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“Não é de hoje que os psicólogos estudam a comunicação não verbal – os tons vocais e as expressões faciais. Nos últimos anos, porém, alguns pesquisadores têm estudado um tipo de comunicação não verbal diferente, em muitos casos mais sutil: o contato físico. Eles afirmam que toques momentâneos – uma mão no ombro, um leve toque no braço, um ‘high five’ exuberante (um gesto animador de bater a mão espalmada na mão da outra pessoa) – podem transmitir uma gama ainda maior de emoções que os gestos ou expressões, e às vezes de modo mais rápido e preciso que as palavras”. Este assunto é abordado por Benedict Carey, em seu artigo “O poder do toque como linguagem”, publicado na Folha de S.Paulo, caderno “The New York Times”, de 8 de março de 2010).
Há algum tempo incorporei conscientemente o hábito do toque. E não apenas com pessoas conhecidas, o que já é comum. Ainda hoje mesmo, ao cruzar com um rapaz tocando o interfone do edifício onde moro para entregar comida, sorri para ele e toquei o seu ombro, manifestando certa acolhida.
Não raramente, há até quem se surpreenda com atitudes desta natureza. É lamentável que trabalhadores de algumas áreas passem frequentemente despercebidos em seus próprios locais de trabalho. É o caso, por exemplo, do pessoal de serviços terceirizados que cuida da conservação de prédios comerciais e do pessoal que trabalha em obras. Eu noto que sempre que cumprimento gentilmente algumas dessas pessoas elas se surpreendem, ficam inicialmente acanhadas e depois, relaxadas, sorriem. São indivíduos que se acostumaram com a invisibilidade; cruzam os outros com a cabeça baixa. Quem já observou essa triste realidade?
Querem saber? Eu faço questão, quando há oportunidade, de cumprimentar pessoas encabuladas. E, não raramente, toco em seu braço ou em seu ombro, sorrindo e pronunciando algo sincero, demonstrando o meu acolhimento, o que me deixa feliz. Na verdade, eu não sei o que uma circunstância dessa natureza propicia em termos da troca de bons fluidos, mas que ocorre uma sensação de conforto entre as partes, eu não tenho dúvida.
Reação química
“Se um ‘high five’ ou gesto equivalente é capaz de favorecer a performance, talvez seja porque reduz a tensão. O toque caloroso parece liberar oxitocina, hormônio que ajuda a gerar uma sensação de confiança e a reduzir o cortisol, hormônio do estresse”, relata Benedict Carey.
O articulista diz também que as áreas pré-frontais do cérebro, que ajudam as pessoas a regular a emoção, podem se descontrair, com isso libertando-as para resolver problemas. O corpo interpreta o toque de apoio como ‘vou dividir essa carga com você’.
Segundo escreve Carey, acumulam-se evidências de que o toque pode levar a mudanças no pensamento e comportamento das pessoas.
“Estudos revelam que alunos que recebem, nas costas ou nos braços, um toque de apoio de um professor, manifestam quase duas vezes mais probabilidade de colaborar voluntariamente em sala de aula. Um toque empático de um médico deixa os pacientes com a impressão de que a consulta levou o dobro do tempo, em comparação com as estimativas de pessoas que não foram tocadas”.
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