domingo, 16 de agosto de 2009

Herbert Vianna, cantor: coisas que mexem com a sensibilidade

Oito anos depois do acidente de ultraleve que o deixou paraplégico e matou sua mulher, a jornalista inglesa Lucy Needham Vianna, o líder dos ‘Paralamas do Sucesso’ está começando com a banda a turnê de divulgação do CD ‘Brasil Afora’. Herbert dá entrevista a Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo, Ilustrada, 14 de junho). 

Segundo Mônica, a turnê prevê cerca de 180 apresentações, em pelo menos dois anos, período em que Herbert, 48, ficará menos com os filhos: Luca, 16, Hope, 12, e Phoebe, 9. Ele mora com os três e com sua mãe, Teresa, que o ajuda a cuidar das crianças.


“O que sempre tive de mais precioso é a convivência com meus filhos”. O cantor conta à jornalista que a ligação se intensificou após o acidente, um episódio ainda nebuloso na mente dele – uma das sequelas foi a perda de memória recente. Herbert tem boa memória de tudo o que conheceu antes do acidente. No início da recuperação, ainda no hospital, as garotas Hope e Phoebe foram visitá-lo e ele não reconheceu a caçula: perguntou a sua mãe se ela era amiguinha da sua filha do meio, conta a jornalista.

“Hoje, Herbert vê nas meninas ‘uma janela de energia maternal’, pelo cuidado que lhe dispensam ‘nas trocas das peças da sua cama, horários de alimentação... Os dias na casa em que moram, na Barra da Tijuca, terminam sempre com uma Ave-Maria puxada por Hope”, narra Mônica. 


“Antes de dormir, damos as mãos e rezamos. É muito natural e luminoso o carinho e o entusiasmo dos meus filhos. Eles lidam bem melhor do que eu com a perda de Lucy”, revela o cantor. Num dia desses, ele levou os filhos a João Pessoa, sua cidade natal. Mostrou as praias e uma sorveteria ‘antiga do centro velho’. “Eles experimentaram sabores da Paraíba: cajá, mangaba, o clima, a temperatura do mar”, disse. Dias depois, Hope pediu: “Pai, vamos menos para a Inglaterra e mais para a Paraíba?”, revela o cantor a Mônica Bergamo.

O roqueiro diz à jornalista que sexo, “para ser cem por cento honesto”, não lhe faz falta. “Não sinto uma energia de libido explosiva. A minha vida sexual com a Lucy foi absolutamente linda, poética, maravilhosa mesmo. Eu não sinto aquele ‘drive tarado’. A energia foi canalizada para a música”. 


Herbert diz que tem instrumentos em todos os lugares da casa, no jardim, em todos os cantos onde passa algum tempo. Nas viagens, leva um sistema portátil com dois microamplificadores, uma minibateria eletrônica e uma guitarra. “Fico tocando e viajando.”


Quando seleciono um artigo como esse, penso na importância de o texto de Mônica Bergamo, por exemplo, não ficar condicionado apenas aos leitores da Folha, mas atingir também outros leitores. Herbert Vianna é uma daquelas pessoas especiais, que está na vitrine da vida para mostrar o que é essencial na condição humana e também que é preciso acreditar em algo além: “de mãos dadas com os filhos, recitando a Ave-Maria...”. Ele é de fato uma inspiração para todos nós.

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