sexta-feira, 13 de março de 2009

Dalai-lama: há 50 anos vive exilado na Índia

Condensação de artigo de Raul Juste Lores

Tenzin Gyatso, reconhecido como o 14º dalai-lama desde 1937, líder máximo do Tibete, há 50 anos vive no exílio, na Índia. 

No artigo “Dalai distorcido”, a Folha de S.Paulo (Mais!) de 8 de março de 2009 aborda o assunto, em entrevista à escritora e poeta Tsering Woeser, 42, considerada a mais influente intelectual tibetana, que não sabe escrever em tibetano. É que nos anos 1960 e 1970, o idioma foi proibido nas salas de aula pelo governo chinês. Foi assim que Woeser foi educada em mandarim, escreve Raul Juste Lores, autor do artigo, em Pequim.


Há 50 anos o Tibete foi ocupado pela China. A propaganda chinesa diz que os tibetanos agradecem por terem sido libertados de um regime escravocrata pela China. Porém, para a escritora Woeser, a maioria dos chineses acredita na versão oficial. “Nos ensinavam que o dalai-lama era o demônio em pessoa e ensinam isto até hoje. A história do Tibete foi reescrita, distorcida, como se tivéssemos que agradecer à China por nos ocupar”. 


Para a escritora, o Tibete não era um paraíso, não era perfeito, antes da invasão chinesa. Era pobre, muito pobre, uma região despovoada no alto do Himalaia. A China também era pobre. Sim, havia atraso, como em muitas outras partes em 1949. Hoje, 60 anos depois, o Tibete continua pobre.


Woeser conta que o Tibete nunca foi uma democracia, “passamos de uma teocracia para o regime comunista chinês. Mas nós somos budistas, acreditamos na harmonia budista, então o povo era mais feliz. Ninguém nos perguntou se queríamos ser ‘libertados’ pelos chineses. Não éramos esse regime atrasado que os chineses pintam. Fomos um dos primeiros países a abolir a pena de morte”.

Verdadeira história

Woeser é de uma geração que usa o chinês para atingir um público maior e contar a verdadeira história. Segundo o artigo de Raul Lores, há pelo menos 300 blogueiros tibetanos desmentindo a versão de Pequim. Woeser instalou seu blog em um servidor no exterior, depois de ter dois blogs bloqueados. Seus livros são proibidos na China e foram editados em Taiwan e em Hong Kong. 


Na obra “Memória Proibida, a Revolução Cultural no Tibete”, Woeser publica 300 fotos feitas por sua família que mostram a destruição de mais de mil mosteiros budistas pelas tropas chinesas e as torturas infligidas contra monges entre 1966 e 1975.


Seu blog Tibete Invisível (http://woeser.middle-way.net/) foi visitado por 3 milhões de internautas no ano passado, quando o noticiário sobre os protestos no Tibete foi controlado pela mídia estatal chinesa. Dois de seus livros foram traduzidos para o inglês. 


O tibetano foi proibido durante a Revolução Cultural, mas hoje pode-se estudar tibetano ou mandarim. O problema é que, se você não aprender mandarim, não consegue achar emprego, diz a escritora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para comentar mais facilmente, ao clicar em “Comentar como – Selecionar Perfil”, selecione NOME/URL. Após fazer a seleção, digite seu NOME e, em URL (preenchimento opcional), coloque o endereço do seu site.