dentre outras obras. Atualmente, Irvin é professor emérito de Psiquiatria na Universidade de Stanford.
A obra apresenta o que o psiquiatra aprendeu sobre a superação do terror da morte a partir de sua própria experiência, de seu trabalho com pacientes e dos pensamentos dos escritores que influenciaram o seu trabalho. Para Irvin, seus pacientes o honraram com seus medos mais profundos, dando-lhe permissão para usar suas histórias.
A obra apresenta o que o psiquiatra aprendeu sobre a superação do terror da morte a partir de sua própria experiência, de seu trabalho com pacientes e dos pensamentos dos escritores que influenciaram o seu trabalho. Para Irvin, seus pacientes o honraram com seus medos mais profundos, dando-lhe permissão para usar suas histórias.
Trata-se de um livro que eu sugiro a leitura principalmente - além de para pessoas que sentem medo apenas em pronunciar a palavra "morte" e evitam a discussão do assunto - a pessoas que perderam recentemente entes queridos ou se preparam para perdê-los por ocasião de uma doença. Certamente a leitura e reflexão sobre a sabedoria do psiquiatra proporcionarão um eficaz abrandamento do sofrimento da família e uma lucidez para enfrentar racional e produtivamente o fim da vida.
Segundo a sinopse da obra, por trás das nossas angústias, que muitas vezes atribuímos aos desafios do cotidiano, vive, na verdade, ameaçador e silencioso, o fantasma da morte. Embora as religiões cumpram, desde o início dos tempos, o papel de nos oferecer uma resposta frente ao fim, incompreensível, da nossa existência, todas as nossas construções sobre a morte são imaginárias. A morte está sempre no terreno da incerteza, do desconhecido.
A morte, o sono sem sonhos, não deve ser temida nem transformada em um pesadelo que nos acompanha como uma sombra. De certa forma, somos todos imortais, uma vez que algo de nós se transmite aos que nos rodeiam e aos nossos herdeiros por meio do que Yalom chama de "propagação".
Diante da riqueza da obra, decidi sintetizá-la em vários artigos. De qualquer maneira, a série de artigos não descarta, absolutamente, a leitura integral do livro de Irvin Yalom, considerado por mim obrigatório, algo como uma espécie de terapia.
Sobre esta coisa da propagação, Irvin fala sobre o papel de cada um de nós para a nossa família e os nossos amigos, bem como para todos os seres humanos que temos oportunidade de contatar ao longo de nossa vida. Passamos, por exemplo, propagações para os pais, os filhos e os netos, que, por sua vez, passam propagações às suas futuras gerações.
Eis uma síntese da abordagem que o psiquiatra Irvin faz sobre "propagação".
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Propagação se refere ao fato de que cada um de nós cria – muitas vezes sem conhecimento ou intenção consciente – círculos concêntricos de influência que podem afetar terceiros por anos, até mesmo por gerações. Ou seja, o efeito que temos sobre outras pessoas é, por sua vez, passado para outras, como as marolas em uma lagoa avançam, e avançam, até não serem mais visíveis, embora continuem em um plano microscópico. A idéia de que podemos deixar um legado, mesmo para além do nosso conhecimento, oferece uma resposta poderosa àqueles que acreditam que a ausência de significado inevitavelmente deriva da finitude e da transitoriedade de cada um de nós.
Propagação não significa necessariamente deixar como legado a imagem ou o nome. Tentativas de preservar a identidade pessoal são sempre inúteis. A transitoriedade é eterna. Propagação, como eu me refiro a ela, quer dizer, em vez disso, deixar para trás algo de sua experiência de vida; uma peculiaridade; um pouco de sabedoria, orientação, virtude, conforto deixado a terceiros, conscientemente ou não".
Para o psiquiatra Irvin, talvez a morte não seja exatamente a aniquilação que se imagina. Talvez não seja tão essencial que a pessoa ou mesmo memórias dela sobrevivam. Talvez o importante seja que as propagações persistam, propagações de um ato ou de uma idéia que ajudam outras pessoas a alcançar felicidade e virtude na vida, propagações que as enchem de orgulho e que as levam a agir para combater a imoralidade, o horror e a violência.
A idéia de propagação – da existência contínua através dos atos de generosidade, auxílio e amor que as pessoas passam adiante para os outros - atenua enormemente o medo da morte, escreve o autor. Para ele, a propagação diminui a dor da transitoriedade, lembrando-nos de que alguma coisa de cada um de nós persiste, mesmo que nos seja desconhecida ou imperceptível.
... "Exemplos de propagação são numerosos e bastante conhecidos. Quem nunca experimentou satisfação ao descobrir que foi, direta ou indiretamente, importante para outra pessoa?
De fato, meu desejo de ser útil aos outros é, em primeiro lugar, o que me mantém digitando em meu teclado bem depois da hora de costume".
Irvin revela que dá muito prazer a alguém saber que sua experiência pode de alguma maneira beneficiar outras pessoas, ainda que desconhecidas para esse alguém.
O papel da gratidão
Amigos podem agradecer a alguém pelo que essa pessoa fez ou significou. Mas simples agradecimentos não é o caso. A mensagem verdadeiramente efetiva é: ‘Eu incorporei algo de você em mim. Isso me mudou e enriqueceu, e vou passá-lo para outras pessoas’.
Muitas vezes, a gratidão pelo modo como uma pessoa propagou sua influência para o mundo não é expressa quando ela ainda está viva, mas apenas em um tributo póstumo.
Pense em alguém ainda vivo por quem você tenha uma grande gratidão nunca expressa. Passe dez minutos escrevendo à pessoa uma carta de agradecimento. Depois visite a pessoa e leia a carta em voz alta."
Assim, conforme menciona Irvin Yalom, a crença de que podemos continuar existindo, não em nossa personalidade individual, mas através de valores e ações que se propagam pelas gerações seguintes, pode ser um consolo poderoso para qualquer um que esteja angustiado sobre sua mortalidade.
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